Stephen
Malkmus
por
Marcelo Silva Costa
colaborou
Alessandra Marucci
Fotos -
Moses Berkson
No exato momento que duas pedras fundamentais
do rock anos 90 são relançadas no Brasil, um dos responsáveis
aporta no país para shows, bate-papos e passeios em sebo. A dobradinha
de estréia do Pavement, ex-banda de Stephen Malkmus, deveria constar
da lista de álbuns mais influentes da década de 90, junto
com "Nevermind" do Nirvana e "Blood Sugar Sex Magic" dos Peppers. O supra-sumo
do que se convencionou chamar indie-rock está ali, elevado a categória
de clássico: guitarras barulhentas possuídas por feedback
e distorção, levemente desafinadas unem-se a letras absurdamente
inteligentes, ou, inteligentemente absurdas, como queiram.
Dez anos depois (yep, o tempo passa),
Stephen Malkmus desce para o lado debaixo da linha do Equador com um belo
álbum solo na mala, lançado em 2001, e sua banda, a The Jicks
(formada logo após o fim do Pavement) para uma série de shows
que prometem emocionar o cada vez mais representativo underground nacional.
Como noticiado em outros lugares, Malkmus prometeu ensaiar uma os duas
músicas do Pavement para presentear o público brasileiro,
mas vindo de Malkmus, nunca se sabe (o termo "ironia" parece ter sido escrito
para ele).
O S&Y conseguiu um bate-papo via
email com o homem que detonou o Smashing Pumpkins em 94, tirou sarro da
voz de Geddy Lee, do Rush, em 97, e hoje contenta-se em diminuir de forma
preguiiçosa o ritmo das canções para cantar sobre
beijos ao som de Dire Straits, fuçar sebos atrás de discos
de bandas desconhecidas dos anos 70 e... se divertir com tudo isso. Confira.
Scream &
Yell - O que você esperava quando decidiu montar um banda de rock?
Isso, dez anos depois, se realizou?
Stephen Malkmus - Sem expectativas
maiores do que gravar um disco, fazer uma tour... ou seja, tudo certo.
Qual a diferença
dos tempos do Pavement, uma banda, para a carreira solo?
Eu estou mais relaxado agora, estou
me divertindo mais... o mesmo vibe do começo Pavement.
Suas letras
sempre são muito elogiadas. De onde saem os temas?
Dia dia, livros, histórias
engraçadas.
Qual a sua
maior influência, como letrista e como músico?
Acho que Lou
Reed, principalmente por causa dos discos do Velvet.
Os dois primeiros
álbuns do Pavement ("Slanted & Enchanted" e "Crooked Rain, Crooked
Rain") estão sendo relançados no Brasil agora. Como você
os apresentaria ao público brasileiro?
Slanted possui uma energia jovem que
nenhum outro disco do Pavement possui... ele é bem direto, bem simples...
uma boa introdução para quem não conhece o Pavement.
Não é o meu disco preferido, mas eu gosto muito dele.
Crooked... é mais calmo que
o primeiro... tem alguns hits que viraram clips. Eu gosto mais do Crooked
do que do Slanted.
O "Slanted
& Enchanted" é freqüentemente apontado como um dos álbuns
mais influentes da década de 90? O que você acha disso?
Acho legal... o começo dos
anos 90 foi bem generoso.
Você
chegou a ouvir o Preston School of Industry (a banda de Scott Kannberg,
a outra metade pensante do Pavement)? O que achou?
Eu escutei e achei bem para cima...
o Scott deve estar feliz.
Como você
vê a música na atualidade? Tem alguma banda nova que tenha
te impressionado?
Eu gosto de algumas bandas... sem
uma cena ou tipo de música em especial. Eu curto o Godspeed Your
Black Emperor, Notwist, US Maple....
Você
ainda toca covers do Oasis nos shows? E por que Oasis?
Eu fiz isso algumas vezes, na época
as piadas tinham graça....
De quem foi
a idéia de gravar a cover de "The Killing Moon", do Echo & The
Bunnymen? Você gosta deles?
Sim eu gosto dos primeiros discos
do Echo. Existe uma tradição
nas Peel Sessions de fazer um cover... escolhemos Killing Moon... eu gosto
daquela versão.
Um dos colaboradores
do meu site (o mestre Eduardo Palandi) sempre diz que o seu disco solo
lembra umas coisas do John Lennon solo... alguém já lhe disse
isso? o que você acha?
Já me falaram isso... eu acho
legal, Lennon é um cara legal.
Como é
sobreviver tendo um trabalho independente? Pergunto isso porque no Brasil
existem muitas bandas excelentes que sofrem para sobreviver tocando. Parece
que, nos Estados Unidos pelo menos, há uma cena que permita um música
sobreviver lançando discos e fazendo shows sem precisar estar nas
paradas.
Acho que é tão difícil
viver de indie rock tanto no Brasil quando nos EUA... muitas bandas tem
empregos durante o dia... é claro que a estrutura dos EUA é
maior, mas acho que é praticamente a mesma coisa.
E o próximo
disco, quando sai?
Vamos começar a gravar em Maio...
ainda não sabemos ao certo quando sai.
Você
conhece alguma coisa de música brasileira? Gosta?
Conheço só os manjados,
Caetano, Mutantes
e Tropicália... eu acho legal, quero comprar uns discos diferentes
por aqui e me inteirar melhor.
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