entrevista de Alexandre Lopes e Fábio Machado
texto de abertura de Alexandre Lopes
É impossível não esperar algo no mínimo intrigante ao se deparar com uma banda chamada Nigéria Futebol Clube. Formada há quase dois anos por Raphael “PH” Conceição (bateria e vocais), Rodrigo (guitarra e vocais) e Cauã de Souza (baixo), todos jovens negros e periféricos na casa dos 20 anos, a banda já apresenta uma identidade forte e um som desafiador. Sua proposta audaciosa mistura punk, jazz e o caos do no wave, com o objetivo de não apenas questionar o rock independente brasileiro, mas também de reinventá-lo radicalmente.
Mas rock? A banda prefere se distanciar desse rótulo. “Tem que acabar o rock, entendeu? Tem que deixar morrer, tem que ficar em paz”, descarta Raphael. Com uma visão crítica sobre o que o gênero se tornou, ele vê o rock como uma etiqueta saturada, que foi sendo diluída em uma série de subgêneros e significados vazios. “O rock, como conceito, está ultrapassado. Ele foi apropriado, especialmente por brancos. O rock que importa é o rock negro, mas ele foi roubado e destronado”, denuncia.
Mas se a banda renega o rock, como explicar sua identificação com subgêneros como o punk e a no wave, elementos que estão contidos nesse universo? Pode parecer arrogância e presunção típicas da juventude, mas para os integrantes do NFC, a questão é simples: o rock perdeu a força de subversão e transgressão que teve em seus primórdios e a proposta deles é resgatar uma música crua, energética e intuitiva, com uma forte carga política e social. Em suas palavras, a ideia é “matar o rock” para abrir espaço para algo mais autêntico e não elitista, que seja da periferia e que transite entre o ancestral e o futurista, inspirado no jazz experimental, no afrobeat e em outras formas de música negra.
Ao tentar criar uma amálgama disso tudo, a sonoridade do Nigéria Futebol Clube pode soar caótica e imprevisível, mas também carregada de intensidade crua. Seus sons são uma experiência na qual improvisação, microfonia, guitarras sujas e um baixo repetitivo se misturam com uma percussão frenética e vocais espontâneos. “A gente está em um momento mais punk, mas isso vai mudar. Não sabemos onde vamos estar em dois anos”, afirma Rodrigo, com a despreocupação de quem encara o futuro da banda com a mesma flexibilidade com que cria suas músicas na base da improvisação livre.
Embora o conceito de “rock” seja rejeitado, é difícil não associar o som da banda ao post-punk ferino que o PIL fazia em seus dois primeiros discos. Mas um amigo do trio encontrou um termo que sintetiza melhor a abordagem do grupo: “Afroexperimentalismo Turvo”. Nesse contexto, o “turvo” não seria apenas uma referência à sujeira ou à complexidade das músicas, mas também à vida nas periferias brasileiras, marcada por um jogo de contrastes, ambiguidades e resistência negra. Uma metáfora para um som áspero e difícil de digerir, mas que ao mesmo tempo reflete a estética de um estado de constante transformação.
O nome do grupo também faz uma conexão direta com as influências culturais e históricas africanas, que são uma presença constante, embora não explícita, na música do trio. A referência de artistas como John Coltrane, Miles Davis e Fela Kuti servem de combustível para seus shows e composições. Cauã explica: “O nome ‘Nigéria Futebol Clube’ já tem esse vínculo com a cultura afrodescendente. A gente quer trazer essas influências, mas de uma maneira única, que não seja uma cópia.”
Esse clima de inquietude aparece em registros como a session gravada no Estúdio Porão Perus, único registro oficial do trio até o momento e lançado no YouTube em agosto de 2024 (assista mais abaixo). Três faixas dão um gostinho do que a banda pode fazer ao vivo: a primeira, “Lurdes”, em homenagem à cachorrinha de Raphael, começa com uma batida densa de samba, mas que logo toma outra direção, mergulhando em uma viagem punk com ecos inusitados. “Preto Mídia”, por sua vez, parece se apropriar de um riff do Minutemen para questionar as imagens reais na sociedade enquanto “Nerds x Punks” critica estéticas do punk, trazendo uma visão sarcástica sobre a figura do rebelde que define sua identidade por meio de roupas compradas na Galeria do Rock.
Esse registro simples serve como um aperitivo para o que está por vir – a banda tem planos de lançar uma gravação mais completa ao vivo no próximo ano. “A ideia é lançar esse álbum no Spotify, com as gravações feitas de forma mais crua, mas que capturem a energia do nosso show”, explica Rodrigo. “Mas lá para o meio do ano que vem, a gente quer começar a trabalhar em um álbum mais complexo, com várias camadas e elementos novos, além de nós três tocando”, completa
Até existem outros vídeos amadores registrando shows e algumas músicas individualmente. Mas o som da Nigéria Futebol Clube é algo difícil de capturar. Cauã explica que o desafio está em transmitir a energia do show para o público, algo que muitas vezes se perde na gravação. “Gravar ao vivo é muito difícil, tanto pela qualidade do som quanto pela energia, que muitas vezes é impossível de capturar em vídeo. Mas a session que a gente gravou serve mais como um convite para que as pessoas venham ver a gente ao vivo”, avalia.
