Entrevista: De volta após mais de uma década, Ecos Falsos promete disco para 2024 e põe geração 2000 no divã

entrevista de Bruno Capelas

Há um fenômeno curioso no ar da cena alternativa paulistana: o retorno de uma série de bandas independentes dos anos 2000 – aquela geração que apostou que a internet poderia substituir as grandes gravadoras e que rodou o Brasil em festivais espalhados pelos cantos mais improváveis do território nacional. Desde o finzinho do primeiro semestre, a lista que conta com nomes como Pullovers, Ludovic e Forgotten Boys foi reforçada pelos Ecos Falsos, quarteto que fez muita gente se esgoelar ao som de frases como “eu só sou sentimental quando eu me fodo”.

Reformado com Gustavo Martins (voz, guitarra), Daniel Akashi (voz, guitarra), Felipe Daros (voz, baixo) e Davi Rodrigues (bateria) – a mesma escalação que gravou “Descartável Longa Vida” em 2007 – o Ecos Falsos lançou seu primeiro single em mais de uma década no final de junho. Com capa bem-humorada citando aquela rede varejista vermelha e amarela que se espalha feito praga na cidade, “Vai Virar Prédio” fala não só sobre a especulação imobiliária em São Paulo, mas também sobre uma série de mudanças que vêm com o tempo.

A segunda música da nova fase é “Gustavo do Standup”. É uma composição que Daniel e Felipe fizeram sobre a empreitada do amigo Gustavo no ramo da comédia. “É a música mais triste dos Ecos Falsos”, diz o vocalista, em entrevista ao Scream & Yell realizada via Google Meet. A menção às plataformas tecnológicas não é à toa: não só a entrevista foi realizada a distância, como também os dois singles que antecipam um novo álbum, a ser lançado pela Monstro Discos – a promessa é de que o trabalho chegue ainda este ano, com pelo menos 10 faixas.

“É um disco de velho, sabe? Tem umas coisas engraçadas, mas é um disco melancólico, tem muita frustração sendo digerida. Estamos voltando e nos divertindo, mas está todo mundo com dor nas costas”, argumenta Davi, que desde 2012 mora na Alemanha – o motivo para parte das gravações terem sido feitas remotamente. A mudança, inclusive, foi uma espécie de bode expiatório para o término em 2011. “Nós falamos para todo mundo que o Ecos Falsos ia acabar, mas para nós mesmos era a famosa pausa indeterminada”, conta o baterista.

Aproveitando as férias de Davi no Brasil, o grupo também tem feito shows na capital paulista: o primeiro concerto de retorno, no Picles, foi comovente não só pelo reencontro, mas também por ter acontecido no dia da morte de Daniel Belleza, outro desses intrépidos músicos que rodou o Brasil em carros apertados acreditando na promessa de uma cena sustentável. “Nós somos a geração de bandas que viveram um pouco a onda da promessa que a internet trouxe da cauda longa”, define Gustavo. Mas não foi bem isso o que aconteceu: “Parece que quando a gente chegou na festa, já tinha acabado a cerveja e o que sobrou era coca sem gás”, diz Davi.

Na entrevista a seguir, Davi e Gustavo falam sobre os motivos que levaram o Ecos Falsos a terminar em 2011 e, depois de tantos anos, a voltar a tocar. Eles também contam mais detalhes do trabalho que vem por aí, que neste momento está em hiato justamente porque o baterista está no Brasil. “O engraçado é que havia esperança que íamos finalizar o disco juntos, aqui no Brasil, mas a realidade se impôs”, brinca Gustavo.

No papo por Google Meet, os dois também analisam o legado e a nostalgia em torno dessa geração de bandas, numa conversa que às vezes ganha tons de sessão de terapia ou análise. Convidados também para o papo, Daniel e Felipe complementaram alguns pontos ao chegarem no final da conversa – a entrevista foi editada em sua ordem para facilitar o fluxo de leitura. Seja qual for a sua linha de trabalho, caro leitor ou leitora, fique à vontade: tire os sapatos, acomode-se na poltrona ou no divã e acompanhe os Ecos Falsos nesse papo terapêutico. Vai um café?

Em homenagem ao Silvio Santos, a primeira pergunta tem um tom de programa de auditório: por que parou? Parou por quê?
Davi: Polêmica, hein?

Gustavo: Vou deixar o Davi responder, foi ele que fugiu do país.

Davi: A culpa é minha!

Gustavo: Apesar de que não é: não foi imediatamente após o fim da banda que ele foi embora. A banda terminou em 2011. Em que ano você foi pra Alemanha, Davi?

Davi: O que aconteceu foi o seguinte: no fim de 2011, tinham rolado umas frustrações nossas com as coisas da banda, e eu já estava planejando ir embora em 2012. Aproveitamos o lance da ressaca moral e o meu plano para parar, vendo o que ia acontecer no futuro. Nós falamos para todo mundo que o Ecos Falsos ia acabar, mas para nós mesmos era a famosa pausa indeterminada.

