por Andye Iore
Você precisa conhecer The Amazing Onemanband, uma monobanda uruguaia comandada por Coco Ospitaletche, que toca sentado tendo ao seu dispor guitarra, kit mínimo de bateria e um megafone. O “uniforme” também merece citação: Coco se apresenta com roupa social e uma máscara de luta livre. O som é blues garageiro e diverte muito o público com uma performance de palco irônica e exacerbada.
Coco Ospitaletche tem 37 anos, nasceu em Rivera, no Uruguai, é chef de cozinha e começou a tocar como onemanband em 2007 em uma de suas inúmeras “moradias pelo mundo”. Na época ele morava no México numa república com dez mulheres argentinas… sortudo ele, não?!? O Projeto Zombilly, parceiro do Scream & Yell, bateu um papo com Coco, que lembrou algumas das muitas histórias engraçadas que viveu, de sua relação com o Brasil e também anunciou novidades.
Como você começou como onemanband?
Comecei em 2007 quando estava morando no México. Não conhecia ninguém que curtisse e tocasse o mesmo tipo de música. Havia visto um show do Uncle Butcher em São Paulo antes e já conhecia o Luis Tissot (The Fabulous GoGo Boy From Alabama) desde 2005, quando ele tocava no Boom Boom Chicks. Daí comecei a tocar em festas na minha casa … eu morava com dez argentinas festeiras.
Quais foram suas influências musicais no começo?
No começo foi The Cramps, depois Hasil Adkins e tantas outras…
Sobre o que você fala em suas letras?
Escrevo sobre meus amigos, bebediras, garotas, maconha…
Como surgiu a ideia da tocar com a máscara?
Quando comecei lá no México eu costumava ir nas lutas… e tinha a máscara do meu lutador favorito, o Dr. Wagner… daí, no primeiro show que fiz nas festas tive a ideia de botar a máscara… para que não parecesse que era alguém da casa…
E como é esse Dr. Wagner?
O Dr. Wagner é um dos “rudos”, os malvados, inimigo dos “técnicos” nas lutas.
Você já teve “banda normal” antes de tocar como onemanband?
Tive banda sim… começou sendo duo, com Pablito na batera e eu na guitarra e gritos. Depois chegou o Roberio com o baixo. A banda tinha muitos nomes [risos], mudava cada vez que a gente tocava. Provision Don Jose e Suplemento Anguila foram alguns nomes que usamos.
Suas músicas não são muito rápidas como a maioria das monobandas. Qual foi sua concepção em fazer sons mais “quebrados”?
Não sei… eu não planejo uma música tipo “Essa eu vou fazer rápida ou com contratempo”… É só o meu estilo de tocar e que encaixa no estilo monobanda. Por exemplo, quando eu toco, eu não fico contando tempo nem nada. Eu só toco. Sai como sai, do jeito que sair. É muito livre!
Você já tocou em Maringá duas vezes. O que lembra dos shows aqui?
Que tem um monte de gente roqueira… [risos] O show do Fernandes Bar foi muito louco. Lembro do Chucrobillyman correndo por cima das mesas. [risos] O outro foi um duelo com o Luis (Alabama) na primeira tour do Dead Elvis no Brasil. Também foi bem divertido… se bem que gostei mais do show surpresa do Great Munzini que rolou depois.
Como você avalia as onemanbands brasileiras?
São bandas de uma qualidade musical de deixar qualquer um de boca aberta. O Koti [Chucrobillyman] acho que está um ou mais degraus acima do resto. Mas o Chuck [Violence) e o Luis não ficam atrás não.
O Amazing Onemanband tem alguma influencia no Uruguai? Surgiram onemanbands depois de você lá?
Surgiram sim… [risos] Tem até uma história meio engraçada com isso… Um dia veio um onemanband do Uruguaime pedir o bumbo emprestado pra fazer o show. Eu disse: “Claro cara, empresto sim, mas o bumbo tem um adesivo na pele do Amazing”. O cara falou que não tinha problema. Daí eu emprestei o bumbo e no dia do show fui lá ver que tal. Daí me topo com a seguinte cena: o cara tocando com o meu bumbo com adesivo do Amazing, de máscara de luta livre e cantando com um megafone. Era EU! [risos] E ainda fazendo um som muito pior que o meu. Queimando o meu filme!
Você já morou em vários lugares. Como é essa “opção” de vida? Não costuma se apegar a lugares ou vai conforme as oportunidades?
Ainda não achei um lugar legal pra para montar uma rede e ficar tocando um violão. Mas, quando rolar, acho que vai ser no Brasil. Dos países que conheço é o mais legal!
Você passa bastante tempo no Brasil. Qual sua identificação com o país?
Gosto de quase tudo… falo quase porque a cerveja não é boa… [risos] a gente bebe, bebe, Bebe, incha a barriga e não fica bêbado nunca! Tirando isso, gosto de tudo. Têm muitas mulheres lindas, a comida, o astral das pessoas, o clima.
O que está planejado para o Amazing Onemanband para o futuro?
Agora no meio do ano sai um split 7 polegadas pela Monster Mash com o Chuck, Alabama , Hitman e Amazing Onemanband. Também tem tour na Europa em outubro e novembro. E estou planejando lançar um disco na web. Acompanhe aqui.
– Andye Iore (@andyeiore) é jornalista em Maringá e Cianorte (PR), fã de Cramps desde 1986 quando ouviu “Surfin’ Dead” no filme “A Volta dos Mortos Vivos”. Apresenta o Cinema na Música na rádio Música FM de Cianorte (89,9 FM) e o Zombilly no Rádio na UEM FM (106,9) e na Alma Londrina (www.almalondrina.com.br) além de ser responsável pelo site Zombilly.