O show da banda também é exatamente isso: uma mistura por vezes caótica, que não se limita a convenções, uma energia que contamina os músicos e o público. “Cada show tem uma brisa diferente, tem algo de performance quase teatral. Não tem muito planejamento, as coisas simplesmente acontecem”, explica Raphael. “Eu acho que a Nigéria tem esse caos, mas também traz um ar de arrebatamento. A gente se perde um pouco nesse mundo e o público acaba entrando nesse espaço com a gente.”
Um dos exemplos dessa abordagem performática inusitada pôde ser presenciada no Porta Maldita, casa underground no bairro de Pinheiros, em Sâo Paulo, em meados de julho, quando Raphael introduziu “Lurdes” com uma performance que parecia um live mix com samples repetitivos, mas na verdade ele estava fazendo tudo apenas com a própria voz e microfone, como se fosse uma criança apresentando sua cachorrinha e se deixando levar por um delírio espontâneo. “A gente sempre busca transformar o show em algo que vai além da música”, ele diz, rindo. “A energia do público é o que nos alimenta para essas loucuras.”
Se há algo que permeia as ações e o som do Nigéria Futebol Clube é a crítica política. Mas o engajamento da banda não se limita às letras. “Desde o primeiro show a gente tenta passar uma mensagem política”, conta Rodrigo. Em algumas apresentações, o trio utiliza áudios de discursos do ativista Abdias Nascimento e do guerrilheiro Marighella, para fortalecer seu compromisso com uma visão socialista e revolucionária. Raphael vai além: “Acredito em uma sociedade socialista. Não me importo com o nome que colocam nas coisas. Só queria que a sociedade fosse mais justa. E o Nigéria é sobre agir, sobre fazer algo político de fato.”
Por fim, a política da cena também se reflete na maneira como o Nigéria Futebol Clube vê o futuro das bandas independentes. “O que não falta é show, o que não falta é banda, é muita gente”, diz Raphael. Para ele, a internet foi essencial para fazer conexões, mas a verdadeira força vem das pessoas que fazem a cena acontecer pessoalmente. “A cena é muito mais sobre a galera se ajudar e fazer coisas malucas. Se eu vejo alguém diferente na rua em Itaquá [Itaquaquecetuba, cidade onde moram o baterista e o guitarrista] , eu vou lá e falo: ‘E aí, tudo bem?’. E as pessoas têm que fazer isso, se conectar”, brinca.
“A cena está aí, e tem que ser mais conectada. Tem que se apoiar, ajudar as bandas novas a se encontrarem, a fazerem essas conexões”, diz Cauã, lembrando que, apesar das dificuldades, a cena continua forte, especialmente em São Paulo. Cauã complementa: “Não dá mais para ver a cena de maneira isolada. Cada banda tem que se enxergar como parte de um todo. Precisamos ser vistos como uma cena, uma cultura que continua existindo”. A ideia é fugir do isolamento e entender que a união das bandas é decisiva para a sobrevivência e fortalecimento de todo o movimento. O futuro pode ser incerto, mas para eles, a música sempre será uma ferramenta de resistência, criação e liberdade.
Em uma longa conversa com o Scream & Yell após um show, Raphael, Rodrigo e Cauã contaram sobre a banda, suas motivações e (ins)pirações, em meio a piadas, uma infinidade de “salves” ao longo da entrevista (que foram agrupados no final das perguntas para melhor entendimento do texto) e também deram a entender que esta pode ser a única entrevista que o Nigéria Futebol Clube dará na carreira. Será mesmo? Confira o papo!
Antes de qualquer coisa, gostaria que vocês se apresentassem…
Cauã: Eu sou Cauã de Souza, baixista, venho lá do ABC Paulista, Santo André.
Raphael: Sou Raphael “PH” Conceição, Rafael da Silva Conceição [baterista e vocalista]. Sou de Itaquaquecetuba, moro na Vila Monte Belo. Lugarzinho bom de morar, é isso!
Rodrigo: Eu sou Rodrigo, sou guitarrista, moro em Itaquá também, na Vila Gepina.
Vocês ainda não tem um lançamento 100% oficial. Qual a ideia? Vocês pretendem fazer algo para lançar de forma física ou em todas as plataformas?
Rodrigo: Então, a ideia é pegar essa session que está no YouTube (acima) e uma outra que a gente ainda vai gravar, juntar as duas em um álbum pra lançar no spotify. Essa é a ideia principal: lançar um álbum gravado ao vivo e aí mais pra frente, lá pro primeiro primeiro semestre do ano que vem, a gente começa a trabalhar em um álbum com várias camadas, outras coisas além de só nós três.
Antes de ver ao vivo, fui procurar sons da banda e achei alguns vídeos no YouTube com uma qualidade de áudio bem bruta e imagem meio estourada. Deu pra ver que tem coisas interessantes, mas ver ao vivo é outra coisa; dá para sentir melhor a energia de vocês. O que vocês têm a dizer sobre isso?