Gustavo: Lembro da sensação de que estava muito trabalhoso marcar shows e ensaiar em 2011. Em inglês, tem aquela expressão “diminishing returns”: parecia que quanto mais a gente se esforçava, mais difícil o negócio ficava. O segundo disco [“Quase”] tinha saído em 2009: fizemos shows, divulgamos, conseguimos algumas coisas legais, tocamos em festivais bacanas, mas a banda já estava em outra fase e a gente já tinha outra rotina de vida. Eu me lembro muito de reclamar que não queria ensaiar.

Davi: A culpa do fim então foi do Gustavo, porque ele nunca queria ensaiar.

Gustavo: Até hoje, ensaiar é a parte que eu menos gosto. Fiquei muito feliz quando a gente decidiu voltar, começou a gravar música e tal… aí quando eu lembrei que tinha que ensaiar, “puta merda… ah não”. (risos). Mas voltando pra pergunta: a gente ainda não sabia, mas aqueles foram os últimos anos de felicidade que o país teve, 2013 já foi logo depois e aí foi ladeira abaixo. Em 2011, a empolgação já era diferente: fomos uma banda que viveu muito os festivais e a cena independente, não foi só o Ecos que parou naquela época. Tenho uma sensação de que tudo estava parando, não tinha mais tanto lugar para tocar, algumas casas estavam fechando. A Trama Virtual estava pra fechar, o Spotify ainda não tinha surgido e não tinha nenhuma perspectiva de renda com o fonograma, com a música em si. Tudo dependia dos shows. Foi um momento em que sentimos que o esforço era maior do que o retorno. Decidimos parar e a questão da mudança do Davi virou uma justificativa. Até porque a gente não tinha mais muita música pronta, deu preguiça de começar um ciclo de compor-gravar-fazer show.

Davi: Tem outra coisa: naquela época, a banda tretava mais. A banda jogava frustração de um em cima do outro, não estava todo mundo mais na mesma sintonia. De nós todos, eu fui quem mais ficou envolvido com música, com estúdio, mas cada um meio que foi pra outro lado. Foi um zeitgeist todo específico.

Capa de “Quase Tudo”, edição livro + CD do segundo disco do Ecos Falsos, de 2009

Não ia dar pra cumprir mais um ciclo olímpico.
Gustavo: É! E tem outro ponto, mas esse é culpa minha: fomos muito pretensiosos na época do “Quase”, que tinha um livro e várias versões de disco juntos. Quisemos ter todas as ideias ao mesmo tempo e o retorno não veio: óbvio, porque as pessoas nem entenderam o que a gente estava querendo fazer. O que eu não lembro é se o Davi tinha previsão de voltar?

Davi: O plano inicial era ficar um ano e estudar na Alemanha, mas aí surgiu a chance de fazer um mestrado. Cheguei a voltar em 2013, trabalhei um tempo na YB, e agilizei muita coisa com outra banda que eu tenho, a Orange Disaster. Chegamos até a fazer turnê na Europa, também toquei com o Combover e comecei a fazer as minhas coisas solo. Mas o que era pra ser um período de um ano para voltar e ver o que rolava no Brasil acabou virando inicialmente pelo menos cinco anos – e agora já são doze, em projetos que se renovam. Lembro que teve algumas tentativas de voltar, mas o Gustavo foi mais quem ficou fora disso tudo.

Gustavo: Tem ainda o fato de que 2011 foi o ano em que eu comecei a dirigir o “Furo MTV”. Eu trabalhava na MTV e entrei nessa onda de humor, do stand-up, dos comediantes. Trabalhei com o Marcelo Adnet, com a Tatá Werneck, com a [Dani] Calabresa, com o Bento [Ribeiro]… e depois fui trabalhar na primeira fase do Agora é Tarde, do Danilo Gentili.”.

Davi: Desculpa te interromper, Gustavo, mas a história dos Ecos Falsos é que estamos tão na crista da onda que a gente sempre leva capote. Fizemos podcast lá em 2008, stand-up em 2011…

Gustavo: Eu até tentei fazer o meu stand-up uma época – tanto que tem uma música nova da banda que é sobre isso, sobre essa experiência de eu ter feito stand-up, embora eu não tenha feito a música. Mas foi isso: durante um tempo, achei que se fosse para ter um projeto paralelo “narcisístico”, de ficar famoso, não ia ser a banda, mas o humor. Também comecei a trabalhar com roteiro. O que aconteceu é que depois desse tempo todo nós quatro continuávamos a nos falar. Era um núcleo duro – até porque são as pessoas com quem mais passei tempo na vida dentro de um carro, dirigindo. Foi a formação mais perene da banda e a gente volta e meio se falava. De vez em quando, eu, Felipe e Daniel nos juntávamos para gravar umas coisas. Quando juntamos agora, tinha umas demos de 2013, de 2014, com ideias que aproveitamos. Em 2017, quando o “Descartável Longa Vida” ia fazer 10 anos, calhou do Davi voltar.

