por João Pedro Ramos
Quem diria que os sons precários dos jogos de videogame de 8 bits como o Nintendo e o Master System gerariam um gênero musical? É o Nintendocore, misturando punk hardcore, metal e screamo com sintetizadores e chiptunes turbinados.
As bandas do chamado Nintendocore variam muito em estilo. A Horse the Band, por exemplo, combina metalcore, metal pesado, thrash metal, e post-hardcore com passagens post-rock, enquanto o Math the Band inclui estilos como electro e dance-punk. O Minibosses usa riffs inspirados em Kyuss e heavy metal, e por aí vai. O que as une: todos os grupos Nintendocore usam sons de jogos da Nintendo, seja os imitando com instrumentos ou sampleando os próprios games.
O termo Nintendocore foi iniciado pelo grupo de metalcore Horse the Band, como uma brincadeira. A banda já lançou cinco álbuns de estúdio neste estilo, começando com “Secret Rhythm of the Universe” (2000).
Outro pioneiro do Nintendocore é The Advantage, que recebeu elogios até do New York Times como um dos grupos que trouxe a música de vídeo game para os holofotes da música mainstream. A banda é instrumental e formada por dois alunos da Nevada Union High School. Eles tocam versões cover de rock dos jogos de videogame como Castlevania.
O Minibosses também é instrumental e aposta nos covers, incluindo Contra, Double Dragon, Excitebike, entre outros. Além delas, a banda também produziu trabalhos originais e autorais.
Outras bandas conhecidas para representar o gênero incluem Math The Band, Karate High School, The Megas, The Octopus Project, An Albatross, Rolo Tomassi, Crystal Castles, Powerglove e Hella, entre muitas outras.
Aqui no Brasil um grande representante é a banda que leva o nome do console adversário do Super Nintendo: os MegaDrivers possuem até uma guitarra em forma de Mega Drive e apesar de se denominarem “Game Metal”, podem muito bem se encaixar no gênero Nintendocore. Sobre a guitarra, o guitarrista Nino explica: “Usei um instrumento podre e barato. Com a guitarra de um lado, peguei meu primeiro modelo de Mega Drive, tirei a placa de circuito e desmontei o aparelho. Com ele aberto, fui encaixando peças da guitarra até tudo funcionar. A guitarra pegou de cara, com o botão de ligar e desligar do próprio Mega Drive, assim como os botões de volume. Hoje em dia eu nem utilizo muito essa guitarra. Ela é usada apenas em algumas músicas, como um símbolo”.
– João Pedro Ramos é jornalista, redator, social media, colecionador de vinis, CDs e música em geral. E é um dos responsáveis pelo podcast Troca Fitas! Ouça aqui.