Por Wagner Xavier
O Jeronimo é mais um item do fundo do baú, mais uma daquelas raridades que aparecem no mercado de vez em nunca e que deixam os colecionadores de rock simplesmente malucos. Formado na Alemanha nos final dos anos 60 por Gunnar Schaffer no baixo e vocal, Ringo Funk na bateria e Rainer Martz na guitarra e teclado, o Jeronimo estreou com “Cosmic Blues” em 1970, o primeiro álbum deste que é um dos power trios mais adorados pelos amantes do rock dos seventies.
Pegando carona no estilo formado pelo Cream, pelo Experience de Jimi Hendrix e principalmente pelo Grand Funk Railroad (tão criticado na época pelos especialistas e hoje adorado pelos fãs do gênero), o Jeronimo ainda gravaria mais dois ótimos álbuns após esta excelente estréia, mas “Cosmic Blues” é um excelente cartão de visitas. Começa com bastante peso com a dobradinha “News” / “The Key”, registros absolutos de um rock pesado, denso, arrastado e que tanto caracteriza coisas desta época.
O Jeronimo não se encaixa no Krautrock bastante executado pelas bandas alemãs de sua época estando mais próximo das bandas inglesas ou americanas do período e tendo sido apresentado ao mundo fonográfico através de um álbum dividido (entre lado A e B) com o Creedence Clearwater Revival sendo lançado pela Belaphon num disco que trazia um vinil rosa e um pôster de respeito. Uma verdadeira raridade atualmente.
“Cosmic Blues” também foi lançado pela Belaphon em pleno 1970 e trata-se de uma verdadeira raridade em vinil, muito difícil de ser encontrado e quando o é, o preço sempre é daqueles impeditivos (mesmo que irresistíveis). Como a banda já havia lançado alguns singles sem grande destaque então resolveram juntar tudo isto neste que seria a estréia em LP da banda.
A faixa “Na Na Hey Hey” curiosamente fez algum sucesso no Brasil nos anos 70. A música provavelmente deve ter sido lançada em alguma coletânea, programa de televisão ou coisa parecida. Bem diferente do hard apresentado pela banda, é até bacana, um pouco pegajosa com refrão daqueles que ficam na cabeça depois de ouvi-la. “Never Goin’ Back”, ótima faixa, quarta do lado B traz um ótimo trabalho instrumental, principalmente na guitarra. A faixa final “Heya” é uma delícia de som, e assim com “Na Na Hey Hey” é daquelas que ficam na mente.
Outro detalhe que agrada muito é a capa do álbum, escura com a foto da banda no melhor estilo “With the Beatles”, “Bad Reputation”, do Thin Lizzy, “Red”, do King Crimson, entre outros clássicos. O disco após lançado fez relativo sucesso na Europa levando o Jeronimo a excursionar pelo continente. Eles ainda gravaram dois ótimos discos antes de se dissolverem, sendo um deles outro clássico “Jeronimo” (1970), famoso pelo índio na capa, disco que se tornou uma daquelas peças cobiçadas pelos fãs do gênero.
O terceiro disco do grupo, “Time Rides”, saiu em 1972, e muitos anos depois o trio voltou às atividades e estão por aí até os dias de hoje, mas o momento histórico da banda ficou para trás e este “Cosmic Blues” está aí para mostrar o força do grupo, o Grand Funk alemão. Os três álbuns do grupo foram lançados em CD em 2003, um verdadeiro rock raro.
Wagner Xavier assina a coluna Rock Raro no Scream & Yell. Veja outras raridades aqui
ótimos penteados!