Davi: Eu estava conseguindo vir pro Brasil uma vez por ano, na média. A ideia sempre foi voltar pra cá, e lembro que em 2017 já tinham rolado algumas dessas músicas que vamos lançar agora, elas já estavam engatilhadas. Lembro que o Felipe fez uma reunião que parecia uma DR de ex, aquela coisa “e aí sumidos, como vocês estão?”. “Eu sinto tanta falta de vocês, a gente podia fazer uns rolês”.

Gustavo: Teve ainda esse test drive da volta em 2017: tivemos que ensaiar, eu sempre boicotei… mas fizemos esse show no Breve. Só lembro que foi no mesmo dia do show do Justin Bieber no Brasil, o trânsito todo parado e o Breve era ali do lado. Eu pensei “caralho, paramos o trânsito”, mas óbvio que era o Justin Bieber. E foi um show legal, como experiência de tocar foi divertido.

Davi: Mas na época, o que rolou foi que eu e a minha esposa já tínhamos tido um filho e estávamos para ter o segundo. Foi quando estava tendo crise de zika, decidimos esperar um pouco pra voltar pro Brasil… e aí quando veio a hora de voltar veio a pandemia. (risos)

Gustavo: Na pandemia, eu fui pros EUA fazer uma pós-graduação em roteiro. Mas uma coisa relativamente importante para a nossa volta foi que, nessa viagem, eu comprei um Macintosh. Eu nunca tinha tido um Mac – e o Mac vem com Garage Band. Já tinha um programa desses no Windows, mas não era tão bom quanto o Garage Band. Ali, percebi que dava para gravar em casa e me deu vontade de gravar umas coisas. Isso me fez voltar a empolgar a gravar demos. Eu me apego aos aparelhos, sinto que eu preciso desse tipo de coisa.

Davi: Pelo que eu me lembro, os meninos já tinham gravado algo em 2017, 2018. Mas a vontade de fazer o disco foi em 2021, eu encontrei com os dois e eles me mostraram algumas demos construídas e falaram que você tinha algumas coisas. Fizemos aquela pastinha na nuvem, que chamava “Ecos Falsos – Não Aprendi a Dizer Adeus”. (risos).

Daniel, Felipe, como foi essa ideia de voltar pra vocês?
Daniel: Desde que eu comecei a morar perto do Felipe, sempre combinávamos de tomar uma cerveja toda quinta-feira. Era uma data reservada já pra isso, de jogar conversa fora, e aí surgiu o papo de fazer umas músicas. O Fê veio com umas ideias, eu tinha gravado umas coisas com ukulele. Chegamos até a cogitar lançar um disco só nós dois.

Felipe: Isso é pré-pandemia, né? Mas foi isso que eu ia falar: havia essa ideia de lançar um disco só nosso.

Gustavo: O quê?!

Felipe: Como eu estava conversando direto com o Daniel, mas não estávamos falando tanto com os dois e coincidentemente os dois tinham sido pais, ficamos na dúvida se eles animariam. Durante um tempo, achamos que deveria ser só nós dois, que eles nunca mais iam querer tocar. Em algum momento, falamos com o Gustavo, ele surpreendentemente se animou, e aí nos animamos de falar com o Davi. Não era algo programado voltar com os Ecos.

Daniel: E a ideia de gravar a distância era algo que a gente nem imaginava. Ainda era aquela ideia de gravar em estúdio, o que se fazia 30 anos atrás.

Gustavo: Eles gravam na idade da pedra, umas fitas cassete, tocando violão e cantando por cima. São dois velhos!

Davi: Não fala assim, é lo-fi que fala!

Gustavo: Pô, faz uma demo decente, compra uma placa de som. Dá trabalho ouvir essas demos com aquele sonzinho. Mas eu fiquei feliz quando eles apareceram com um monte de música: pô, dá para voltar com a banda e eu nem preciso compor nada, que maravilha. E é engraçado: são músicas que tem tudo a ver com a Ecos, mas ao mesmo tempo não – se bem que no primeiro disco eu era meio reizinho mandão. Eu queria fazer as coisas do meu jeito, até porque era o primeiro disco. Depois aprendi que a gente tem que deixar as pessoas fazerem as coisas que elas querem, ia ser mais divertido para elas. Mas bem, abrimos a pastinha e o fato da nuvem ter ficado mais acessível ajudou.

Davi: Nessa época, eu já estava fazendo umas coisas à distância com a Orange Disaster. Tinha facilidades para trabalhar a distância que ficaram mais simples com a pandemia. É engraçado: tanto meu disco solo, quanto o disco do Orange e o disco dos Ecos são todos fotografias desse trabalho a distância. Tem um monte de banda voltando agora porque dá pra voltar desse jeito: trabalhar a distância, compor a distância.

Gustavo: O Oasis, por exemplo (risos). Mas é verdade: antes da pandemia, nunca faríamos essa entrevista assim. Já existia o Skype, mas íamos querer marcar em algum lugar, sair de casa, fazer aquelas coisas ancestrais. Agora estou torcendo pra tecnologia resolver a questão do ensaio.

