Discografia Comentada: Todos os discos do Soda Stereo

texto especial de Davi Caro

Entre 1983 e 1997, o grupo argentino Soda Stereo – formado em Buenos Aires por Gustavo Cerati (voz e guitarra), Zeta Bosio (baixo) e Charly Alberti (bateria) – se transformou em um dos maiores ícones da história da música pop latino-americana. Shows lotados, performances memoráveis e discos aclamados e inovadores os levaram a serem idolatrados para além das fronteiras de seu país, marcando a vida de milhares de fãs – o trio conquistou um séquito que atravessa gerações, especialmente no Chile (num fenômeno chamado “Sodamania”).

Ao longo dos sete discos lançados pela banda é marcante a naturalidade com a qual os três incorporam diferentes elementos e sonoridades – ska, pós-punk, rock de arena, guitarras funkeadas e doses generosas de samplers e elementos eletrônicos, particularmente em sua fase final. O encerramento de suas atividades, no momento em que solidificavam seu status como divindades do pop-rock hispânico, e a subsequente carreira solo brilhante de Cerati (destaque recente numa lista dos melhores discos de rock latino da Rolling Stone USA), são acontecimentos singulares na história da cultura popular latina, e uma década se passaria até que Soda Stereo retornasse para uma ocasional, porém triunfal turnê de reunião em 2007.

A morte do cantor e compositor, em 2014, enterrou de vez quaisquer outras possibilidades reais de volta da banda, ainda que Bosio e Alberti sigam celebrando seu legado, e o de Gustavo, em temporadas comemorativas, como a recente turnê Gracias Totales, que contou com cantores convidados do calibre de Julieta Venegas, Rúben Albarrán (Café Tacvba), Chris Martin (Coldplay) e do filho de Cerati, Benito. E mesmo após quase quatro décadas desde o lançamento do debute do Soda, é intrigante (e inquietante) perceber que seu trabalho continua não tendo largo alcance no Brasil (apesar de terem tido canções gravadas pelos Paralamas – e sim, pelo Capital Inicial). Nunca é tarde, porém, para mergulhar na discografia de uma das mais influentes, importantes e inovadoras bandas da história da cultura deste lado da linha do Equador, numa história de persistência, experimentação e música da melhor qualidade.

“Soda Stereo” (1984)
Após dois anos tocando sem parar no underground de Buenos Aires, o trio atraiu a atenção da poderosa gravadora CBS, que se dispôs a bancar a gravação de seu primeiro LP. Contando com o aporte de Federico Moura (líder e vocalista da banda Virus) na produção, os músicos registraram as 11 faixas de seu disco de estreia no inverno de 1984. A sonoridade seca dos instrumentos e o conteúdo pueril das letras de Cerati remetem muito ao que os hermanos brasileiros dos Paralamas faziam na mesma época: um decalque juvenil, porém cheio de garra, do som do Police. Ainda que apresente a dinâmica da banda em estado embrionário, se destacam as linhas de baixo bem construídas e equalizadas de Zeta Bosio, e os ritmos ainda menos trabalhados, porém consistentes e sólidos de Charly Alberti. Apesar de quaisquer limitações técnicas, o disco contém algumas pérolas do repertório do trio, que se tornariam clássicos longevos da trajetória do Soda: “Sobredosis de TV”, “Por Que No Puedo Ser Del Jet-Set?” e “Te Hacen Falta Vitaminas” seriam recebidas com animação pelo público e ceticismo pela crítica, ainda que todos tenham se derretido por “Trátame Suavemente”, de autoria do tecladista convidado e futuro colaborador Daniel Melero. É um primeiro passo promissor, ainda que imaturo, para uma banda que tinha muitas cartas na manga.

Melhores faixas: “Sobredosis de TV”, “Te Hacen Falta Vitaminas”, “Trátame Suavemente”
Favorita: “Tele-Ka”
Nota: 6/10