Cauã: Acho que muitas bandas já sofreram desse problema, né? Tem certos sons que são um pouco difíceis de capturar. Talvez não o som em si, mas a energia que rola toda durante o show. Acho que a gente é uma dessas bandas. Mesmo a session que a gente gravou, por mais que tenha ficado muito legal, não faz jus ao que eu diria que é um show nosso. Serve mais como um convite, né? Tudo que a gente grava, tanto em áudio como vídeo, e posta na internet, joga pro mundo, serve mais como um convite mesmo para as pessoas irem ver a gente.
Rodrigo: Mas é isso: acho que a gente fazer essas performances no show é o ponto alto, é o que faz as pessoas gostarem mesmo da banda. Se alguém vê um vídeo no YouTube, não vai gostar tanto quanto se conhecer a banda no show. A grande maioria das pessoas que ouviu a gente pela primeira vez em show sem ter visto alguma coisa antes, chegou em mim e falou que se surpreendeu demais. Porque a gente sempre tá correndo atrás de fazer uma parada diferente, isso surpreende as pessoas.
Raphael: eu vou fazer uns sons mais diferentes porque a gente é muito diferente, uns sons mais Nigéria Futebol Clube. (rindo)
Rodrigo: A experiência Nigéria Futebol Clube (risos)
Raphael: Mas ó, a gente fez a gravação ao vivo porque a gente queria justamente pegar essa energia do ao vivo, mas gravado de um jeito bom. Mas realmente é muito difícil você conseguir gravar ao vivo por causa das limitações de equipamento, porém nosso grandiosíssimo anjo e maestro do Jow Marques do Espaço Áurias e do Estúdio Porão Peruz nos ajudou nisso.
Ele é o Steve Albini de vocês? (risos)
Cauã: De certa forma. Ele deu uma puta oportunidade pra gente, abrindo o espacinho lá do estúdio caseiro dele pra gente gravar essa session. E também ajudou na parte da mixagem, sem custos. A gente só tem a agradecer por essa ajuda.
Eu percebo que as músicas tem uma vibe muito ao vivo mesmo. Elas saem de improviso? Como funciona o método de composição?
Rodrigo: Depende bastante da música, mas a maioria vem de improviso mesmo. Mais da metade das nossas músicas veio do nosso primeiro ensaio, quando nos reunimos pela primeira vez e criamos várias músicas assim, improvisando. Teve outras que fizemos parte por parte, mas a grande maioria é improvisada mesmo.
Cauã: Geralmente quando elas não vem diretamente de uma jam, vem de uma ideia que começamos a fazer jam em cima e aí a gente vai depois colocando certos elementos estratégicos em cada música. Mas de uma maneira geral, elas vem mesmo da improvisação.
O show de vocês é meio caótico né? Vocês gostam disso?
Raphael: É o que a gente gosta! (risos).
Rodrigo: É o intuito principal. É esse caos mesmo.
Cauã: Eu acho que é natural assim. Eu particularmente sinto como se virasse outra pessoa no palco, aí tudo sai naturalmente. Aquele caos da banda que acaba infectando o público.
Quando vi o show de vocês no Porta Maldita, teve um lance que você fez ali no microfone durante “Lurdes”… parecia que você estava fazendo um live mix com sample, umas repetições e tal. Mas era apenas você fazendo tudo com voz no microfone. E na session no YouTube não tinha aquilo.
Raphael: Na session não tem, a gente não chegou a fazer dessa forma. Fizemos de uma maneira chamando a Lurdes, né. Tem que chamar “Lurdes, Lurdes” (risos). Tem que chamar ela (risos).
Lurdes é o cachorro de alguém da banda?
Raphael: É minha cachorra, mano. Tem a Fiona agora vindo com tudo também. Fioninha, a gente tem cachorros e aí a Lurdes ela é minúscula… a Lourdes ela parece o Cauã, mano (risos)
Rodrigo: a Lurdes é o primeiro e único pintcher calmo da história!
Raphael: Parece que você entra num mundinho Lurdes, tá ligado? Mas nesse ao vivo da Porta Maldita a gente fez essa atuação aí por umas questões lunáticas. Cada show tem uma brisa, parece que é um espírito diferente que vem te visitar assim…
Rodrigo: A verdade é que ele não planejou, ele decidiu fazer na hora e saiu aquilo. E é assim em todo show: a gente não planeja essas coisas.
Raphael: Comentando brevemente, esse é um barato que eu acho que ainda vai acontecer muito nos nossos shows, é uma brisa meio performática de você realmente entrar num outro mundo, como se você do nada estivesse conversando com uma criança. Naquele caso foi isso: uma criança que tem uma cachorra e vai apresentá-la e falar como essa cachorra é linda. E aí você entra naquele mundo assim. Ao mesmo tempo que a Nigéria Futebol Clube tem um caos como você falou, sinto que ela também traz um ar meio de arrebatamento, sabe? (risos) Sai arrebatadinho (risos).