É ensaio assíncrono, que nem “fantasminha” de videogame de corrida.
Gustavo: O Daniel tinha mudado para um apartamento em que dava para ir todo mundo, e começamos a ir lá para colocar as ideias de pé. Outra coisa que ajudou foi que o Davi de fato começou a trabalhar profissionalmente com música. Eu sabia que o som das minhas demos estava meio bosta, sou meio surdo, mas confiava que o Davi ia resolver.

Davi: Sobrou pra mim, toca pro pai.

Gustavo: Minhas demos fica tudo no “vermelho” – se está vermelho é porque está bom.

Davi: Isso é mal de comunista.

Gustavo: E de fato, o Davi conseguiu resolver com o bruto, pegou as manhas de gravar a bateria…

Davi: Antes de começar o processo de gravação, começamos a ensaiar em 2022, no Brasil. Mas todas as baterias que eu gravei foram feitas na Alemanha, lá na minha sala – embora eu seguisse as gravações dos ensaios de 2022 como guia. Agora, tem algumas demos do Gustavo que estão prontas e algumas coisas mais experimentais.

Gustavo: Somos super lerdos pra compor: em mais de 10 anos, só conseguimos fazer música para um disco, mas tem mais música vindo aí. Pô, faz tempo que a gente está trabalhando essas músicas. O processo foi lento até nos darmos conta que dava para fazer algo online. Óbvio, o ideal é gravar num estúdio, mas sempre que se grava num estúdio é mega corrido, todo mundo com seu tempo, horário contado, tem que fazer de madrugada. Achei que ter as vantagens de ter mais controle, refazendo take com calma, valem a pena. Enchi o disco de teclado, depois o Davi tirou! Mas esse disco também nunca chegou a ter uma meta pra sair – até o Davi decidir que ia ficar três meses aqui. E isso coincidiu com o pessoal do Picles perguntando se a Ecos queria fazer um show em maio. Estava longe ainda, mas joguei no nosso grupo do WhatsApp.

Davi: Ele tinha falado em maio, mas eu só ia chegar em junho.

Gustavo: Aí decidimos que já que ia ter o show, também íamos terminar de gravar logo. É aquilo: quando você bota uma data, a coisa vira real. E nesse disco tem músicas muito antigas, que a gente chegou a ter no Trama Virtual, como “Quando a Notícia Chegar”. Era de 2008.

Davi: Cara, essa música é mais antiga: a primeira versão é da sua outra banda.

Gustavo: Será? Então ela seria de 2001. Não pode ser tão velha assim! Até o “Vai Virar Prédio”, uma música do Felipe que só tinha refrão… e pensamos que ela é bem contemporânea. Fiquei dois anos fora e senti muito como São Paulo tinha mudado entre 2019 e 2021.

Davi: Algumas pessoas falam isso até da pandemia, de terem ficado muito tempo em casa e de repente quando saíram foram para Pinheiros e Pinheiros estava diferente.

Gustavo: Pois é: o Felipe que escreveu a música e ele ficou aqui, teve essa visão sem precisar sair fora como eu. Mas é isso: “Vai Virar Prédio” estava perto de ser acabada e a lançamos como primeiro single. A ideia era aproveitar o tempo do Davi aqui e lançar pelo menos um EP.

Davi: Eu volto a dizer: o disco sairá, temos músicas para um disco, mas está difícil justamente porque eu estou aqui. Cheguei em junho, volto esse mês e está difícil bater a agenda de todo mundo. É o tipo de coisa que seria legal fazer todo mundo junto, mas não está rolando.

Aí vai ter que esperar você voltar para acabar.
Davi: Isso está meio que acertado: eu vou acabar lá. Hoje, temos seis músicas gravadas, mas faltam detalhes. Delas, já saiu “Vai Virar Prédio” e agora vem o “Gustavo do Standup”. É uma outra música, que o Daniel e o Felipe fizeram juntos.

Gustavo: Nem sei porque eles fizeram uma música chamada “Gustavo do Standup”. Eu cheguei e já existia a música. Não fui eu que tive essa ideia.

Quando eu vi o nome da música eu achei estranho, uma parada meio egoica.
Gustavo: Vou ficar com essa fama de cretino, mas eu juro que não fui eu! E o nome da música nem era esse.

Davi: Algumas pessoas que ouviram acharam que parece Mutantes. Eu parei pra pensar e concordei: não só esteticamente, mas também o fato de ter uma “Rita Lee que foi passear”, o nosso Gustavo do Standup.

Gustavo: Mas foi a Rita Lee que compôs essa?

Não, foi o Arnaldo.
Gustavo: Tá vendo?

Davi: Essa é uma música de amor.

