por Luiz Cesar Pimentel
Ele é o responsável por seis dos mais influentes discos do rock alternativo dos anos 90. Mesmo assim não consegue fugir de comparações. “Eu amo o Velvet Underground, mas essa coisa de nos compararem sempre a eles já cansou”, diz Dean Wareham, líder do Luna, que no dia 18 faz o primeiro show da turnê brasileira, em São Paulo.
Formado em 92 por Wareham – que nos anos 80 esteve à frente do Galaxie 500, outro grupo importante do underground norte-americano–, o Luna conseguiu manter sua personalidade em 10 anos de carreira fugindo do óbvio e mostrando um competente rock de melodias e letras elaboradas.
Após uma série de tentativas frustradas, por causa do congestionamento das linhas telefônicas de Nova York, conseguimos bater um papo de meia-hora com o vocalista e guitarrista. “As coisas estão muito estranhas por aqui. Muito estranhas. E o tempo está lindo nestes últimos dias, realmente lindo.”
Vamos começar com a questão inevitável: como é ter o som sempre comparado ao Velvet Underground? (o Luna foi a banda de abertura na turnê que reuniu o Velvet em sua formação original)
Sinceramente, eu não sei… Não ligo. Mas pra falar a verdade, estou meio cansado dessa comparação. Eu não acho que o som seja tão parecido, apesar de que, no fundo, nós somos mais parecidos com o Velvet Underground do que com o AC/DC. O que importa pra mim é que eu amo a banda.
E quais bandas você acha que influenciaram o Luna?
Acho que principalmente as bandas da época da explosão do punk rock no final dos anos 70, Ramones, Suicide, Television, Blondie. E um pouco mais pra frente Joy Division, Buzzcocks…
O Buzzcocks tocou recentemente aqui, em julho…
Sério? Eles são muito bons.
A propósito, você conversou com integrantes de outras bandas que tocaram aqui pra pegar informações sobre como é fazer uma turnê no Brasil?
Não, não conversei. Só espero me divertir por aí.
O que você anda ouvindo atualmente?
Uma das bandas favoritas no momento é “The Only One’s”, um conjunto britânico. Mas a banda que mais ouço atualmente é The Flaming Lips.
E os Strokes? Todos estão falando sobre eles agora.
Sim, eu gosto deles. Eu vi um show dos Strokes há alguns meses no Ballroom, aqui em Nova York. E eles têm um baterista brasileiro. Mas é ridículo afirmar que eles são a salvação do rock ou algo assim.
E o que anda lendo?
Estou lendo “American Pastoral”, de Phillip Roth, sobre um atentado terrorista a uma agência de correio, onde uma pessoa morre…
Não dá pra não criar um paralelo com o que acaba de acontecer nos Estados Unidos. A propósito, você mora perto de onde foi o atentado?
Sim, moro no Village. As coisas estão muito estranhas por aqui. Muito estranhas. Não há tráfego nas ruas, a não ser dos carros de polícia e bombeiros. Tudo está fechado abaixo da Rua 14. E o tempo está lindo nestes últimos dias, realmente lindo.
Você é neo-zelandês, não?
Sim.
Desde quando você mora aí em Nova York?
Desde 1977.
Apesar de ter músicos de diferentes origens, o Luna geralmente é apontado como a continuação do Galaxie 500. Como você fez parte do Galaxie 500, como você vê isso? Acha que realmente é uma continuação?
O único ponto em comum é que eu tocava no Galaxie 500. Dessa forma, o som acaba tendo algumas pontos em comum, claro. Galaxie 500 era uma boa banda. Quer dizer, gosto de algumas coisas, de outras não gosto.
E qual é seu disco preferido do Galaxie 500?
O primeiro, “Today”.
E pode dar uma prévia do set list dos shows no Brasil? Músicas que não podem faltar?
Vamos ver… “23 Minutes in Brussels”, “Bonnie and Clyde”, “Lost in Space”, “Sideshow by the Seashore”, “Tiger Lily”, “4th of July”. Bom, vai ser bastante parecido com o que está no “Luna Live”.
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