15 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.
O Scream & Yell tem a honra de republicar os livros da Mojo em seu aniversário de 15 anos buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). Toda segunda, um livro da Mojo novo sobre um disco! O décimo-terceiro volume da série (os anteriores estão aqui) tem como inspiração “Transformer”, segundo álbum solo de Lou Reed.
Produzido por David Bowie e o guitarrista Mick Ronson, “Transformer” foi lançado em novembro de 1972 pela RCA Records e, ancorado pelo single de maior sucesso de toda carreira de Lou, “Walk on the Wild Side”, transformou-se em um dos álbuns mais celebrados da carreira do ex-Velvet Underground. É inspirado nele que Mariângela Carvalho conta sua história. Baixe o PDF ou leia online!
BAIXE O MOJO BOOK 013 EM PDF AQUI
Era o meio da década de 60 e a cidade de Nova York estava infestada de gente maluca. Todos eram depravados em potencial – inclusive eu – e alguns eram loucos de pedra – inclusive eu, acho. A maioria de nós vivia em um esquema que beirava a nossa própria depreciação absoluta. Tomávamos vinho de manhã e café da manhã à noite; vivíamos com o cérebro a milhão, entorpecidos e impressionados com o que presenciávamos nas ruas, na faculdade, nas festas e, principalmente, com aquilo que descobríamos sobre a natureza humana.
Toda aquela balela dos programas do Ed Sullivan e aqueles almofadinhas de terno e gravata com corte de cabelo cafona. Rolava a presunção típica de norte-americanos bem nascidos, estudados e de ego inflamado – coisa que só adquiri com o tempo. Era constrangedor. Chegávamos nos lugares, principalmente na universidade, e as pessoas eram intelectualizadas, metidas e chatas. Aquilo não era nosso mundo e realmente não nos importávamos. Queríamos olhar para frente e enxergar coisas novas. Queríamos sair daquele círculo vicioso de imbecilidade acadêmica.