E como foi que vocês se conheceram?
Raphael: Eu tava na estação de trem e vejo um cara com a camisa da Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Estávamos indo no show da banda e nesse dia a gente se conheceu, mais um pessoal da Desconhecido Juvenal, aconteceram muitas coisas.
Rodrigo: Nesse dia mesmo a gente voltou trocando uma ideia no trem e acabou que uma ou duas semanas depois, encontrei o PH no trem duas ou três vezes na mesma semana. Aí foi Deus assim colocando a gente pra trocar aquela ideia. A gente falou de tocar junto, teve um dia que fui na casa dele, tocamos e saiu “Lurdes”. A gente tocou mais uns improvisos que não chegaram a virar outras músicas, mas depois disso criou toda uma discussão em volta do que seria o Nigéria. A gente começou a pensar em todo esse negócio de ter mais coisas além da música. Sempre foi tipo uma ideia que a gente ficou conversando por muito tempo e aí em 2023 a gente se reuniu com o Cauã para começar a tocar.
Raphael: O Cauã já era a pessoa que a gente pensava em chamar desde o início.
Rodrigo: A gente poderia chamar alguém ali da nossa região [Itaquaquecetuba], mas o cara era uma pessoa que a gente sempre pensava porque ele ouvia umas coisas que mais ninguém ouvia.
Raphael: O Cauã também tem toda uma estética que se encaixa com o nome Nigéria Futebol Clube.
Cauã: Eu conheci os caras em 2023, através da D’Artagnan Não Mora Mais Aqui, que é a outra banda do PH. E aí a gente passou a trocar umas ideias, via os stories uns dos outros, o que cada um andava escutando. Aí num dos shows da D’Artagnan, a gente teve que virar a noite no centro de São Paulo e acabou conversando mais. Eles me falaram “pô, você não gostaria de ensaiar com a gente um dia?” e eu falei “pô, vamos”. E passou meses assim, até que a gente conseguiu finalmente se encontrar para ensaiar. E como o Rodrigo falou, daquele primeiro ensaio saiu a grande maioria das músicas. Acho que a gente sentiu uma conexão muito forte ali e começamos a tocar, basicamente isso.
Quando vi vocês pela primeira vez no Porta Maldita e fui elogiar a apresentação depois, falei que vocês eram a coisa mais rock que eu já tinha visto ali, mas vocês não gostaram muito, dizendo que vocês são mais jazz. O que vocês consideram como influências e o tipo de sonoridade que fazem?
Raphael: Mano, eu acho que tem que acabar o rock, entendeu? Tô partindo desse pressuposto que tem que morrer o negócio de rock.
Rodrigo: O Nigéria tem muitas influências, mas nenhuma delas é somente rock.
Raphael: Tem forró (risos).
Eu reparei no show que você estava com uma camiseta do Stereolab.
Rodrigo: Eu sou fascinado por eles. É minha maior influência para tudo. Mas eu acho que pro som do Nigéria, a gente vai pra umas influências bem mais esquisitas, assim tipo No Wave, Free Jazz, essas coisas assim mesmo, bem Steve Albini das ideias.
Nesse lance de trocar ideias e referências de som, vocês falam de alguma banda específica?
Cauã: Eu lembro claramente que nesse dia que eles me chamaram para tocar pela primeira vez, rolaram papos sobre Black Midi, talvez US Maple, que é uma banda de uns esquisitões do indie dos anos 90. Umas coisas assim meio math rock e mais experimentais também. Afrobeat obviamente, Fela Kuti e tal. Apesar de não ser um negócio claramente presente no nosso som, é uma influência grande. Que até já começa pelo nome Nigéria Futebol Clube. E cada um vai trazendo as suas referências próprias e a gente vai misturando para tentar deixar com a cara do Nigéria.
