por Marcelo Costa
“Here’s To Shutting Up” – Superchunk (Trama)
Desculpe decepcionar os desavisados, mas, por mais que muita gente queira inventar modas, o rock and roll é simples. E o Superchunk deve saber bem disso. “Here’s To Shutting Up” é o oitavo álbum da carreira da banda (fora duas ótimas coletâneas de singles) em 12 anos. Investindo no rock indie básico, alternando guitarras encharcadas de distorção com vocais melódicos, “Here’s To Shutting Up” resulta festeiro. McCaughan e sua turma fazem música para alegrar dias cinzas, um power pop de luxo em que baladas como “Florida’s On Fire” e “Animal Has Left Its Shell” convivem lado a lado com pop songs deliciosas como “Phono Sex” e a excelente abertura, “Late Century Dream”. Simplicidade genial.
Nota: 7,5
“The Last Broadcast” – Doves (Capitol)
Apontada exageradamente como uma das 10 bandas que podem salvar o rock and roll (o rock precisa ser salvo? Do que?), o Doves lança o aguardado sucessor de “Lost Souls”, a elogiada estreia em 2000. Com a inspiração no limite máximo, a banda abandona o clima sombrio do primeiro álbum para cravar excelentes rock songs no estilo Verve/Radiohead. “Words” abre o álbum com guitarras dedilhadas e excelente refrão. “There Goes The Fear”, o primeiro single, começa lenta e segue em um crescendo até incluir percussão e cuíca que levam a canção ao território do… samba de avenida. O clima “Lost Souls” dá as caras na dobradinha épica “Where We’re Calling From”/”N.Y.”, em “Satellites” e “Friday Dust”, mas com bateria a frente e refrão contagiante surge “Pouding” que deverá erguer estádios. Na seqüência, com violões que lembram “Fake Plastic Trees”, “Caught By The River” fecha o álbum em grande estilo. No cd bônus que acompanha a primeira edição norte-americana, mais quatro faixas inéditas. “Hit The Ground Running” é puro Blur enquanto “Far From Grace” é folk inglês com piano psicodélico e vocal inspirado. Por mais referente que seja, “The Last Broadcast” é o grande álbum que o rock inglês estava devendo há muito tempo. Não deve salvar nada (nem precisa), mas que vai fazer sucesso e vender muito, ah, isso vai.
Nota: 8,5
“Gold” – Ryan Adams (FNM)
Segundo álbum de Ryan Adams, um dos nomes mais comentados da atualidade, este disco frequentou listas de melhores do ano nas principais revistas do mundo em 2001 (Q, Uncut, NME, Rolling Stone, The Face), merecidamente. “Gold” é belo… e triste. Uma de suas músicas traduz o espirito do Ryan Adams: “Then she’d get pretty loaded on gin / And maybe she’d give me a bath / How I wish I had a Sylvia Plath”, da canção dedicada à poetisa suicida. Entre folks cortantes, blues rascantes, rocks furiosos e baladas emocionadas está toda dor do mundo cantada da maneira como deve ser cantada: com emoção. “Gold” é triste, docemente triste. E belo, dolorosamente belo.
Nota: 9