por Renan Guerra
Uma megaestrela internacional. Era até de se estranhar o fato da rapper Nicki Minaj nunca ter tocado ao vivo em terras brasileiras. Sua estreia nos palcos nacionais se deu no dia 26 de setembro em um evento fechado organizado pela Tidal em parceria com a Vivo. A plataforma de streaming norte-americana, que tem como um dos responsáveis o rapper Jay-Z, tenta se recolocar no mercado nacional e para isso organizou uma noite de inquestionável grandeza.
Eventos fechados de empresas deixam qualquer um receoso: a expectativa é sempre de que veremos pockets shows para um público não muito animado e um bocado de propagandas embutidas nisso tudo, porém este não foi o esquema da noite. Nada de propagandas, nem apresentadores ou qualquer vídeo institucional, a noite era realmente de música. Mais de 3 mil pessoas lotaram o Credicard Hall, entre jornalistas, influenciadores e fãs – estes últimos até fizeram uma fila desde o amanhecer na porta do Credicard Hall.
A abertura da noite ficou por conta de Rincon Sapiência, uma escolha bastante ousada da produção; Karol Conká ou Gloria Groove, por exemplo, seriam escolhas mais óbvias. E aí está a surpresa: Rincon tem a manha de pegar um público que não é o seu e, mesmo assim, fazer um showzão que faz o público dançar e pular junto. Num show de abertura, com um tempo pequeno, o rapper prova por que é um dos artistas mais interessantes da atualidade e deixa claro que sua força no palco é extasiante.
Depois disso, o público ansiava pelo show de Nicki Minaj: o que a rapper traria ao palco? Seu mais recente disco, “Queen”, lançado em agosto, tem poucos pontos altos diante de demasiados pontos baixos. O disco mediano acabou sendo ofuscado por inúmeras tretas: Nicki brigando por não conseguir o primeiro lugar na Billboard; Cardi B tacando um sapato na cara de Nicki; e histórias barra pesada de seu antigo relacionamento com o rapper Safaree. Muita fofoca e pouca música.
Para marcar sua estreia no Brasil, Nicki acabou optando por um show que funcionou como resumo de sua carreira: as canções recentes estavam lá – “Ganja Burn” e “Chun-Li” apareceram em boas versões –, porém ela fez um apanhado geral de seus sucessos. A apresentação começou com “Your Love” lá do primeiro disco e passou por canções como “Only” e “Superbass”, e até resgatou a frenética “Starships”.
Presença constante em faixas de diferentes artistas, Nicki acabou trazendo muitas dessas parcerias para o palco: “Feeling Myself”, cantada ao lado de Beyoncé, foi um dos pontos altos da noite. Ela ainda cantou “Motorsport” (que na versão oficial conta com Migos e Cardi B) e a recente “FEFE”, colaboração com 6ix9ine e Murda Beatz. Houve espaço até para que ela recitasse seus versos de “Monster”, faixa de Kanye West. Apesar disso tudo, o mega hit “Anaconda” fez falta em seu setlist.
Extremamente cativante e divertida ao vivo, Nicki fez festa no palco, rebolou ao som de “Vai Malandra”, de Anitta, e fez um concurso de twerk com fãs no palco, ao ritmo de “Bum Bum Tan Tan”, de MC Fioti. No final das contas, foi um show de quase 90 minutos, que animou o público e fez a festa dos fãs que conseguiram ficar pertinho de Nicki. Apesar do mediano disco “Queen”, a presença ao vivo de Nicki Minaj mostra que ela ainda tem muita força e que precisa vir mais vezes para estes lados.
– Renan Guerra é jornalista e colabora com o site A Escotilha. Escreve para o Scream & Yell desde 2014. As duas fotos usadas no texto são de Tidal Brasil / Divulgação