Raphael: Assim a gente está denunciando o nosso plano, mano. Às vezes ia ser interessante se essa fosse literalmente nossa única entrevista de todas. Então já que vai ser a única…
Cauã: Eu acho que a gente ainda vai conversar bastante sobre isso… [apaziguando]
Raphael: Não, vamos conversar sim, vamos conversar. Mas por um bom tempo. Sei lá, talvez a entrevista mais…
Rodrigo: Vai ser a única pelo menos nos próximos 30 anos (risos)
Raphael: É, por aí! Uns 30 aninhos depois a gente conversa! Enfim, na verdade o Nigéria é um experimento, não é uma banda. É óbvio que é uma banda, um power trio, mas não é só isso. Inclusive no dia do A Porta Maldita a gente colocou o Linguini pra tocar com a gente, colocamos José para tocar também. Mas assim, eu acho que essa coisa do jazz está justamente na parte que é quando a gente se despreocupa do som que a gente está fazendo, mas se preocupa com a vibração dele. No geral, nossos sons são muito simples. E como eu também canto, é uma coisa difícil de fazer. Mas a gente está aprendendo, quer fazer muitas coisas, muitos tipos de som. Na experiência atual que a gente se propõe a fazer, nessa roupagem, eu acho que ela tem uma vibe de “não lugar”. Como se fosse “uma coisa que não é uma coisa”. Como se não fossem pessoas, como se a gente não existisse. Eu realmente queria que fosse isso. Estamos nessa brisa agora, mas pensamos seriamente no futuro mudar e fazer coisas completamente diferentes. A gente se influencia muito por música ambiente, por jazz. Eu particularmente escuto muito John Coltrane, Miles Davis, sou fissurado nesse cara. Escuto muito Fela Kuti. Ele tem isso de ficar numa coisa ritmada que vai mudando sempre e se torna um ritmo infinito. E a gente tenta fazer nosso som para o nosso show ser infinito, sabe? Uma coisa meio tribal, resgatando essas influências afrodescendentes. E dentro dessa coisa toda que justamente houve um massacre. Por isso que falo tanto dessa questão do rock, porque acho que o termo era dos negros e foi destronado dos negros, inclusive. Então acho que acabou assim, virou uma coisa idiota, só performance, só fantasia. E a gente queria saber o que as pessoas fazem hoje, eu não tô nem aí pro pessoal de antigamente…
É legal você falar isso porque os jazzistas falavam isso do termo jazz; eles falavam que o termo era uma criação de branco. Eles falavam que era música negra e não jazz. E isso acabou virando comercial também.
Raphael: A gente está aqui falando que reverencia o jazz, mas até o jazz sofre com isso. Eu acho que nem jazz a gente é, é só uma música que realmente junta todos os elementos do mundo com elementos afrodescendentes e de quebrada também. Sei lá, às vezes existe um forró ali, uns agudinhos, um ritmo que vai e se repete. E muito punk também. Acho que No Wave Punk é uma coisa interessante que aconteceu no mundo inteiro, é um movimento muito forte que influencia muita gente.
Eu queria perguntar: justamente pelo lance de vocês serem da quebrada, como é que vocês chegaram nesses sons mais herméticos como No Wave? Pesquisa na internet? Ou alguém apresentou isso para vocês?
Rodrigo: Você começa a ouvir uma banda, vai ouvindo outra e, dependendo do nível que você fica fissurado na música, você vai muito fundo para achar outras bandas similares. Então a grande maioria das coisas que eu escuto foi pesquisando sozinho, mas uma boa parcela de coisas foi o PH que me apresentou. No Wave eu não escutava, mas teve muita coisa que ele me apresentou e que eu comecei a ouvir bastante, pesquisar mais sobre e no meio achar essas bandas esquisitas e específicas. Foi o que fez eu me apaixonar tanto pelo Cauã também, porque ele ouve umas bandas que eu conheço. Eu nunca conheci uma outra pessoa que ouvia Brainiac, que é uma das minhas bandas favoritas e o Cauã também ouvia. E aí isso aí me pegou demais, a gente teve muito match assim, com o gosto dele.
Cauã: A gente conhece muita coisa por causa da internet, mas acho que até mesmo por morar aqui na grande São Paulo, a gente consegue se conectar pessoalmente com outras pessoas que também gostam dessas maluquices. Para não dizer que fica só em você e uma pessoa do outro lado do planeta que conhece aquela banda que quase ninguém lembra dos anos 90, a gente aqui em São Paulo consegue ter essa conexão pessoalmente, com pessoas que curtem essas maluquices assim.
Qual é a idade e instrumento de cada um de vocês?
Cauã: Eu tenho 25. Meu instrumento principal é o baixo mesmo, mas toco um pouquinho de guitarra e violão, arranho um pouco de bateria.
Raphael: Eu tenho 21 anos. Eu toco bateria, violão um pouquinho, toco guitarra também. Mas é isso, toco a vida (risos).
Rodrigo: eu tenho 21 anos, eu toco guitarra, baixo e tento às vezes tocar bateria. Tocar harpa, sanfona, gaita, gaita de fole também.
Percebi que você usa uns pedalzinhos chineses. O que você tem para falar sobre as taxas do Haddad nas importações chinesas?
Raphael: faz o L agora! (risos)
Rodrigo: É, nesse momento eu queria desfazer o L (risos). Mas é isso, eu sempre comprei pedal chinês porque é o que dá para comprar quando você é pobre. Lembro que os primeiros pedais que comprei no Aliexpress eu tava pagando 100 conto. Aí agora só de taxa eu tenho que pagar mais 100 conto em cima do valor do pedal. Eu espero que logo menos passe isso aí das taxas, que elas diminuam. Porque eu vou continuar comprando na China porque… o bagulho é China. Não tem outro jeito.
De quem foi a ideia de chamar de Nigéria Futebol Clube? É muito bom esse nome.
Rodrigo: Foi quase uma ideia instantânea que eu e o PH tivemos ao mesmo tempo. No dia que a gente foi tocar junto pela primeira vez, eu estava usando uma camisa da Nigéria. Aí a gente estava falando sobre nome de banda, os dois olharam pra camisa e veio a ideia ao mesmo tempo. E depois que você fala pela primeira vez, não tem como ‘desfalar’. É muito marcante Nigéria Futebol Clube.