“Nada Personal” (1985)
Algumas das promessas sinalizadas ao final do primeiro disco já começam a ser cumpridas nos minutos iniciais da faixa-título, que abre o segundo trabalho com riffs certeiros e harmonias mais atmosféricas. Gustavo Cerati passa a cantar com mais segurança e alcança tons mais altos em “Nada Personal”, elevando as novas canções a outros patamares. O instrumental não fica atrás: Zeta arrisca slaps nas quatro cordas, e a bateria de Charly adquire peso e swing que mostram mais claramente sua destreza. As canções também exibem mais maturidade: produzido pela própria banda (como a maioria dos discos seguintes), o repertório se distancia da estética new wave do primeiro, priorizando sombras pós-punk e acentos synthpop que resultam em momentos memoráveis, como a intensa “Danza Rota”, ou o saxofone quase-jazz que abre “Estoy Azulado”. Guitarras brilhantes tomam conta da incrível “Juegos de Seducción”, e os teclados (aqui assumidos por Fabián Quintiero) conduzem com maestria dois dos maiores momentos do álbum: a fusão tecno-folclórica de “Cuando Pase El Temblor”, e a densa “Ecos”, que fecha o tracklist de modo triunfal. “Nada Personal” seria lançado oficialmente com uma série de badalados shows no Estadio Obras Sanitarias, da capital Buenos Aires, e o clipe de “Cuando Pase El Temblor”, gravado em ruínas arqueológicas no noroeste da Argentina, foi importante para divulgar o trabalho do grupo em outros países, como o México (onde foi finalista de um festival de vídeo e televisão). Um passo seguro que despertou atenção nacional para uma banda que se preparava para um salto ainda mais ambicioso.

Melhores faixas: “Nada Personal”, “Cuando Pase El Temblor”, “Juegos de Seducción”, “Ecos”
Favoritas: “Estoy Azulado”, “Ecos”
Nota: 8/10


“Signos” (1986)
Ao longo de suas oito faixas (duas a menos que seu antecessor), “Signos” mudaria o curso da história de seus autores, de seus ouvintes e do rock latino-americano como um todo. Qualquer insegurança remanescente dos primeiros trabalhos do Soda Stereo é dissipada aqui, substituída por um nível de zelo e perfeccionismo pouco visto nos trabalhos lançados pelos contemporâneos do trio até então. Arranjos luminosos de guitarras (elétricas e acústicas, como na inquietante faixa título), teclados ao mesmo tempo orgânicos e à frente de sua época – como em “El Rito” e “No Existes” – e melodias pop radiofônicas que agradariam tanto aos fãs do Simple Minds quanto aos devotos de Robert Smith marcam o repertório. “Prófugos” é Gustavo Cerati fazendo rock de arena como poucos são capazes de fazer; “En Camino” guarda, em seu ritmo pulsante e violões corridos, preciosas linhas de sintetizador; e “Persiana Americana” é, para sempre, uma das mais inacreditáveis composições do rock na América do Sul. Alardeado na esteira de já extensas turnês, “Signos” levaria o Soda Stereo a se consagrar em países vizinhos e colecionar sucessos em rádios. Tratados como heróis, seus integrantes conheceriam a consagração em grandes palcos, como o do Festival Viña Del Mar, no Chile, onde o público se encantou com a performance eletrizante da banda, amparada em visuais maquiados e cortes de cabelo que causavam apelo tanto nos fãs de música mainstream quanto aos darks que preferiam os sons vindos do underground. Uma pedra fundamental na construção do Soda como mito, na conversão de seu líder como ícone, e no desenvolvimento do rock como elemento transformador nos anos subsequentes. Curiosidade: foi o primeiro álbum de música pop argentino a sair simultaneamente em vinil e em CD.

Melhores faixas: “El Rito”, “Prófugos”, “Persiana Americana”
Favoritas: “Prófugos”, “No Existes”, “En Camino”
Nota: 9/10


“Doble Vida” (1988)
Após uma consagradora turnê que os levou a países até então não visitados e que fomentou altos níveis de devoção e sucesso, o Soda resolveu apostar alto: com o novo tecladista de apoio Daniel Sais substituindo Fabián (que foi tocar com Charly Garcia), os três embarcaram para Nova York a fim de gravarem seu LP seguinte. Sob a batuta do já consagrado produtor porto-riquenho Carlos Alomar (famoso por sua experiência como guitarrista e diretor musical da banda de David Bowie), o disco resultante, “Doble Vida”, foi um movimento rumo à um verniz de maturidade e sofisticação, calcado em influências funk e arranjos de metais que não os distanciavam da proposta de discos lançados na mesma época, como “Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me”, do The Cure. E não faltou espaço para experimentação e apostas certeiras: “En La Ciudad de La Furia”, com seu arranjo sombrio e letra cinematográfica, foi celebrada desde seu lançamento como uma das grandes performances do grupo, com destaque para a presença decisiva do baixo de Zeta Bosio. O clima esquenta nas exultantes “Lo Que Sangra (La Cúpula)” e “El Ritmo de tus Ojos”, e “En El Borde” se destaca pelo quase rap de Alomar, que também participa tocando guitarras. “Corazón Delator” é uma balada tensa com rompantes distorcidos nos refrões, e outros bons momentos, como as propulsivas “Día Comun (Doble Vida)” e “Languis” também crescem a cada ouvida. Ainda assim, “Doble Vida” não escapa da sina de ser um álbum de transição: bem sucedido e sobrevivendo ao teste do tempo, mesmo funcionando, em retrospecto, como uma intersecção entre a popularidade alcançada nos anos 80 e a reinvenção do início da década seguinte. Um disco muito bom, que faz mais sentido dentro do contexto da evolução sonora da banda do que como obra isolada.

