por Leonardo Vinhas
“Sound of Sinning”, Monophonics (Transistor Sound)
Lembra do The Make-Up, banda indie norte-americana que muita gente, inclusive a revista Bizz, tentou hypar no final dos anos 1990? Se não lembra (e é provável que não), relaxe: a promessa que faziam para eles vale muito melhor para os Monophonics, quinteto (ao vivo, sexteto) de São Francisco que une soul da Stax com rock de garagem sem receio de ser pretensioso. O título já entrega: é preciso ter quase nenhuma modéstia para batizar um disco de “O Som do Pecar”. Ainda que não tão sacana – eles não são nenhum Afghan Whigs fase “Black Love” – a banda é, sim, poderosa e sensual, seja acelerando pro lado mais rock’n’roll (“Lying Eyes”, “Holding Back Your Love”), seja investindo em climas mais sinuosos e provocativos (“La La Love You”, “Promises”, a excepcional “Find My Way Back Home” e, bem, quase todas as outras faixas). A produção força um pouco a mão no sentido de deixar todas as faixas com clima lânguido, o que prejudica um pouco a experiência auditiva do álbum inteiro, mas não dá para negar que, no meio de elementos forçadamente reluzentes, existe bastante ouro aqui.
Preço: R$ 65
Nota: 8
“Restless Ones”, Heartless Bastards (PTKF)
Inicialmente, o diferencial do Heartless Bastards, de Cincinatti, era a voz grave e andrógina de Erika Wennerstrom. Naquele longínquo 2003, o som era um cruzamento bastante apreciável de grunge com as bandas de college rock do sul dos EUA. Com o tempo, a banda foi incorporando elementos de country e americana, mais um tiquinho de blues rock – o que o fez serem comparados aos conterrâneos Black Keys. Se alguém quiser insistir nessa associação equivocada, vai ter problema para encontrar argumentos em “Restless Ones”. Neste quinto álbum, a grungêra volta forte e acompanhada de um sotaque assumidamente caipira e, além da voz de Erika, continua presente outra marca forte da banda, um senso de grandiosidade mesmo para as canções mais humildes, algo que haviam empregado de forma um tanto quanto exagerada no disco anterior, o elogiado “Arrow” (2012). A produção também colabora para uma identidade única, com os melhores violões já registrados na discografia da banda. No mais, a cozinha, com o batera fundador Dave Colvin e o baixista Jesse Ebaugh, é daquele raro tipo que se faz notar com economia, sabendo principalmente quando não tocar. Pode não ter muito apelo para quem anda atrás de sons modernosos, mas “Restless Ones”, embora não seja tão notável quanto o excelente “The Mountain” (2009), é um daqueles discos que conquistam o ouvinte sem que ele se dê conta e não o deixam ir embora.
Preço: R$ 60
Nota: 8,5
“The Weather Below”, Sister Sparrow & The Dirty Birds (Party Fowl Records)
Em 2008, Arleigh Kincheloe juntou alguns de seus amigos, partiu pra Nova York, formou uma banda, e desde então praticamente não largou a estrada. Sob o nome de Sister Sparwwo & The Dirty Birds, o septeto vem mantendo uma média de quase 100 shows por ano, oferecendo sua mistura de blues, funk, soul e pop a praticamente todo mundo que quiser ouvi-los, seja em shows próprios ou abrindo para gente do quilate de Dr. John e Gov’t Mule. “The Weather Below” é seu terceiro álbum (se descontarmos o EP “Fight”, de 2013) e nele deixam de lado o reggae que às vezes aparecia em sua receita e abraçam com vontade uma sonoridade que faz pensar em uma Tedeschi Trucks Band mais econômica mesclada aos momentos mais inspirados de Joss Stone. “É alto, divertido e tem que te fazer bem”, diz Arleigh para definir o som da banda. E, de fato, nem mesmo seus dois (bons) discos anteriores soavam tão bem quanto esse, cheio de peso e de energia que têm mais jeito de palco que de estúdio. A gaita de Jackson Kinchleoe, irmão de Arlene, continua fazendo contraponto (ou complementação) interessante com os metais, enquanto o trio base (guitarra, baixo e bateria) funciona como o músculo rítmico da coisa toda. E a voz da “irmã Pardal” segue poderosa, de modo que a única relação com a ave que inspirou o apelido é no seu diminuto tamanho. Os dois primeiros singles, a sensual “Mama Knows” e a alegre “Sugar”, entram fácil em qualquer lista de melhores canções do ano, mas o final do disco, com os blues pesadões “Cold Blooded” e “Catch Me If You Can”, também encorpam o repertório da banda com mérito. Discaço.
Preço: R$ 60
Nota: 10
– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.
Mas o Make-Up é uma banda excelente…..Vale conferir