Boteco: A parceria Heilige e Suricato

por Marcelo Costa

Abrindo uma série de três cervejas colaborativas excêntricas entre a Heilige e a Suricato Ales produzida na fábrica da primeira, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, com a The Wall, uma Berliner Weisse de coloração âmbar clara avermelhada com creme branco de baixíssima formação e rápida dispersão (comum ao estilo). No nariz, aroma delicado de malte envolvido em um suave azedume e prenuncio de acidez. Há, ainda, leve remissão a frutas vermelhas, bem distante. Na boca, a textura é menos frisante do que se espera, mas chega a pinicar a língua. O primeiro toque traz acidez bem baixa seguida de azedume leve, um coloridinho de doçura e leve frutas vermelhas. Dai em diante uma cerveja excêntrica, sim, mas muito mais amaciada que as originais berlinenses. O final é seco. No retrogosto, adstringência e leve salgado. Perfeita para um dia de sol na praia ou acompanhando uma saladinha.

Segundo fruto da parceria, a No Creo en Brujas é uma Pumpkin Ale cuja receita recebe adição de extrato de abóbora e de pimenta síria. De bonita coloração âmbar acastanhada com creme bege claro de baixa formação e rápida dispersão, a No Creo en Brujas exibe um aroma que se divide entre doçura de caramelo derivada do malte tostado e a delicada presença de abóbora – a pimenta síria está imperceptível no conjunto. Na boca, a textura é quase cremosa. O primeiro toque oferece doçura de caramelo com leve toque de tosta e de abóbora, que não chega a dominar o conjunto, mas marca presença de forma sútil e facilmente perceptível. O amargor é baixo e dai pra frente surge uma cerveja que parece querer ser uma Pumpkin Ale, mas não se esforça para convencer o bebedor. O final é maltado com toque sútil de abóbora. No retrogosto, abóbora distante, caramelo e leve picância de pimenta.

Fechando o trio de cervejas “excêntricas” (pero no mucho) da Heilige e Suricato com a Emmet, um American Brown Ale (com bastante lúpulo!) de bela coloração marrom escura com creme bege de boa formação e média permanência. No nariz, o malte oferece tanto doçura tostada quanto leve presença de café enquanto os lúpulos trazem interessantes notas herbais para o conjunto. Na boca, a textura é quase cremosa. No primeiro toque, rápida doçura atropelada logo no segundo seguinte por uma junção caprichada de café e herbal. O amargor é marcante (45 IBUs honestos) abrindo a porta para o melhor conjunto das três cervejas da casa, que consegue valorizar tanto as notas derivadas da tosta do malte (caramelo e café) quanto as notas herbais trazidas pelo lúpulo. O final é deliciosamente amarguinho. No retrogosto, um pouco de doçura, de café, de amargor e de herbal, tudo junto e misturado. Curti.

Balanço
Primeira da parceria entre Heilige e Suricato, a The Wall é uma Berliner Weisse mais macia do que as originais alemãs, mas nem por isso desinteressante. Fiquei bem encasquetado com a cor e uma delicada sugestão (invenção?) de frutas vermelhas, que não consta do rótulo. Já a No Creo en Brujas me soou uma Pumpkin Ale com receio de oferecer o gosto de abóbora ao bebedor. Muita sutileza que, no final, funciona contra o conjunto. Fechando o trio, a Emmet me soou a mais interessante do conjunto, equilibrando muito bem doçura e amargor, café, herbal e caramelo. Beberia novamente, fácil.

Heilige Suricato The Wall
– Estilo: Berliner Weisse
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 3.3%
– Nota: 3/5

Heilige Suricato No Creo en Brujas
– Estilo: Pumpkin Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6.1%
– Nota: 3/5

Heilige Suricato Emmet
– Estilo: American Brown Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6.2%
– Nota: 3,15/5

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