entrevista por Leonardo Vinhas
Para quem acha que o rock não consegue mais incomodar e vive de repetir seus próprios clichês, a receita é Nicolas Não Tem Banda. A banda gaúcha-paulista (explicações adiante) é satanismo revolucionário antitudo numa soma dos espíritos de MC5, Husker Dû, Minutemen e Mano Negra – mesmo que a maioria dessas bandas e suas respectivas histórias não habitem o imaginário de seus integrantes. É profissional em seu amadorismo, é exaustivamente ensaiada e segue imprevisível. É direto na veia e nos ouvidos, pode se conectar com aquela parte do ser que a gente chama de alma por falta de palavra melhor, e ainda é cantarolável – tente não cantarolar “Milionária”, “Cidades” ou “Karen Dalton” depois de ouvi-las.
Luis Só (voz), Kiabo Flecha (baixo), Andy Marshall (bateria) e Leo Satan (guitarra) lançaram seu álbum homônimo em agosto desse ano. A história, porém, começa dez anos antes, quando Luis e Kiabo se conheceram na Ocupação Artística Ouvidor 63, na Sé, bem no Centro da capital paulista. Trocentas mudanças de formação, tretas com a polícia, turnês de Kombi, shows na rua e várias outras tresloucadas aventuras depois, a banda conseguiu lançar seu primeiro disco, com produção da estreante produtora Vortex Bootleg Factory e distribuição do selo Maxilar Music.
O disco é rock cru e direto. Mas longe de ser monocórdico ou previsível: vai da polirritmia africana ao stoner, passando por blues, pós-punk e hardcore, sem soar como turismo musical. Está mais para um liquidificador de referências, que mantém o aspecto melódico mesmo quando o volume sobe (e sobe muito e muitas vezes) ou quando o ritmo está à frente de tudo. E a voz absolutamente “não treinada” (ou treinada nas ruas) de Luis Só e o baixão gordo e ruidoso de Kiabo Flecha são peças-chave para a identidade única e peculiar da banda.
Mas não as únicas, porque há as letras. “Você fala, fala, fala, estuda e tem um coletivo/ Não estamos colhendo frutos / Minha paciência está no limite” (“Borboleta di Okupa”), “Meu mestre é Jesus / As igrejas que se fodam” (“Cidades”), “Você quer me enlouquecer / Quando bate à minha porta / Para você só o prazer importa / Porque você / É bissexual-al-al-al”, “Nosso amor é tipo 80 / cocaína e sarjeta / antes ouvia Stevie Wonder / agora escuto Karen Dalton” (“Karen Dalton”), e por aí vai. Zero papas na língua, cheia de ganchos e ainda tem espaço pra citações que vão de Joy Division a Balão Mágico – todas (im)pertinentes e muitíssimo bem colocadas.
Depois de audições contínuas do disco, esse repórter procurou a banda para uma entrevista, a qual aconteceu imediatamente: Luis Só estava disponível, ligamos a câmera, e o que se segue é uma edição de uma das mais divertidas e honestas conversas que realizei em quase 24 anos de Scream & Yell. Chega junto.
