por Marcelo Costa
“Thirteen Tales From Urban Bohemia”, The Dandy Warhols (Capitol)
“Treze contos de boemia urbana”, o belo titulo do terceiro trabalho do The Dandy Warhols, já passa ao ouvinte uma bela amostra do que teremos pela frente. A banda é norte-americana, de uma cidade quase vizinha a Seattle. O som é inglês, parente bem próximo do britpop. E o CD se junta ao grupo de melhores deste começo de século. A distorção melódica da guitarra impera, aliada ao vocal arrastado do sex simbol Courtney Taylor, enquanto as letras passeiam por noites bêbadas como em “Mohammed” (“I only want to do the right thing”) ou “Nietzche”, que repete infinitamente “I want a god who stays dead not plays dead, I, even, I, can play dead”. Os singles “Bohemian Like You” e “Get Off” prometem chacoalhar pistas indies. Uma versão especial do álbum traz um CD bônus com duas inéditas (“White Gold” e “Phone Call”) e os hits do álbum anterior, “Come Down”, “Not If You Were The Last Junkie On Earth” e “I Love You”, gravados ao vivo no megafestival inglês de Glastonbury. The Dandy Warhols é uma boa pedida para quem quer arriscar numa nova banda e ser feliz, afinal, são só um punhado de deliciosas rock songs.
Nota: 8,5
“We Love Life”, Pulp (FNM)
O Pulp finalmente “estreia” em terras brasileiras após mais de 20 anos de batalha nas ilhas inglesas com “We Love Life”, primeiro álbum deles lançado no país. Com canções clássicas na manga (e o álbum “Different Class”, de 1995, reluzindo a ouro no bolso), Jarvis Cocker, o melhor letrista da música pop atual, retorna do fundo do poço que foi o álbum anterior (o excelente e subestimado “This Is Hardcore”, de 1998) com o cínico humor britânico afiado. Jarvis carrega o grupo nas costas. Montou o Pulp em 1978 e a banda já suportou dezenas de mudanças em sua formação para, hoje em dia, ser o único membro original (a tecladista Candida Doyle entrou em 1984 e o baterista Nick Banks em 1986). De qualquer forma, a banda sempre foi veiculo para os textos geniais e a voz particular de Jarvis. E isso tudo volta a reluzir em “We Love Life”, que é, como sugere o titulo, grandioso. “The Night that Minnis Timperley Died”, a terceira, com boas guitarras e teclados, proclama, no refrão: “Its such a beautiful world, youre such a beautiful girl”. As letras continuam direcionadas aos outsiders, mas há brilho neste que é um dos melhores álbuns de 2001. “Bad Cover Version”, a canção, que o diga. E a letra, que explique. Só é infeliz quem quer enganar a si mesmo.
Nota: 8,5
“Thrills” – Andrew Bird’s Bowl of Fire (Riko/Trama)
“Oh! The Grandeur” – Andrew Bird’s Bowl of Fire (Riko/Trama)
“The Swimming Hour” – Andrew Bird’s Bowl of Fire (Riko/Trama)
De uma tacada só, a Trama coloca nas lojas os três álbuns do Andrew Bird’s Bows and Fire. Andrew é violinista. Lançou um disco solo em 1996 (“Music of Hair”), mas apareceu mesmo em “Hot” (1996), segundo disco da Squirell Nut Zippers, uma das mais bacanas bandas norte-americanas que surgiram na onda de misturar o jazz dos anos 30 com ritmos latinos, um movimento conhecido como neo-swing (ele iria colaborar com a Squirell em mais dois discos). Em 1998, Andrew decidiu formar uma banda, a Bows and Fire, que já conta com esses três álbuns que aportam por aqui, by Trama. “Thrills” (1998), o primeiro, segue na linha neo-swing. A produção sujona dá um punch danado ao álbum. Os tais ritmos latinos unem-se ao jazz, folk e blues e o soul de Memphis alcançando um resultado sensacional e desconcertante. O jazz também marca presença em “Oh! The Grandeur” (1999), o segundo álbum, mas está mais contido. O som, porém, está divertidíssimo, com a banda colocando salsas e rocks na mistura, além, claro, de ritmos ciganos, tango e rabecas irlandesas. “Swimming Hour” (2001) é o mais recente trabalho da banda. Aqui, um q de rock independente está mais presente, claro, ambientado em um jam jazzística. E junto com o rock, um q de melancolia. A faixa de abertura, “Two way Action”, é um bom exemplo, bela no limite. Três álbuns distintos e excelentes. Numa palavra: sensacionais.
Nota: 7
Nota: 8
Nota: 8.5
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