Mas espera aí: Daniel, Felipe, de onde veio o “Gustavo do Standup”?
Felipe: Inicialmente, a música era um tema que o Dani tinha feito no ukulele, era uma valsinha toda bonitinha. O Dani queria criar uma melodia de voz, porque não tinha nada para cantar. E aí quando começamos a tocar, a primeira frase que saiu foi “para ser honesto, eu sempre morri de rir com o que você me contou, Gustavo do Standup”. A frase veio inteira. Até lembro que falei pro Dani que eu tinha uma frase na cabeça, mas tinha até vergonha de falar porque não sabia para onde isso podia caminhar. Ele achou a frase maravilhosa e deu nisso.

Daniel: E era bem nessa época que o Gustavo tinha começado a carreira dele no stand-up. Ele me convidou para assistir um show dele onde ele testava piadas. E estava eu, uma namorada da época e a Thaís [mulher do Gustavo] na plateia. E só.

Gustavo: Essa foi a última vez que a Thaís foi. Ela disse que não aguentava mais me ver passando por aquilo. (risos)

Daniel: Foi bem constrangedor, as piadas eram muito ruins, virou uma piada interna entre nós. “Vamo no show do Gustavo? Vamo”… e aí a gente começa a dormir.

Gustavo: Eu tinha piadas no meu set sobre fazer 30 anos. Tinha uma piada que dizia que aos 30 anos você não é mais jovem para nada, tirando morrer do coração. Algumas pessoas riram. Por causa desse tipo de piada, eles ficaram com isso na cabeça e escreveram essa letra.

Daniel: Uma vez, o Gustavo falou que estava melhorando as piadas, prometeu que ia ser melhor, e aí fomos num show que ele ia participar no Teatro Folha. Tinha uma plateia, tinha outros caras, mas achei o show dele muito bom. Falei que ele tinha melhorado 100%, 500%, e olha que eram as mesmas piadas! E a letra fala sobre isso além de ser uma metáfora para outras coisas, de toda questão do Gustavo querer falar as coisas e brigar, e ninguém prestar muita atenção.

Davi: O que é incrível dessa letra é que ela simboliza o Ecos Falsos.

Felipe: Pô, conheço o Gustavo desde os 14 anos, ele sempre foi um ídolo pra mim. Ele escrevia livros, quando entrei na banda ele já fazia música com 14 anos. Para mim, ele sempre foi um cara foda. Mas aí o Ecos não foi pra frente, o stand-up não foi pra frente, pra mim que sempre assisti de perto era uma coisa louca: esse bagulho é muito foda, mas as coisas não funcionam, que coisa louca! (risos).

Gustavo: Tem um verso que eu acho muito triste, talvez seja o verso mais triste dos Ecos Falsos: “eu sei, você insiste, resiste e não desiste, tem gente que até acha legal”. O Daniel solta umas dessas às vezes. O “eu só sou sentimental quando eu me fodo” também foi algo que ele disse naturalmente.

Eu sempre achei que “Sentimental” era uma cutucada no Los Hermanos.
Gustavo: Putz, não! Eu nem sou grande fã de Los Hermanos, mas o Felipe não deixaria uma coisa dessas.

Davi: Eu lembro de quando a gente estava compondo e pelo menos uma cutucadinha no emo era sim. Porque era a época, né. Mas sabe o que eu acho, Gustavo? Um pequeno aparte no standup e no “Vai Virar Prédio”. Esse disco é um disco de velho, sabe? Tem umas coisas engraçadas, mas é um disco melancólico, tem muita frustração sendo digerida. Está engraçado também por causa disso: estamos voltando e nos divertindo, mas está todo mundo com dor nas costas.

Gustavo: É a fase pilates do Ecos Falsos.

Davi: Pilates Falsos.

Lavando as mãos.
Gustavo: Exatamente. Mas vamos deixar você fazer uma pergunta.

Capa de “Descartável Longa Vida”, lançado em 2007

Mudando de assunto: tanto o “Descartável Longa Vida” quanto o “Quase” são discos bem representativos da época – “Clóvis Bornay is Dead (Abadá)”, por exemplo, prenuncia o carnaval de rua em São Paulo. E esse disco novo, o que ele quer dizer? O que ele tem a dizer sobre a época que a gente vive?
Gustavo: Posso falar por mim. Quando a banda começou, no começo dos 2000, cantar em inglês ainda era uma estética. Quando conhecemos o Vanguart, eles cantavam em inglês e francês. Eu achava esquisito, ninguém entendia o que eles falavam. Tem quem fale que música funciona em qualquer língua, mas sempre tive essa preocupação de ser entendido. “Caralho, você não quer que as pessoas entendam o que você está dizendo?”. Sempre encarei a música no sentido da expressão de uma ideia, além de uma experiência estética. Nunca fui um cara muito da música instrumental, a não ser que esteja lavando louça. Na minha cabeça, por isso acho que é natural que o Davi fale que o disco vá ser de temas diferentes – é fato, vamos escrever sobre o que queremos falar, as coisas que nos incomodam. A especulação imobiliária não era uma preocupação que eu tinha aos 25 anos de idade, não pensava sobre isso. Só queria achar um apartamento barato. Por isso que eu mesmo era meio contra de gravar “Quando a Notícia Chegar”, que vai estar no disco: é uma letra que vem de antes da Lava-Jato, e depois da Lava-Jato as pessoas vão entender a letra de um jeito diferente. A relação das pessoas com a verdade, com o que é real, não é mais a mesma. Quando escrevi essa música, o mundo real era uma coisa, hoje nem sei mais o que é. Mas agora, não é que o processo é na linha de “tô com vontade de dizer umas coisas, então vamos fazer música”. Na hora de colocar a letra, focamos um pouco mais no que estamos pensando. O processo é que as músicas vêm primeiro, numa ideia legal, num riff. Nunca fomos uma banda política no estilo Rage Against the Machine, “faz um riff aí que eu tenho umas críticas social foda pra fazer”.