Vozes, ocupações, encruzilhada e rejeição ao rock gaúcho
A banda foi formada por gaúchos, mas é uma banda paulista. Nos conhecemos quando viemos para São Paulo ocupar um prédio e transformar em um centro cultural. Nós ocupamos o prédio em 1 de maio (de 2014) e ele existe até hoje. Dos que entraram, eu fui o último a sair de lá, isso foi em 2019. Quando eu tinha uns 18 anos, estava lá em Sapucaia do Sul (RS), voltando do futebol, e ouvi uma voz. Eu ouço muitas vozes, sabe? Passando numa encruzilhada, uma voz me falou: “Tu vai ter uma banda de rock”. Mas… eu pensei: “Cara, eu não sei tocar nada e tal, como é que vou ter uma banda de rock?” Segui a vida. Em 2014, vim pra São Paulo, e chegando aqui, como era uma ocupação de amigos – apesar de já ter umas pessoas que eu não conhecia, mas enfim – tinha muita gente que eu conhecia, e que tinha muitas bandas de amigos gaúchos do rock clássico. Por eu estar transitando no mesmo ambiente, eu – que sempre escrevi poesia – chegava e perguntava: “Eu tenho umas letras, umas poesias, vocês querem gravar?” “Ah não, não, não”. Hoje em dia eu entendo, é chato mesmo (risos). Mas na época eu fiquei puto. No Ouvidor, não tinha água, não tinha energia, não tinha porra nenhuma, a gente só trabalhava pra poder melhorar a estrutura do prédio e dormia, só que isso começou a saturar.. Aí, um dia, eu estava na portaria e ali estava o Kiabo, que sempre quis ter uma banda. Mas os amigos do rock clássico achavam ele muito visceral, porque ele sempre arrebentava as cordas do baixo e tal. E eu falei pra ele: “Cara, eu tenho umas letras aqui, você quer colocar uma melodia, criar uma estrutura musical?” Porque essas mensagens que me vêm, já vêm com um ritmo na cabeça. Ele pegou o violão dele e a gente começou a escrever. Já escrevemos mais de 100 músicas juntos – quando a gente não estava trabalhando, limpando o prédio, a gente estava tocando. As pessoas do prédio começaram a gostar das músicas e a gente virou hit na ocupação. Dai essa galera que não queria gravar nossas músicas começou a pedir pra gravá-las, tá ligado? (risos). Aí eu falei: “Caralho, cara, acho que a gente tem uma certa relevância”.
Primeiros shows, a fuga da esperança e a importância de socializar energia
Na época, a gente comia comida de doação, e isso era uma vez por dia, duas vezes, no máximo. Falei: “Vamos tentar ganhar um dinheiro na rua”. Pra comer, né? Tocando nossas músicas. Fomos pra [Avenida] Paulista, começamos a tocar, voz e violão. Tocamos no vão do MASP, barzinho… Dinheiro mesmo a gente não ganhou (risos), porque estava todo mundo fudido também, mas as pessoas gostavam e nos incentivavam. E decidimos seguir nisso, porque nos dava um prazer tanto físico quanto espiritual. Quando a gente tem uma expectativa… Expectativa? Esqueci o nome da palavra lá. Quando você vê uma luz no fim do túnel, sabe? (O repórter arrisca: “Esperança?”). É! Isso, esperança! A gente em São Paulo, os excluídos do rolê, sem conhecer ninguém, começamos a compor, compor, compor. Começamos a criar o nosso sonho. Na ocupação tinha um amigo que tinha uma câmera de vídeo e começou a nos filmar. Falamos de fazer um programa com a Nicolas Não Tem Banda chamado “A Hora do Caos”. Esse nosso amigo era o Agente do Caos e nos entrevistava. E a gente tem a sorte de ter toda a nossa trajetória gravada, do primeiro ensaio até o que a gente faz agora. Fizemos nosso primeiro show na ponta da passarela do Ouvidor, a galera curtiu. Depois um amigo nosso que estava com um projeto no terceiro andar da ocupação nos convidou pra tocar numa festa dele. O Kiabão foi pra Porto Alegre buscar a guitarra e o amplificador dele, e a gente deixou de ser voz e violão e passou a ser voz e guitarra. A gente fez o show, só que era muita energia, cara! As coisas começaram a pegar fogo, e a gente se ligou que ia ter que dividir a energia com as outras pessoas, senão a gente ia enlouquecer (risos), ia acontecer alguma coisa com o nosso corpo que a gente não ia suportar, saca? Então vamos dividir isso pra ficar mais fácil.
