Zona para Respiradores #04, por L. Lyra
“1981” não existe, viva 1981!
(ouça uma playlist inspirada na coluna)
No ano de 1989, Edgard Scandurra lançou a instrumental “1978” em seu “Amigos invisíveis”:
Em 1996, Billy Corgan pariu o que é uma de suas melhores canções, a nostálgica “1979”:
Sete anos entre uma e outra. Sete, conta de mentiroso? É o que temos. Em 2003, sete anos depois, Estelle gravou “1980”:
Porém, no ano de 2010, até onde se sabe, ninguém percebeu que era absolutamente necessário nomear alguma canção, qualquer canção que fosse, de “1981”. Coube ao Good Charlotte retroceder no tempo com “1979”:
Estranhamente, tudo retorna ao Scandurra, que parecia se movimentar de sete em sete anos na carreira solo. Sua estreia foi em 89, em 96 veio “Benzina” e em 2003 “Dream Pop”:
Ficamos nisto: “1981” não existe. Vamos então passear um pouquinho pelo 1981 musical, viagem patrocinada também pelas lembranças de amigos e amigas. Zé Ramalho mandava seu “megaton de poucas esperanças”:
Hélio Delmiro – guitarrista ainda sem o reconhecimento que merece no Brasil; no mínimo, deveria ser protagonista dum documentário – arrancava um solo do fundo da alma em “Caçador de mim”, de Milton Nascimento:
E Rita Lee vinha com seus “uh-uh-uh-uh-uh”, cansada de lero-lero, uma espécie de “emoções” do rei (lançada no mesmo ano, por sinal!) sem o melo-melo:
Paulinho da Viola também mostrava a cara em disco homônimo, numa canção que é um retrato fiel de quem aprendeu com as coisas do mundo:
Na Argentina, nosso conhecido El Flaco propunha um antídoto contra todos los males de este mundo:
A Banda do Casaco, no início da grande explosão do rock em Portugal, oferecia sua sabedoria: “não há mal que mal nos fique / nem há cu que não dê traque”:
E para encerrar, porque levamos algum tempo até descobrir de quem era o disco que tinha na capa um barbudo debaixo d’água, décadas antes do Thom Yorke se afogar num aquário, finalmente ei-lo: Marcos Valle, que não tinha entrado na história e nem tem nada a ver com 1981.