Davi: Acho legal isso. Não quero ficar puxando a sardinha pras coisas que eu faço, mas só um pouquinho. Quando fiz coisas solo, aprendi que falamos sobre coisas que não há espaço para falar em outros lugares. Tenho a impressão de que nós todos viemos de uma escola, todo mundo é nerd de música, todo mundo gostava de ver encarte, ler letra. Nos Ecos, isso é muito claro: o estilo de escrita do Gustavo é sobre prestar atenção no que está acontecendo e falar sobre os temas. Como todos somos nerds, politicamente engajados e ativos, acabamos filtrando essas ideias na hora de transformar em forma de música. Mesmo essa questão de falar em inglês, o Orange Disaster cantava em inglês antes e agora estamos fazendo um disco inteiro em português.

Gustavo: Gosto mais!

Davi: Tem a ver com o momento, com a afirmação da própria identidade. Quando fiz meu disco solo, fiz na Alemanha, em inglês e português. Ainda falta fazer letra em alemão. Mas planejar um discurso? Não, acho difícil de acontecer. Mas é engraçado dar o exemplo do Orange, porque o Orange é uma banda praticamente instrumental em que o vocalista, o Júlio, tem um saquinho de letras e ele ouve o que a estamos tocando, enfia a mão no saquinho e acha que tem uma letra pra banda. E isso é um método de composição.

Gustavo: Acho que o R.E.M. é meio assim.

O Portishead é assim.
Gustavo: Já vi outras bandas falarem que é assim.

Davi: E nos Ecos, não: sempre teve muita discussão sobre as letras. Normalmente quem escrevia mais era o Gustavo, mas ficávamos horas discutindo duas ou três palavras. Sempre prestamos atenção em fazer a música e no que estava sendo dito.

Gustavo: Sempre fui uma pessoa mais objetiva no sentido de não acreditar muito em poesia. Sempre quis saber o que queria dizer “essa porra”.

Davi: Para de enrolar e fala, pô.

Gustavo: Sempre fui meio chato, era chato nisso, “por que vocês tão ouvindo Jota Quest?” Não faz sentido essa tal de ‘Oxigênio’. É difícil gostar da música sem gostar da letra, é uma relação com texto. É uma coisa meio chata, até. Acho até que sou uma pessoa mais verbal do que musical, dos Ecos Falsos sou o que menos compõe música, os meninos fazem mais melodia. Minhas melodias são sempre um troço duro, sou mais concreto, uma cabeça mais concreta, e isso tem a ver com a nossa estética. Os meninos tem outra cabeça, o Felipe gosta de uns acordes tortos meio Los Hermanos, o Daniel faz umas valsas… acho legal, estou mais aberto a isso agora. Antes eu era frito nisso de “qual é a mensagem?”.

Davi: A gente tretava sempre. O tempo ajudou um pouco não só para nossa harmonia como banda, mas para a cara do disco novo. O disco é Ecos Falsos, temos nossas coisas, mas a dinâmica interna da banda está diferente. Enquanto eu estava longe, foi legal valorizar as dinâmicas de cada grupo. Cada banda tem um sisteminha de interação que é único, por mais que você seja o mesmo músico. É interessante essa volta por causa disso.

Gustavo: Mas ensaiar ainda é um saco.

Daniel à frente e Gustavo ao fundo em show na Laje, em SP, em julho / Foto de Murilo Fonseca

E o disco é pro ano que vem?
Davi: A princípio é pra 2024 ainda, mas vamos dizer o seguinte: vai depender de algumas coisas das próximas semanas. Vão ser 10 músicas.

Gustavo: Tem 10 que sabemos que dá pra fazer, mas tem umas outras ali que… tem cara de lado B, mas não sabemos se vão entrar.

Davi: É um pouco isso: o processo agora é bem livre, não tem selo, é a gente que está fazendo.

Gustavo: Tem a Monstro.

Davi: Ah, mas não tem pressão de selo, não é como se a Monstro tivesse ligando e falando “caralho, cadê o disco?”.