Tesão pela arte e Hermes, o coelho
O único critério pra tocar na Nicolas é tesão pelo que faz: tesão pela música, tesão pela vida. A técnica vem com o tempo. O importante é encarar a arte como missão nesse plano terreno, saca? Aí a gente começou a buscar os excluídos: todo mundo que queria ter banda e não era aceito, a gente trazia pro nosso lado. A primeira formação tinha umas seis pessoas, acho: tinha teclado, duas guitarras… Os shows eram sempre no Ouvidor, e eu tocava de início com uma máscara de coelho. Quando eu a coloquei, ela falou comigo e eu assumi outra loucura, fiquei uns três meses em que só tirava a máscara para dormir e escovar os dentes. Foi quando criei esse personagem chamado Hermes, que foi o primeiro vocalista da Nicolas Não Tem Banda. Pela banda ser muito visceral e não ter muito virtuosismo, as pessoas ficavam com medo, nos primeiros shows a galera tinha medo de se aproximar. (risos) A gente foi criando repertório, mas as dificuldades começaram a acontecer e os amigos que entraram nessa formação foram saindo da banda. Uns voltaram pra Porto Alegre, outros estavam na banda por outras expectativas além da missão e da arte…
Flagrantes, fome e o poder transformador de uma ameaça de morte
Em 2015, juntamente com outro amigo nosso, caímos na estrada com o projeto de ir pro Rio Grande do Sul numa Kombi sem plano nenhum, um lance meio hippie. Nessa Kombi, eram duas bandas formadas pelas mesmas pessoas: tinha a Piratas do Ouvidor, que era um som instrumental; e a Nicolas Não Tem Banda, que era um som com letras próprias. Mas o nosso amigo que tocava guitarra nessa época não sacava o nosso som e não gostava de ensaiar (risos). Ficamos cinco meses na estrada, e aconteceram muitas coisas. Fomos detidos em Florianópolis, porque teve um momento sublime em que a gente estava tocando na praia e aí eu me desconectei do mundo e fiquei nu tocando na beira da Praia da Ferrugem (o repórter ri). Rolou um problemão, polícia, pegaram todos os nossos equipamentos. E o mais louco de tudo é que a gente tinha levado muita droga (o repórter ri de novo), e elas estavam todas no amplificador de guitarra, que ficou mais ou menos umas duas semanas no meio da polícia, cheio de drogas – e eles não abriram, saca? (o repórter chora de rir). A gente passou um tempo difícil ali em Santa Catarina, tocando só com voz e violão pra conseguir comida, até que a gente conseguiu um cara que hospedou a gente numa chácara que ficava no Continente (nota: para quem não sabe, a maior parte do território da capital catarinense é uma ilha). A gente começou a fazer shows nesse lugar, mas deu problema, um dia um vizinho foi até lá armado e disse que ia matar todo mundo por causa do barulho (risos). Aí a gente pensou: “estamos passando fome, a galera curtindo nossas músicas, estamos sendo ameaçados de morte, então vamos tentar nos profissionalizar, né?”
Minimalismo, e as razões para não ter um dealer como integrante
Já em Curitiba, decidimos voltar pra São Paulo pra focar e construir algo que fosse relevante e que tivesse a nossa linguagem. Falamos isso pro guitarrista e dissemos que ia ter que ensaiar, passar muito tempo desenvolvendo o trabalho, e ele não quis. Aí voltamos pra São Paulo eu, o Kiabo e o Andy. O Kiabo já estava no baixo nessa época, e o Andy na bateria. De volta em SP, tocamos com essa formação, de voz, baixo e bateria, que era a única maneira que a gente tinha de ganhar uma grana. E a galera continuou gostando! (risos) Começaram a nos dar dinheiro, e aí a gente foi atrás de um guitarrista de novo. Entrou um outro amigo pra banda, mas o guitarrista era sempre o problema, fosse por não gostar de ensaiar, ou por ter umas divergências com a banda…Teve uma época que teve um dealer na banda, e ele nos deu uns equipamentos. Aí a gente vendia drogas pra ele e usava pra passar a nossa fome… mas a gente gostava tanto de droga que começamos a usar todas que ele nos deu (rs). Aí ele quis que o batera fosse mula dele pra trazer droga na Amazônia, mas aí a gente viu que isso era muito ruim pra nossa missão, ia estragar a coisa.
