Megadeth faz o famoso básico (muito) bem feito com som impecável em São Paulo

texto por Paulo Pontes
fotos por Fernando Yokota

A volta do Megadeth ao Brasil após quase sete anos foi um momento esperado e especial para os fãs de thrash metal em terras tupiniquins. Isso porque, durante esse período, a banda passou por momentos no mínimo complicados, especialmente seu líder e criador, Dave Mustaine, que enfrentou um câncer na garganta em 2019. Coloca na conta as mudanças na formação, com a saída de membros importantes como David Ellefson e o brasuca Kiko Loureiro, além dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19 (ok, esses foram complicados pra todo mundo), e já dá pra cravar que presenciar um show da banda hoje é um baita privilégio.

Em show único no país, realizado na última quinta-feira (18), no Espaço Unimed, em São Paulo (após três datas em Bueno Aires — 3×1 pra Argentina), o Megadeth apresentou a turnê “Crush the World”, divulgando seu mais recente álbum, “The Sick, The Dying… And The Dead!” (2022). Ou melhor, divulgando mais ou menos (a única música do disco executada pela banda foi a faixa-título, que abriu o show. Mas ninguém deve ter reclamado).

Com um palco mais modesto do que em turnês anteriores, praticamente composto por um belo backdrop com a face do mascote Vic Rattlehead, o Megadeth iniciou o show pontualmente às 21h30, recebendo uma recepção calorosa do público, que abarrotou a casa (sempre quente, mesmo em dias frios — ar-condicionado, cadê você no Espaço Unimed?). E logo de cara o que chamou a atenção foi a qualidade do som: impecável.

Mustaine, que, convenhamos, nunca foi o cara mais carismático do metal no palco, optou por ser bem mais econômico com as palavras, deixando a música falar por si mesma. Um dos grandes destaques (e por que não uma das grandes surpresas) ficou para o novo guitarrista, Teemu Mäntysaari, indicado por Kiko Loureiro, que impressionou geral com sua habilidade nos solos e nos timbres de guitarra.

Após a abertura com “The Sick, The Dying… And the Dead!” (que é uma puta música, diga-se de passagem), o quarteto – que ainda conta com James LoMenzo (baixo) e Dirk Verbeuren (bateria) – mandou ver com “Skin O’ My Teeth”, faixa que abre o fantástico e multiplatinado Countdown to Extinction (1992).

Daí pra frente, meu amigo, só coisa boa. A paulada “Angry Again” mostrou a versatilidade do repertório da banda. “Wake Up Dead”, com seu riff inconfundível, do álbum “Peace Sells… But Who’s Buying?” (1986), animou ainda mais o público, que na sequência foi presenteado com a emocionante “In My Darkest Hour”, uma verdadeira obra-prima que evidencia a habilidade de composição de Dave Mustaine.

O que veio depois foi uma sucessão de pedradas: “Countdown to Extinction”, “Sweating Bullets” (e dava pra deixar essa de fora?), “Dystopia”, “Hangar 18”, “Trust” e “Tornado of Souls”, faixa que tem o solo considerado a obra-prima de Marty Friedman e que Teemu Mäntysaari executou com maestria.

Após breves minutos de calmaria com a clássica “À Tout Le Monde”, um dos momentos mais emocionantes da noite, a banda retomou a intensidade com “Devils Island”, uma escolha que trouxe uma dose extra de energia ao público e que precedeu um dos momentos mais fodas do show, quando a banda tocou a icônica “Symphony of Destruction”, com seus riffs marcantes e a participação massiva dos fãs.

Ainda deu tempo de rolar “Peace Sells” e “Holy Wars… The Punishment Due”, um verdadeiro épico do thrash metal que encerrou o show em grande estilo, deixando os fãs extasiados e ansiosos por mais. A expectativa agora é que a banda não demore tanto para retornar ao país (ainda que agraciando um pouquinho mais os nossos hermanos. Tá tudo bem, Dave!).

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell. É autor do livro “A Arte de Narrar Vidas: histórias além dos biografados“.
– Fernando Yokota é fotógrafo de shows e de rua. Conheça seu trabalho: http://fernandoyokota.com.br/

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