por Leonardo Vinhas
Entre o rock, a MPB e o cancioneiro latino, a cantora carioca Vivian Benford escolhe todos. Seu nome é lembrado mais frequentemente justamente por ter feito uma versão roqueira e climática para “Cheia de Manias”, do Raça Negra (aquela do “di-di-di-diê”), para o disco-tributo “Jeito Felindie”, do site Fita Bruta (ouça e baixe aqui). Porém, Vivian mexe mais fundo no baú da música brasileira como integrante do Quarteta, grupo vocal que mantém com a mineira Clarissa Veiga, a argentina Natalia Sarante e a uruguaia Mariana Bonifatti.
Com arranjos vocais muito bem cuidados, o Quarteta interpreta Beto Guedes, Milton Nascimento e outros compositores sul-americanos, fugindo da abordagem “acadêmica” (ou da modorra de “cantoras de bares”). Seu trabalho rendeu o primeiro convite para apresentações internacionais no segundo semestre de 2014, e os shows no Brasil vão ficando mais frequentes, mas isso não impede Vivian de seguir com sua carreira-solo.
Na verdade, antes de gravar o segundo disco (previsto para sair no primeiro semestre de 2015), Vivian prepara uma faixa para um novo disco-tributo a ser lançado com exclusividade no Scream & Yell (em março de 2015 – em breve, novidades), que também é bastante representativa de suas influências. Além disso, ela ainda não se cansou de divulgar seu primeiro disco solo, “Jardim”, lançado apenas em formato virtual em 2010 e disponível para download aqui.
Jardim é um álbum de intérprete – as faixas foram compostas por parceiros de Vivian, como Manoel Magalhães (Harmada) e Rodrigo EBA!, entre outros. Seu sucessor não abandonará esse lado, mas pode incluir material próprio também. “Meu cronograma de gravação está atrasado e eu voltei a compor recentemente, então não descarto essa possibilidade. Eu iria gostar muito, pois desde o Clarim Diário, minha primeira banda, nunca mais gravei nenhuma composição minha”,
Neste momento que mistura atividade intensa em palco e estúdio, Vivian respondeu a três perguntas do S&Y.
O Quarteta recentemente fez uma série de apresentações na Argentina. Como foram esses shows?
A viagem para Argentina foi incrível. Foi a primeira vez que saí do país para cantar e a recepção não podia ter sido melhor. Os argentinos têm um carinho muito especial pela nossa música e pudemos, nos shows em Buenos Aires, dividir o palco com o Rosa de Los Vientos, grupo vocal feminino de lá, e ainda contar com a participação de músicos de candombe tanto em Buenos Aires quanto em Mar del Plata, o que foi muito enriquecedor.
O Quarteta tem integrantes estrangeiras, incorpora elementos da música latina, mas tem a canção brasileira como algo muito presente. Você acha que a música brasileira tem uma identidade que não se mescla tanto com a música dos nossos vizinhos?
Acho que tudo pode ser misturado. No caso do Quarteta, a proposta é cantar principalmente em português, mas incorporamos tanto elementos regionais brasileiros quanto latinos e até mesmo algumas músicas em espanhol. Um exemplo é a nossa versão de “Tambores de Minas”, disponível no nosso Sound Cloud, onde trocamos o toque dos Tambores de Minas pelo Candombe uruguaio e deu super certo.
Embora “Jardim”, seu primeiro disco solo, tenha uma roupagem rock, dá para sentir uma forte influência da música popular brasileira nele – e o Quarteta só reforça essa ligação com a MPB. Seria este um caminho mais evidente para um segundo disco?
Bem, eu sou uma cantora de rock que ama cantar MPB. Não me vejo fazendo um disco solo sem guitarras. Eu sempre gostei mais de rock do que de MPB. Nunca tive fase grunge, nem punk, mas cresci ouvindo Beatles, muito rock inglês e bandas de rock nacionais. Nos meus shows eu costumo fazer versões rock de músicas de MPB que eu curto. Algumas delas estão no meu SoundCloud. No meu mundo ideal o disco novo vai ser MPBRock!
– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.