Prêmios, porta giratória de guitarristas, e a beleza de uma cena sem hype
Criamos um estúdio no quarto do Andy no Ouvidor 63. Ele mesmo fez o isolamento acústico lá, forrou tudo, botou a bateria dele, tinha amp de guitarra, de baixo, microfone. Era um lugar onde os músicos do prédio podiam ensaiar, e também os músicos independentes que não tinham condição podiam ensaiar também. Nós mesmos começamos a ensaiar todo dia, todo dia, todo dia. Também chamamos bandas de outros lugares pra tocar no Ouvidor e criamos uma cena de rock ali, onde a gente conheceu muitas pessoas e começou a rolar um intercâmbio entre nós e eles, que também nos convidavam pra tocar em outros lugares. Foi quando começamos a ficar conhecidos no underground paulista. O Gabriel Thomaz, do Autoramas, conheceu nosso som, e começou a nos indicar pro Prêmio Gabriel Thomaz de Música Brasileira, mesmo sem a gente ter lançado um disco ainda. Pensamos: “caralho, cara, estamos sendo indicados pra prêmio”. Foi aí que a gente gravou um EP no Estúdio Aurora, em São Paulo, e começamos a fazer mais shows. Só que ocorreram algumas divergências e mais uma vez saiu o guitarrista. Entrou outro, um argentino que também morava no Ouvidor 63. Ele era muito foda, cara! Porra, muito foda! Só que ele tinha problemas com o vício, né? Principalmente o crack. Ele começou a entrar em declínio e veio com uns rolês meio pesados que estavam reverberando na banda. Aí a gente sacou que infelizmente ele não ia poder continuar. Entrou outro amigo nosso, da ZL, só que ele não gostava de ensaiar também, e assim a gente foi (risos). Entrou a pandemia, a gente procurou uns guitarristas depois, não dava certo com ninguém. Acabando a pandemia, convidamos um amigo nosso [Leonardo Souza, vulgo Leo Satan] que tinha visto nossos shows e gostava da gente. Ele gosta de ensaiar (risos), é uma excelente pessoa (mais risos), e trouxe mais organização pra nós. Porque chega um momento que a gente tem que se organizar, porque não adianta querer ficar nesse romantismo de achar que as coisas vão acontecer. Não é bem assim, a gente prefere contar mais com o trabalho do que com a sorte. Começamos a trabalhar no disco, e ele finalmente saiu em agosto desse ano. Saiu pela Vórtex, que é uma produtora que está no início, de amigos que gostam do nosso som. Eles disseram: “a gente precisa vender portfólio e gosta do som de vocês, então vamos criar esse primeiro álbum”. Gravamos o repertório todo em um dia, ao vivo, teria que ter essa pegada mais ao vivo, inspirada no MC5 e tal… Depois colocamos alguns overdubs, fizemos essa parte mais técnica com o Leo e o Ferreirinha, da Vórtex. O disco foi lançado junto pelo [selo] Maxilar, do Gabriel Thomaz, que foi nos dando aval desde que a gente falou que queria gravar.
Pela missão
A gente só aguentou isso tudo e não morreu porque eu, o Kiabo e o Andy criamos uma relação realmente de irmão, por ter tido todo esse período da Ouvidor 63 e por levar a banda como uma missão mesmo. Essa nuvem de ideias escolheu a gente pra transpor essa mensagem revolucionária – digamos assim – e é nosso dever cumprir essa missão. Quando entrou o Leo, a gente pôde fechar esse ciclo de dez anos de uma maneira muito verdadeira e amorosa. As pessoas estão gostando do disco, o feedback tem sido bom, e apesar de esse nosso mundo ter muito jabá, as conexões que estão acontecendo são verdadeiras, porque são pessoas que se identificam com a nossa música, curtem e estão nos dando esse apoio. A gente se sente muito feliz e honrado de poder criar algo que está fazendo com que essa chama do rock’n’roll continue acesa em nossos corações, e também em outros corações.