A gente estava conversando sobre o lance do rock. Você não acha que seria uma boa pegar de volta o lance do rock e do jazz? Digo, dos brancos que roubaram a coisa toda…
Raphael: Eu acho que a nossa geração mudou, entendeu?
Rodrigo: Deixa ele morrer, deixa as coisas morrer mesmo!
Raphael: Tem que morrer, tem que ficar em paz.
Cauã: Mas no fim das contas eu acho que nunca morre também… sei lá!
Raphael: É só uma coisa que as pessoas vão querer fazer, sabe? O importante é que as pessoas vão tocar música, e é isso.
Para vocês seria um rótulo, apenas?
Raphael: É uma coisa, um rótulo. Quando acaba esse rótulo, vira outra brisa, porque todo mundo hoje em dia escuta muita música. Não existe mais essa brisa de tribos selvagens, gangues. Nós estamos aqui agora, mas ontem eu e o Rodrigo estávamos lá no Curuçá ouvindo reggae, Dub e descendo até o chão. E isso nos influencia também, tá ligado? Então acho que ficar nessa brisa de uma bandeira específica não tem porque. Às vezes o porquê é justamente a gente só ser nós mesmos. E se aparecer algum nome, isso não interessa, quem vai falar isso são outras gerações. A gente querer ficar rotulando isso aprisiona a gente, sabe? Então acho que esse é o conceito do No Wave, de todos esses movimentos do Jazz, Free Jazz, de tudo isso. A ideia sempre foi: faça música. Você toca, inventa uma música e isso é uma satisfação, tá ligado? É mais por essa brisa. A gente sabe que o pessoal vai chapar. E a gente não está nem aí se o pessoal não chapar também. Sendo bem honesto, a gente está nessa brisa porque a gente quer experimentar. Um mundinho que eu conheci recentemente e que mudou muito minha concepção de som e até de ser, é Rosalia de Souza. Ela e um pessoal que faz um rolê na Itália, que faz um samba diferente, um samba novo e é isso e também entra nesse conceito de acabar, de morrer, que a gente propõe também pro rock e para todas essas coisas.
Mas mesmo sem querer fazer rock, vocês são mais rock que muita coisa de rock.
Rodrigo: Não sei, eu acho que a gente não gosta que chame de rock. Dizer “vocês são muito rock” é um negócio muito… eu não sei definir
Raphael: é “pelo amor de Deus, irmão! Tá tirando, hein?” (risos)
Rodrigo: É um negócio que a gente não se identifica nem um pouco, com essa coisa de rock.
Raphael: É porque o rock era esse movimento de jovens que vão fazer música barulhenta e rápida. E ele aconteceu naquele momento e foi impactante, mas depois ele virou várias coisas. Se você for ver o rap, ele só existe de certa forma porque existiu o rock, tá ligado? Então ele inventou as coisas mas ele não é o paladino cruel. E esse rock ainda assim é o rock branco, tá ligado? A gente tem que entender isso. É uma outra rapaziada, outra vivência de outro momento, eles tinham os privilégios deles, tinham as dificuldades deles, mas era outra coisa. O que a gente está vivendo agora é diferente. Segue moldes parecidos, mas a gente pode inovar, a gente pode ir para qualquer outro lugar. Não precisa ficar achando que a gente tem que ser como eles ou seguir alguma coisa. Essa coisa de “rock de atitude”… eu acho que quando o quesito é atitude, eu prefiro a palavra “punk” porque eu acho que ainda entra no senso crítico do punk como adjetivo. O rock como adjetivo está batido. O punk como adjetivo talvez até passe. Mas não é ruim porque o rock é um movimento; o rock é outra coisa, é um pilar grande, mas deixa ele lá no pedestal dele.
Eu sei que é contra o que você já falou, mas assim, se eu tivesse que rotular vocês de alguma coisa para explicar o som para quem nunca ouviu, seria o quê?
Cauã: Eu não ligo tanto assim pra coisa da rotulação. Porque eu acho que as pessoas sempre vão rotular e às vezes em até alguns casos a rotulação de certa forma ajuda, de chegar em certas pessoas que não chegariam antes. Então acho que a gente não vai se rotular, mas também não vai ligar pros rótulos que as pessoas nos derem. A não ser que seja tipo extremamente ofensivo (risos) tipo “ah vocês são sertanejo universitário” aí eu paro “não aí não dá” (risos).
Rodrigo: Mas acho que esses rótulos que a gente está recebendo é muito uma parte da fase que a gente está agora. Numa fase mais punk, um som mais barulhento…
Cauã: E nossos primeiros shows foram com bandas punks.
Rodrigo: Mas daqui logo menos a gente vai estar fazendo um som completamente diferente, colando com bandas completamente diferentes, porque a nossa ideia é testar tudo, é experimentar tudo. Então esses rótulos não vão permanecer, porque daqui uns dois anos quando a gente tiver mais coisas lançadas, vai ter um álbum extremamente punk, um álbum de música ambiente e a pessoa vai falar “o que que essa banda é?” e ninguém vai saber dizer.
