Faixa a faixa: Conheça o EP de estreia da banda porto-alegrense PROV!DENCE

introdução por Diego Albuquerque
Faixa a faixa por PROV!DENCE

PROV!DENCE é um novo quarteto de Porto Alegre que assume influencias do indie, new wave, shoegaze, dream pop e post-punk. Formada em 2023, a banda maturou as canções em shows, e (após um bootleg em CDR lançado em dezembro passado) faz sua estreia nas plataformas com um EP homônimo.

São quatro faixas que revelam um pouco do que é a banda: “paisagens diversas do universo alternativo abraçadas por estruturas acessíveis, timbres elaborados, letras com poesia própria, e uma voz melodiosa, timidamente calorosa, e que amarra tudo isso”, tenta resumir Rust, vocalista da banda, abraçado a clichês.

No entanto, foco no som. Gravado em casa pelos próprios integrantes, o EP também será lançado em k7, com cinco faixas-bônus ao vivo no lado b da fitinha (fique atento aqui). No faixa a faixa abaixo, o quarteto fala das quatro canções do EP.

01) To Do List é a faixa debut da PROV!DENCE nas redes e na vida, em 2023. Situada num imaginário oitentista, a canção traz uma lista de afazeres que versam sobre processos às vezes inadiáveis. No texto, versos sugerem ajustes domésticos (“wrap the litter bag, clean the kitchen wal”l) e existenciais (“break the looking glass, put the pieces back”), guiados por um instrumental rápido, familiar e hipnótico. O riff de guitarra, e talvez o vocal, tem influência de Smiths, mas o refrão leva pra um lugar mais otimista e power pop.


02) New Phone é um noise pop com muitas guitarras, e descreve as desventuras da solidão em tempos de smartphone A letra dessa música é um pouco dura, sobre saber quando sair de cena, se retirar, e saber o que de fato está ao seu alcance. Sua solução é abrir o gravador de som e tocar uma canção, e disso ela também fala. Ela tem uma pegada mais cadenciada, e um refrão mais em tom de lamento, (“I’ve got a new phone and no one to talk to”, com backing dando mais ênfase), mas o final é apaziguador. É uma música que dá pra cantar junto e chorar de cantinho.


03) Battle Hymn é uma pequena ode aos que perseveram, e também uma mistura mais sóbria das influências que compõem o universo da banda. Ela tem um crescimento bem mais lento que as outras, e vai se construindo pouco a pouco nas guitarras e baixo, até de fato estourar em algo mais definido. Ela usa muito de ecos e delays, e na letra esboçamos uma certa tensão política já bastante familiar pra nossa geração, e algum grito de otimismo.


04) Estrela Morta: essa é a faixa mais rápida, que trata da Estrela Morta: a expectativa do que não foi, e a normalidade do tédio. Com influências mais agitadinhas e melódicas, direciona os fluidos criativos a algo próximo de um punk rock formador de caráter, e é a única cantada em português. A letra (quisera não mais viver assim/estrela morta/sabe quando o sol não bate em mim/fecha a porta) não é um raio de otimismo, mas sim um desabafo de quem vive mil universos dentro da própria cabeça, mas é condicionado a uma realidade limitada e insensível.

– Diego Albuquerque é o criador do blog Hominis Canidae, um dos maiores repositórios de discos brasileiros da última década. O blog foi criado em 2009, no Recife, e divulga novos artistas e nomes indies da música brasileira, de norte a sul do país.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.