Melhores faixas: “En La Ciudad de La Furia”, “Lo Que Sangra (La Cúpula)”, “Corazón Delator”
Favorita: “Languis”
Nota 7/10


“Canción Animal” (1990)
Enfim, chega o momento em que todos os experimentos e construções sonoras concebidas pelo trio se consolidam. O final da turnê de divulgação do disco anterior trouxe mudanças internas (como a troca de tecladistas: saiu Daniel Sais e entrou Tweety Gonzalez, que os acompanharia até o fim de suas atividades) e externas (com um nível de prestígio internacional nunca antes alcançado por eles, e shows lotados nos Estados Unidos e no México). Mais uma vez optando por gravar em estúdios norte-americanos, Cerati, Alberti e Bosio escolheram enfatizar o lado mais cru, porém não menos melódico, de sua sonoridade. Dispensaram o naipe de metais que os acompanhara antes e focaram em explorar novos limites para seus instrumentos tanto absorvendo influências de bandas alternativas, como Pixies, Jane’s Addiction e Soundgarden, como prestando tributo à bandas veteranas de seu país, como Manal, Pappo’s Blues e Almendra. Contando com arranjos de cordas do lendário baixista Pedro Aznar (do Serú Giran) e com os toques do recém-chegado Gonzalez e da percussionista Andréa Alvarez, “Canción Animal” é um disco irrepreensível: quase todas as 10 faixas seriam destacadas pelas rádios, e uma delas se tornaria o maior sucesso da carreira do trio: “De Música Ligera” é – em seu arranjo básico mas potente de guitarra, baixo, bateria e teclado – a melhor demonstração da sonoridade grandiosa e atemporal do disco, que ainda reserva outros momentos ímpares: o épico “Un Millón de Años Luz” se encaixa como uma luva ao lado da sensualidade da faixa homônima, e é quase covardia enfileirar uma maravilha do quilate de “Té Para 3” (escrita por Cerati após descobrir o diagnóstico do pai, que sofria de câncer) logo após a quase-hard rock “Hombre Al Agua” (que também inclui composição e teclados do antigo amigo Daniel Melero, que auxiliou na produção do álbum) e os violões palhetados da dúbia “Entre Caníbales”. “En El Séptimo Día”, “Cae El Sol” e “Sueles Dejarme Sólo” mantém a aura mágica do álbum. “Cancíon Animal” é uma experiência arrebatadora. E uma obra-prima.

Melhores faixas: o disco inteiro
Favoritas: “Un Millón de Años Luz”, “Hombre Al Agua”, “Entre Caníbales”, “Té Para 3”…
Nota: 10/10


“Dynamo” (1992)
Nenhuma unanimidade dura para sempre. Excursionando extensivamente após o lançamento de “Canción Animal”, os membros do grupo (Cerati em especial) decidiram enfiar o pé no acelerador da experimentação. Mantendo Melero como co-produtor (com quem Gustavo havia feito um excelente álbum colaborativo já em 1992, “Colores Santos”) e optando por voltar a gravar em Buenos Aires, as influências passaram a ser outras: com os ouvidos atentos ao rock alternativo que vinha do Reino Unido – sobretudo do tal shoegaze, de My Bloody Valentine, Lush e Ride – a banda produziu “Dynamo” no segundo semestre daquele mesmo ano. A mixagem é preenchida com dissonâncias e microfonias, ainda que as melodias e os vocais enterrados não percam em qualidade. Os samplers tomam conta de faixas como “Sweet Sahumerio” e “Camaleón”, enquanto as guitarras fuzz de “Primavera 0”, “En Remolinos” e “Texturas” não fariam feio em um disco do The Jesus and Mary Chain. Em meio a tudo isso, “Dynamo” ainda tem momentos de beleza incondicional em “Fue”, “Nuestra Fe” e, especialmente, em “Luna Roja”, que esbarra no dream pop sem parecer pastiche. É nítido o esforço de não repetir fórmulas, e, em grande parte, “Dynamo” acerta. Trata-se, no entanto, de um disco que pode ser cansativo após muitas audições, e determinadas músicas, como “Ameba” e “Claroscuro”, podem não deixar impressões tão memoráveis quanto êxitos anteriores do Soda. Vale ouvir, ainda que aos poucos.