Vocês tem algum recado específico que acham importante falar que eu não perguntei?
Rodrigo: Ache pessoas da sua quebrada que façam música e faça música com essas pessoas. Não tente procurar pessoas que morem longe de você pra fazer um som. Apesar da gente ter achado o Cauã, que mora em outra cidade né?.
Raphael: Mas o Cauã também vem dessa escola. Porque ele já cola com muitas pessoas que tocam também, então a mensagem continua a mesma.
Rodrigo: Mas eu digo isso porque fazer música fica muito mais fácil quando você mesmo cria uma cena ali, onde você mora. Eu e o PH a gente começou a reunir um bonde ali em Itaquá e agora em qualquer momento eu posso falar “ah eu quero fazer uma banda de tal coisa” e vou conhecer milhares de pessoas que tocam instrumentos e isso é maravilhoso. Então procurem músicos perto da sua casa.
Raphael: Tem que ser como eu, tipo um doido. Às vezes na rua em itaquá, se eu vejo uma pessoa que é meio diferentinha, eu vou lá e digo “e aí, tudo bem?”, me apresento. Porque senão as pessoas correm.
Eu vi que tinha um jornalzinho ali na frente do palco, voltado aos trabalhadores, da Unidade Popular. Vocês se consideram uma banda política? Vocês são engajados?
Rodrigo: Sim, eu acho que desde o nosso primeiro show a gente tenta passar uma mensagem política por trás de tudo. Tanto que tem um som nosso que é “ambiência”, que sempre tento começar com algum áudio de um discurso de alguém importante, para as pessoas saberem daquilo, tipo Abdias Nascimento.
Raphael: A gente colocou do Marighella também. Tem muitos pensadores brasileiros importantíssimos na década de 60, 70 e 80, que merecem mais reconhecimento intelectual, serem referenciados. Esses dias eu estava discutindo com alguém e essa pessoa foi puxar um argumento falando “Ah, mas Sócrates falou…” aí eu fiquei “porra mano, mas Sócrates?” Tá ligado? Tipo assim, Grécia mano, sério mesmo? Você acha que aqueles caras estavam e ainda estão certos? As pessoas são alienadas, né? Todo mundo é alienado. A gente vive realmente um materialismo histórico dialético. Tanto que a gente falou da UP porque a UP é um partido organizado, a Unidade Popular. Ele visa o socialismo, visa realmente a parte radical. E ele tem o jornal A Verdade, que é um jornal que é feito hoje pela rapaziada da UP, mas que já era feito há muito tempo antes deles. São vários movimentos. É o jornal A Verdade, o MLC, o MLB também. O MLC é movimento de luta de classe que faz greve, o MLB faz ocupações e são várias lutas. Tem como agir de alguma forma, a questão é organizativa. O nome eu sinceramente nem me importo. Para mim isso não interessa. Se fosse PC, Partido Comunista ou só C comunismo ou só Organização, tá ligado? Tá bom, mano. Eu só queria que fosse uma sociedade. Acredito numa sociedade socialista e se isso é possível de se alcançar, então a gente tem que trabalhar nesse sentido. Sinto que a nossa crítica política é essa. A gente tem que agir, mano. E aí a Nigéria é muito sobre isso, as pessoas vêem e fica tipo “nossa isso é mais estranho, isso está acontecendo?” Então isso também é político, sabe? E por que que a gente tem que ter medo né? Tanto que, putz, não queria citar as nossas músicas, mas acho que é interessante falar a gente tem uma música que chama “Nerds versus Punks”, que é essa guerra imortal (risos). E eles estão brigando frequentemente porque às vezes o punk é meio idiota, às vezes o nerd é mais inteligente… às vezes os dois são Punks, mas os dois são nerds, porque pro cara ser punk, ele tem que ser nerd. Então é “nerds versus punks” na mente assim, sabe? Com nerd e com punk. “Eu sou nerd ou eu sou punk?” (Risos).
Rodrigo: Mas é isso, Nigéria é político sim! E eu estava falando com o PH isso esses dias: ainda acho que não é político o suficiente. Então podem esperar mais manifestações, a gente falando mais de política no show. Porque sinto que nessa cena tem muitas pessoas que sabem que são de esquerda, mas não tentam estudar, não tentam ir atrás disso e tem que ir atrás. Para se radicalizar, para se juntar, se unir com o pessoal, porque senão não acontece nada.
Raphael: A ideia tem que ser passada, né?
E por isso que vocês se identificam com a coisa do punk?
Raphael: Exatamente, porque é político. Você se torna político. O punk é isso. É atitude para você expor as suas insatisfações. E se hoje as minhas insatisfações não são uma coisa só, não é só sei lá, Bolsonaro, Lula ou qualquer coisa assim, é uma questão de meio de produção, tá ligado? Uma questão de mundo de história.
Então vocês são quase um punk jazz, né?