Leo Bigode está puto lá em Goiânia…
Gustavo: Pô, eu não falava com o Leo Bigode faz uns dez anos. Até fiquei na dúvida se o telefone ainda era o mesmo. Mas pô, nunca nem tínhamos pegado royalties do Spotify… e já gastamos tudo em ensaio. Pra variar, ensaio… custa caro, toma mó tempo, fica com dor na orelha.

O verdadeiro negócio é abrir um estúdio de ensaio.
Gustavo: É. Ou mandar alguém ensaiar no meu lugar. Um robô. Matrix. A tecnologia ainda falta avançar nesse sentido (risos). Mas agora descobrimos esse método de fazer. O engraçado é que havia esperança que íamos finalizar o disco juntos, aqui no Brasil, mas a realidade se impôs.

Davi: Sinceramente não vejo isso como um problema, porque a fotografia do disco é essa: essa incapacidade de se encontrar, de estar junto.

Gustavo: Tem música sobre isso até.

Felipe em show na Laje, em SP, em julho / Foto de Murilo Fonseca

Tem um monte de bandas dos anos 2000 voltando – é até um ótimo momento para gostar do som daquela época. Vocês, o Ludovic fazendo turnê, o Pullovers também gravando disco.
Gustavo: O foda é que ninguém falou pro Noel [Gallagher] parar, para ele poder voltar direito agora. É bom dar uma paradinha.

Davi: O Vanguart vai fazer show agora, né.

Gustavo: Mas eles nunca pararam. E a Superguidis não vai voltar?

É o que eu estou esperando. Mas o que eu ia perguntar é o fato de que todas essas bandas que eu mencionei acabaram meio que na mesma época. Parece que há uma sensação de que as coisas “iam rolar”… e não rolaram, há uma frustração. É isso mesmo?
Davi: Sim.

Gustavo: Pô, a própria MTV acabou.

Davi: Lembro de um post que saiu falando das bandas mais injustiçadas da música brasileira. São bandas que se tivessem surgido em alguma época que tinha investimento de risco em bandas novas, teriam rolado. O que aconteceu nos anos 2000 é que quem tinha grana parou de investir em coisas de risco e passou a apostar só no que tinha baixo risco e alto retorno. Para mim o maior exemplo é o Júpiter Maçã: é um ícone da nossa música que foi tratado como se não fosse nada, morreu e até hoje não tem o valor que deveria ter.

Mas o Júpiter tem uma autossabotagem também, de resolver cantar em inglês e virar Júpiter Apple do nada.
Gustavo: É… é! (risos)

Davi: Mas mesmo assim… eu coloco a Ecos nesse lugar, mas coloco o Zefirina, o Rock Rocket, as bandas que estavam junto com a gente, o [Daniel] Belleza também, o Biônica, que acabou relativamente cedo, mas era uma força da natureza. Essas bandas, um tempo antes, nos anos 1990, ainda mais quando teve aquela parada do grunge de descobrir um cenário underground que pode vender, que começou a ter injeção de dinheiro, parece um pouco isso. Parece que quando a gente chegou na festa já tinha acabado a cerveja e o que sobrou era coca sem gás.

Gustavo: Tenho uma teoria paralela a isso, mas olhando agora pros anos 2000 com distanciamento, nós somos a geração de bandas que viveram um pouco a onda da promessa que a internet trouxe da cauda longa. Achamos que a internet ia dar espaço pra todo mundo. Em certo momento, isso parecia que era verdade: íamos pros festivais, tinha público em Goiânia, em Manaus… era um público pequeno, mas em todas essas cidades havia um produtor interessado em fazer algo. Achamos que ia dar para ganhar dinheiro pela internet, a Trama Virtual ia pagar, e ninguém foi atrás de gravadora. A gente xingava o Rick Bonadio no Twitter, vivemos essa empolgação toda, e aí rolou esse rebote. Essa promessa da diversidade acabou concentrando as coisas ainda mais, são menos artistas que têm acesso, porque voltou a lógica do jabá porque tem que pagar pra divulgar. Tinha também um apoio de editais, um investimento do Estado, uma política de cultura que se esfacelou depois do impeachment, mas que já vinha em crise naquela época. E ninguém conseguiu profissionalizar isso. Para profissionalizar no Brasil, precisa de muita grana: ou tem dinheiro do agro, que é o que o sertanejo fez, uma galera que tem bala pra fazer festa do peão, ou você tem o baile funk, que criou uma cena foda mas também tem uma grana rolando, e eles conseguiram profissionalizar mais que a nossa turma. O hardcore e o emo conseguiram criar algo, mas depois foram totalmente engolidos pelas gravadoras.

Davi: Acho que esses exemplos são bons, porque mesmo esses caras ganharam mais fama e mais grana, mas em termos de viver só disso, não vejo muita gente. Pego o Gabriel [Thomaz] como exemplo: ele consegue viver de música, mas toca o tempo todo. E essa geração 2000 teve uma fama, teve reconhecimento, mas isso não virou dinheiro. A fama na internet e o hype não chegou a virar grana. Não vejo ninguém dessa época sobrevivendo puramente da música. E mesmo os caras que fizeram mais nome não estão ricos, está todo mundo meio que… numa restrição de grana. A grana de música está muito concentrada. E por isso teve muita banda que acabou: ficamos lutando e a realidade se impôs.

