introdução por Diego Albuquerque
faixa a faixa por Rubens Lerneh
A Növa é uma banda piauiense formada em 2004 na cidade de Teresina e que, em 20 anos, passou por algumas formações, fez apresentações na capital do Piauí e nos estados vizinhos Ceará e Maranhão além de registrar uma demo, dois EPs e dois álbuns (um de estúdio e um ao vivo), além de vários singles. Agora, em comemoração aos 20 anos de história, o trio está lançando “HIGH”, seu terceiro álbum.
Formada por Fernando Castelo Branco (baixo), Rubens Lerneh (guitarra, programações e voz) e Raylanne Leal (guitarras e violões), a Növa mistura elementos sonoros de todas as fases da banda em “HIGH”: “O título tem relação direta com o que a gente passou nestes últimos anos, com o mundo numa espiral de loucura, extrema-direita pipocando por todo lado, pandemia, com nossos monstros interiores etc. E enfrentar isso tudo sozinho, de ‘cara limpa’ foi e é bem complicado”, explica Rubens, vocalista e compositor principal da banda desde o início.
O rock áspero independente dos anos 1990 é uma das influências da banda: “Lá no começo as músicas eram mais garageiras, com uma pegada mais Sonic Youth/Dinosaur Jr. Depois foram ficando mais melódicas. Por fim, agora estão mais shoegaze, mais viajantes, com mais efeitos. Não sei se isso tem diretamente a ver com mudanças de formação, você acaba sendo a soma das coisas que você escuta, até mesmo por tabela”, comenta Fernando, baixista e também um dos fundadores da banda.
Para entender um pouco mais sobre o álbum, Rubens, vocalista e principal compositor da banda, escreveu um faixa a faixa falando sobre as 10 faixas de “HIGH”, que você encontra em todas as plataformas de streaming em mais um lançamento virtual do selo Hominis Canidae REC. O álbum aborda vários temas em meio a guitarras tortas, barulho dos bons. Dê o play e saca o papo!
01) No Stop – É uma parceria minha com Fernando. Ele me mandou essa ideia de baixo e disse pra eu me virar. Eu me virei e enchi de guitarras. O slide no refrão entrega um pouco a referência (abraço, Johnny Marr). É uma das últimas letras. Eu estava saindo de uma depressão, e a música fala sobre isso, de você nunca desistir, por mais difícil que seja.
02) We Are Not – Essa começou a ser escrita quando comprei uma (guitarra) semiacústica: ficava fazendo os dois acordes do início e achava aquele som lindo! Depois nos ensaios fomos criando o restante. A ideia de uma parte mais barulhenta e outra mais clean reflete o que ela quer transmitir, pessoas que não se importam com os outros, quando estão imersas em seus mundos, mas que não sustentam quando dá tudo errado e os outros vão embora.
03) Abstinence – É uma das músicas em que usamos uma afinação diferente. O riff dela surgiu exatamente de um teste de afinação. É uma música sobre ausência, seja de pessoas, sentimentos, coisas ou substâncias.
04) Symmetry – Pode-se definir simetria como sendo “uma forma e posição relativa, entre as partes dispostas em cada lado de uma linha divisória, um plano médio, um centro ou um eixo”. É o que acontece aqui, uma busca por partes dispostas em planos diferentes, como duas retas, sem jamais se encontrarem, restando apenas uma esperança com data de validade. Usamos um Infinite Sustain nas guitarras da introdução, que percorrem toda a música, que se repete, e repete, repete.
05) Acabados – Essa é uma ideia que roubamos da Raylanne. Ela tinha essa gravação bem simples. Pegamos a ideia e testamos em uma gravação em estéreo. Cada guitarra teve sua captação em dois canais distintos. Achei o resultado sensacional. O que você escuta é o som do jeito que foi gravado. Só fizemos os cortes que se costuma fazer numa equalização.
06) Dracula’s Song – Aqui temos novamente o uso de uma afinação diferente, com as duas guitarras duelando enquanto o baixo vai descendo o tom. “Dracula’s Song” nos traz uma ideia de liberdade, quando deixamos de lado nossos medos e nos jogamos ao desconhecido.
07) Unknown – Essa era um teste de timbragem de um memory boy. Costumo usar o pedal geralmente como uma ambiência, mas quis procurar um outro efeito, meio diferente, e acabei encontrando essa guitarra meio fantasmagórica, que parece ser acompanhada por um teclado. Aí fomos só acrescentando os outros instrumentos.
08) Marks – De um teste de timbragem numa (Fender) Telecaster surgiu a introdução de “Marks”. Aí tivemos que fazer a música completa. É uma música triste, pesada, sobre o sofrer e a luta constante para não nos deixarmos cair.
09) Dying – Aqui tentamos emular o “Monster” do R.E.M. Uma música pesada, com bastante distorção e um trêmulo numa das guitarras. A letra nos remete a desastre ambiental.
10) Sunshine – Essa é uma parceria minha com a Raylanne. Ela tinha essa base de violões gravada há muito tempo. Achei sensacional e sugeri que a usássemos. Ela topou e então enchemos de efeitos, microfonias e vários barulhos, como um grampeador de ferro deslizando pelas cordas, que parece um som de sirene. É uma música fofa, como um capeta simpático numa noite fria.
curioso pra ouvir, mas de cara sendo do Piaui já tem meu respeito…celeiro de excelentes músicos.
Bom demais! Não conhecia. Busquei os outros álbuns da banda. De primeira! Valeu!