Raphael: Punk samba jazz (risos). Deram um nome bom de que gostei, o pessoal da Taciturno colocou “Afroexperimentalismo Turvo” e eu achei interessante. Turvo é sujo, de águas turvas, águas sujas… mas assim a gente fala desse negócio do rótulo mas seriamente, se for para dar nome vamos dar nome, tá ligado? Vamos deixar bonitinho “Afro experimentalismo Turvo”! Ai meu Deus, calma, calma (risos)
O que vocês estão achando da cena independente pós pandemia? Tá difícil? Tá ruim para conseguir show, como está?
Rodrigo: Acho que depende bastante, mas pelo menos pro Nigéria tá ‘pocando’.
Raphael: O que não falta é show, o que não falta é banda, é muita gente. Às vezes a gente fala muito da internet, mas esse é o trabalho da internet, porque não é tão difícil virar uma conexão assim, sabe? Você vê uma banda, troca uma ideia, dá um like nela e acabou, sabe? Às vezes troca uma ideia, manda uma mensagem, você vai num show e tem um monte de gente que de outras bandas, conhece outras pessoas, então sempre vai ter essa brisa sabe? São muitas bandas, mano. Sinto também que deveria se organizar mais e eu queria conseguir ver isso ainda em vida, nesse sentido de fazer uma organização pras próprias bandas que se conhecem e saberem que é possível o contato, que é possível ajuda, porque a gente está aqui para fazer coisa doida mesmo, tá ligado? A gente é independente, tipo por exemplo… A gente pensa agora em fazer uma session num lugar diferente que não é num estúdio. Fazer num campo de futebol, ou na rua. Dá pra gente fazer isso se unindo, sabe? E hoje a cena é tão forte a esse ponto que a gente conhece pessoas maravilhosas que nos ajudam a conseguir fazer esse tipo de movimento. Óbvio que é tudo muito trabalhoso e todo mundo vai trabalhar, mas a gente sabe que vai fazer e sempre vai ser uma coisa doida, tá ligado? E tá um trabalhando pelo outro assim.
Cauã: Só para finalizar essa coisa da cena: eu acho que não posso dizer como era antes da pandemia, porque realmente foi um negócio que eu passei a colar mais frequentemente pós-pandemia, né? Mas eu acho que são sempre as mesmas dificuldades… Muito lugar abre, muito lugar fecha, mas aqui pelo menos na cidade de São Paulo você sempre acha uns lugares que estão dispostos a abrir pra galera que tá começando. E quando você começa a fazer as conexões verdadeiras com a galera das outras bandas, você consegue arrumar mais shows e tal. E aí uma coisa que eu acho importante dizer que uma ex-amiga mais velha me falou uma vez: hoje em dia parece que as bandas são melhores do que quando ela era adolescente, então eu sinto que essa qualidade casa muito com tudo que a gente falou. Acho que isso também ajuda, e eu compartilho desse sonho do PH de ter uma organização maior. A gente precisa ser visto mais como cena porque, querendo ou não, as bandas ainda são vistas de uma forma muito individual, cada banda por si. E eu acho que a gente precisa começar a ser visto mais como uma cena ou como um conjunto de cenas.
Raphael: Como uma cultura que existe e que continua existindo, tá ligado? E só para sempre lembrar que a cultura existe. Tipo assim, você pensa numa banda e já pensa em várias outras também. Existe uma coisa acontecendo, as bandas são amigas e tem projetos intercalados porque isso acontece naturalmente, sabe?
Cauã: E não amigos no sentido de um tipo “Clube do Bolinha”, sem ser uma panela. Mas uma coisa da galera ser amiga mesmo e estar disposta a colocar mais gente para dentro sim.
Raphael: É esquema de pirâmide na verdade, né? (Risos) Pra gente ter mais dinheiro, muito dinheiro e comprar um Fiat 95, bater ele no poste e sabe quem vai estar no porta-malas? Linguiça, com uma caixa de ovos e vai tudo dar errado, infelizmente e você vai vir a óbito. Mas a caixa de ovos vai tá lá intacta (risos).
Salves para:
Jow Marques do Estúdio Porão Peruz, Eduardo Linguiça, Absorto, Violeta e Yatto Kasama, Lurdes, Fiona, Sossego, Igor Celestino, Vinco, Cianoceronte, Movimento Náufrago, Tubo de Ensaio, Quadrado Angustiado, Taekwondo Contemporâneo, Arizonas, DST, Malditos Jovens do Reggae, Preton, Taciturno, Mafra, Mãe Que Dá Medo, Virtudes Fantasmas, Quarto Vazio, Schizo Age, Comunautas, Porto, Tipoia, Márcio aí da oficina de carro, Sophia Chablau E Uma Enorme Perda de Tempo, Mandelão, José, Derick, Renan, Dani.
– Alexandre Lopes (@ociocretino) é jornalista e assina o www.ociocretino.blogspot.com.br.
– Fabio Machado é músico e jornalista (não necessariamente nessa ordem). Baixista na Falsos Conejos, Mevoi, Thrills & the Chase e outros projetos.
Todas as imagens são do Instagram da Nigéria Futebol Clube: instagram.com/nigeriafutebolclube