Pressões, padrões e realizações
Com o passar do tempo, os artistas foram cedendo às expectativas e às pressões, tanto as sociais como as mercadológicas. Isso porque as pessoas têm o desejo de serem aceitas, né? E é claro que a gente deseja isso também, mas a nossa mensagem, digamos que ela é algo pra nós mesmos pensarmos. Temos discussões e divergências muitas vezes, e um fala na cara do outro, mas procurando uma evolução em comum, mútua. Por termos sido criados num lugar muito próximo ao inferno de Dante, fomos muito verdadeiros às nossas vivências. Porque o Ouvidor 63 eram 13 andares sem luz e sem água, levamos dois anos e meio só pra limpar o prédio. A gente conseguiu reestruturar a partir da grana arrecadada em festas, e ali foi o mais perto da sociedade alternativa do Raul que eu cheguei a viver, porque ali as pessoas podiam ser quem elas desejassem. Mas por conta de toda a privação de liberdade de nossa sociedade, nem sempre o cara que se vê livre sabe aproveitar. E aí o cara começa a se perder e a repetir todos os procedimentos que ele critica, como territorialismo, violência. Por isso a gente falava pra nós mesmos: atravesse o inferno, mas continue caminhando. A gente sabia que ali ia ser um local de passagem, nunca quisemos ficar ali pra sempre. A grande charada era como fazer pra sair dali, e a resposta era trabalho, trabalho, trabalho – no sentido de não desistir do que a gente acredita para que as coisas aflorem e aconteçam. E agora aflorou e aconteceu. Pensa: uma banda que nasceu em ocupação, eu não sei tocar nada, o modo de compor é comunitário… E hoje temos reconhecimento do que fazemos. É um modo muito único de compor, que foge dessa coisa matemática, europeia, e vai mais pra polirritmos, coisa dos povos africanos, originários… O coração é o grande guia, tanto que o nosso logo é um coração gritando.
Camisa preta, barba e pensamentos de retrocesso
O que a gente escreve são nossas verdades, mas elas não são verdades absolutas, porque a gente não quer catequizar ninguém, mas a gente quer, de repente, fazer que as pessoas discutam novamente o que é rock, porque o rock se tornou uma coisa muito associada aos anos 1980. Não que essa geração seja maléfica nem nada, mas é que muitos deles vieram de lugares privilegiados, tiveram contatos privilegiados, e alcançaram uma repercussão nacional muito por conta disso – claro que por conta do trabalho deles também. Mas digamos que, no quesito originalidade, eram muitas coisas copiadas dos Estados Unidos, da Europa. A gente não quer perder essa essência do rock como coisa do diabo, como coisa feita por operários, por artistas que acreditam e vivem suas verdades. A gente gostaria muito de ter um produtor que nos direcionasse. Como a gente não tem, nosso papel é incentivar pessoas a acreditarem naquilo que fazem ou questionarem o sistema e todos esses biscoitos contemporâneos que eles nos dão em troca de sermos cordeiros. “Ah, a gente vai te dar tudo isso, mas você vai ser encaminhado pro sacrifício e não tem que falar nada”. A gente quer falar de tudo e questionar tudo. Em “Ódio”, por exemplo, nossa energia de raiva vai para as instituições, porque a gente sabe que o povo, assim como nós, é parte dessa massa de manobra. O rock não é camisa preta e barba e pensamentos de retrocesso. O rock’n’roll é justamente o pé na porta e o soco na cara, sabe? As pessoas têm medo de serem radicais – radicais de não pensarem tanto no mercado, e sim na música, na arte, no prazer, no processo. A gente vê muita gente fazendo música pro TikTok, saca? E a gente fez música pra quem gosta de música, pra quem consegue colocar um disco, ouvir inteiro, apreciar aquilo e alimentar a alma. Música é extrafísico, extramercadológico, e queremos fazer música pra quem se sente assim.
– Leonardo Vinhas (@leovinhas) é produtor e assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.