Primavera Sound 2011: Dia 1
Começou o Primavera Sound! Na verdade, o festival começou já faz umas duas semanas com dezenas de shows em lugares pequenos da cidade, mas pra valer, com 10 palcos e um punhado de atrações, a festa começou na quinta. O aumento de 20% de entradas parece ter abalado a organização do Primavera. Filas enormes para retirar pulseira e recarregar o cartão com dinheiro para comprar comida e bebida marcaram as primeiras horas do festival. E eles não perderam tempo: liberaram no mesmo dia para que se pudesse consumir pagando em cash e vambora.
Uma das apostas da organização do evento, o quarteto Sonny and The Sunsets – comandado pelo ótimo Sonny Smith – fez uma boa apresentação no palco Llevant, que fica no quinto do infernos do festival. Haja pernas. De lá para o anfiteatro do Parc Del Fórum, um prédio estranho desenhado pelos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, parece um dia de viagem (exagero, claro, mas só para você ter uma ideia: é longe pacas).
E foi ali no anfiteatro lotado que Sufjan Stevens fez uma apresentação irretocável, estranha, galáctica. O músico – de asas de anjo – chegou se apresentando e entregando o mote da noite. “Eu sou Sufjan Stevens e toco folk, mas esta noite vou tocar pop cósmico. Espero que vocês entrem na minha nave espacial”, mandou o norte-americano em um ótimo espanhol. A produção espetacular era de fazer o queixo bater no chão três vezes. A música, por sua vez, era algo de tribal, eletrônico, lembrava Radiohead e ao mesmo tempo Paul Simon e Lady Gaga. Uma frase de Sufjvan ficou ecoando durante um tempo na cabeça: “A dor é bonita quando você sofre para crescer”.
O clima de amor do show de Sufjvan ficou de lado quando Nick Cave adentrou o palco principal de guitarra em punho com o Grinderman. Quando alguém disser para você que rock and roll é coisa do mal só pode ser do Grinderman que ele está se referindo. Nick Cave declama, teatraliza, joga guitarra no chão, o microfone, canta de mãos dadas com o público enquanto Warren Ellis e compania fazem o inferno atrás. A nuvem de riffs passa cortando a noite, mesmo com as guitarras em um volume mais baixo que o usual. Show da noite (agora imagina se eles tivessem com o som perfeito?)
No pequeno e aconchegante palco Jagermeister Vice, os argentinos do El Mato A Un Policia Motorizado fizeram uma apresentação empolgante para um público empolgado. E abrindo caminho para o fim do primeiro dia (ao menos para nós), Flaming Lips no palco principal. Wayne Coyne padece de carência e o show reúne momentos de anticlímax com passagens absurdamente sensacionais. O vocalista fala muito, mas a versão semi acústica de “Yoshimi Battles the Pink Robots” foi daquelas coisas de fazer a alma chorar. Coyne fala muito, mas quando canta garante um bom show.
Para o segundo dia do festival, muita coisa boa para ver. Tem Belle and Sebastian, Fiery Furnaces, National, Deerhunter, Explosions In The Sky e mais umas 50 atrações. Sobretudo tem Pulp, o primeiro show da volta. Que venha Jarvis Cocker.
Top 5 Dia 1:
01) Grinderman
02) Sufvan Stevens
03) Flaming Lips
04) El Mato A Un Policia Motorizado
05) Sonny and The Sunsets
Fotos: http://www.flickr.com/photos/maccosta
Leia também
– Os destaques dia a dia do Primavera Sound 2010 (aqui)
– Os destaques dia a dia do Primavera Sound 2011 (aqui)
– Os destaques dia a dia do Primavera Sound 2012 (aqui)
Todas as fotos por Marcelo Costa (exceto Grinderman, por Dani Canto / Divulgação Primavera Sound Festival)
maio 27, 2011 No Comments
Um porre de Voll-Damm
Hora de organizar o caos: Barcelona ferve. Os relógios marcam 30 e tantos graus, mas o vento do Mediterrâneo é uma benção. Chegamos com mala, cuia e cervejas no apartamento na quarta à noite. A janela do quarto tem vista para o Mercado de La Boqueria, mas nem quisemos aproveitar a vista e o local: saímos em disparada para o Poble Espanyol, local que receberia na mesma quarta o Echo and The Bunnymen (tocando os dois primeiros discos) e o Caribou, mas quem diz que conseguimos entrar.
A fila para retirada de pulseiras era imensa e uma hora antes do show do Echo o Poble já estava completamente tomado. Para não perder viagem, ficamos na fila admirando o Pavilion Mies de Van de Rohe e, depois, com pulseiras em punho, subimos até o Museu Nacional de Arte da Catalunha para observar Barcelona do alto. Já que não tinha show, decidimos por cerveja, e o porre de Voll Damn, melhor cerveza strong lager do mundo em 2007 pelo World Beer Awards , bateu forte. Não se brinca com 7,2% de graduação alcoólica…
O porre na quina-feira foi inevitável. Até o corpo e restabelecer foi quase toda manhã, mas consegui não perder o bonde para que passou pela minha loja predileta de CDs de Barcelona (a Revolver Records, na Carrer dels Tallers, 11, travessa das Ramblas, um paraíso de bootlegs sensacionais) e depois seguiu Passeio da Grácia acima em direção ao Quarteto da Discórdia (com três prédios sensacionais um ao lado do outro – incluindo a Casa Batlô, de Gaudi) e, mais acima, na Casa Mila, a La Pedrera, outro Gaudi de tirar o folego. Almoçamos (bem) aos pés da Sagrada Família.
Neste primeiro dia de cidade não deu para perceber o caos das manifestações na cidade. Muita gente permanece acampada na Praça da Catalunha, e o grande burburinho na cidade tem relação com um possível título do Barcelona na Champions, sábado. Historicamente, a torcida comemora os títulos do clube na Praça da Catalunha, mas a polícia decidiu montar o telão no Arco do Triunfo tentando evitar um confronto entre torcedores e manifestantes. O clima promete esquentar se o Barcelona ganhar…
Ps. Você já deve ter lido isso várias vezes aqui, mas preciso repitir: eu amo Barcelona
maio 27, 2011 No Comments