Gustavo: Existia a MTV e a MTV acabou. O Myspace acabou. O Spotify para as bandas não é a mesma coisa que o Trama Virtual.

Daniel: As casas de show em São Paulo também mudaram.

Gustavo: Faltou uma visão empresarial, de entender como isso ia crescer, alguém que pudesse pegar esse interesse e criar um festival com marcas de fato. Talvez tenhamos ficado muito independente de editais do governo, que davam muita liberdade. Faltou um Malcolm McLaren da vida para transformar o negócio. E era uma cena idiossincrática, cada um queria fazer a coisa do seu jeito. Não acho que seríamos muito populares, mas acreditamos que a banda ia ser sustentável, que ia dar para fazer shows pelo interior de vez em quando, no Sul. Mas aí as passagens ficaram mais caras, ninguém queria comprar mais CD, comprar camiseta é um negócio mais caro… A questão econômica colapsou.

Davi: O público mudou, os estilos musicais mudaram, mas ao mesmo tempo tem uma coisa que eu sempre falo pros meus amigos mais punks: se pegar a maior parte dos nossos ídolos, os caras têm emprego. Se pegar o Mark Arm, ele trabalha na parte de postagem da Sub Pop. Todo mundo trabalha fora da música, tem alguma coisa para pagar as contas. Todo mundo tem um trampo por fora. E aí penso quem sou eu na fila do pão nesse sentido. Trabalho na área, mas muita gente que eu admiro está fora da música pop comercial. É gente que dá aula, que é funcionário público, trabalha em algo em torno do negócio da música. Para fazer música que foge do que está estabelecido comercialmente, você acaba precisando fazer isso para pagar as contas. Já desisti [de viver só de música]: quero ter um espaço para fazer o que eu acredito e não ter que me preocupar com aluguel. Se eu conseguir trabalhar o mínimo possível para pagar as contas e conseguir sentar com esses caras para gravar umas coisas, estou feliz.

Davi em show na Laje, em SP, em julho / Foto de Murilo Fonseca

É uma entrevista ou uma sessão de terapia?
Gustavo: Também, vai perguntar umas coisas dessas…

Davi: É que essa história de ligação online e conversa coletiva tem total cara de sessão de terapia.

Gustavo: Tem um pessoal que está fazendo um documentário sobre essa cena, eles vieram em casa me entrevistar, sobre essa geração. E nas conversas, sinto isso: vivemos uma coisa muito legal e muito difícil de reproduzir hoje. As redes sociais vieram destruir uma série de coisas legais que a internet tinha pra oferecer. O mundo está bem diferente agora.

Davi: Virou prédio, né? (risos)

Gustavo: Mas era um sonho legal. Imagina, pô: você ia para Ribeirão Preto e tinha gente lá que conhecia suas músicas. Parecia que tinha uma cena e era muito legal participar disso. Achamos que isso ia rolar pra sempre. Tem uma nostalgia de fazer parte de uma comunidade, de fazer shows nos quais as pessoas prestavam atenção, todo mundo tentando fazer música nova, coletivos se juntando, sempre tinha um produtor maluco que colocava as economias dele para fazer shows. Isso tudo foi muito legal e deve existir de outras formas agora. Stand-up em si é uma cena também, mas é mais barato de fazer: com uma passagem só e um microfone você lota um teatro igual. Como produtor, vou trabalhar com stand-up ou com música, pensando que tem que pagar quatro passagens e ainda alugar um sistema de som? Entendo que os produtos tenham migrado para outras coisas, mas nesse momento que nós vivemos dessa esperança alternativa, dá pra entender que tem a nostalgia. E tem isso: também é sobre chegar no meio da vida e querer voltar pros 20 anos, mas sem precisar tomar Corote. É saber que foi uma parte boa da vida e até entender que você devia ter valorizado mais.

Dá pra passar horas falando disso, mas como bom terapeuta-jornalista (e já querendo passar o recibo): o que mais faltou falar?
Gustavo: Temos que falar um pouco do show, especificamente. Tem uma coisa legal nesse show que vai acontecer no Belas Artes: todos os meus amigos que eu tentei convidar nos últimos tempos perguntaram se tinha lugar para sentar.

Daniel: E perguntavam que hora começa: antes, todos os nossos shows estavam marcados para meia-noite e só começavam mesmo às 2h da manhã. O pessoal não sabia como era o esquema.

Gustavo: Mas é isso: o show é no Belas Artes, não só tem lugar pra sentar como o show começa mesmo na hora. É um show que, como público, eu iria. Não sei se eu iria nos outros. Fica o convite!

– Bruno Capelas (@noacapelas) é jornalista. Apresenta o Programa de Indie e escreve a newsletter Meus Discos, Meus Drinks e Nada Mais. Colabora com o Scream & Yell desde 2010.

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