Melhores faixas: “Luna Roja”, “Nuestra Fe”, “Primavera 0”, “Fue”
Favorita(s): “Luna Roja”, “En Remolinos”
Nota: 7/10


“Sueño Stereo” (1995)
O último disco de estúdio do Soda Stereo foi precedido pelo mais longo hiato já imposto pelos músicos em sua trajetória: Gustavo Cerati, que se tornou pai, tomou tempo para se dedicar à família e acabou gravando seu primeiro disco solo, “Amor Amarillo” (1993), que contou com a co-produção de Zeta Bosio. O baixista, aliás, teve que enfrentar uma tragédia familiar ao perder o filho em um acidente automobilístico. A realidade de um novo lançamento do grupo, já o mais popular em seu país, parecia distante. No início de 1995, uma reunião acabou acendendo a faísca para o que seria o processo de composição e gravação de “Sueño Stereo”. Gravado em sessões tanto na Argentina quanto em Londres, o disco apresenta uma identidade que não descarta completamente as dissonâncias de “Dynamo”, mas que as incorpora de modo mais discreto. Um bom exemplo da nova abordagem é o primeiro single e faixa mais popular do álbum, a poderosa “Ella Usó Mi Cabeza Como um Revólver”. As harmonias britpop de “Paseando Por Roma” e a radiofônica “Zoom” mostram uma banda que ainda tem muito gás para explorar, mas com muito mais certeza de seus pontos fortes. “Angel Eléctrico” pode destoar um pouco dentro do tracklist – sendo uma das composições feitas originalmente para o disco anterior – ainda que a experiência do álbum como um todo desta vez seja menos chocante e mais receptiva; “Disco Eterno” é um pouco mais empolgante, com um riff eficaz e bateria mais cadenciada, ao mesmo tempo que o trecho final do álbum (com a instrumental “X-Playo” posicionada entre as atmosféricas “Planta” e “Moirè”) mostre o frontman ensaiando algumas das sonoridades que seguiria em seus próximos passos individuais, num momento em que a banda já seria uma realidade distante. “Sueño Stereo” pode soar como um final agridoce mesmo em uma discografia que sempre prezou pela exploração e pela diversidade de sons, mas conclui de maneira corajosa e confiante uma das mais impressionantes trajetórias do rock em espanhol.

Melhores faixas: “Ella Usó mi Cabeza…”, “Zoom”, “Paseando Por Roma”
Favorita(s): “Ella Usó mi Cabeza…”, “Ojo de La Tormenta”
Nota: 8/10


Ao vivo, EPs, Coletâneas e Outros
Nos cerca de quinze anos em que a banda permaneceu ativa, o Soda Stereo conseguiu construir para si um bom catálogo de lançamentos que expandiam o universo de composições do grupo para além dos álbuns de estúdio. E é aí, mais uma vez, que fica clara a confiança que os três tinham em seu próprio material: não por acaso, o primeiro registro ao vivo do grupo data de 1987, com “Ruido Blanco”, registro da turnê de “Signos” por vários países da América Latina. Ainda que a qualidade do material seja excelente (e o disco tenha sido incluído na lista de Melhores Álbuns Ao Vivo de Rock da Rolling Stone Argentina), não há tantos atrativos além de escutar uma banda no auge de sua capacidade e com entrosamento ímpar. Maior destaque merece “Comfort Y Musica para Volar”, que documenta a apresentação feita para a MTV em seu programa “Unplugged” – embora todas as músicas tenham sido gravadas com instrumentos plugados e até sons eletrônicos incorporados. Além do show, que foi gravado em Miami com escolhas espertíssimas de repertório (como o resgate de “Un Misil en Mi Placard”, faixa do primeiro disco repaginada com guitarras shoegaze e citação de “Chrome Waves”, do Ride; e a cover de “Genesis”, dos também argentinos do Vox Dei), também constam quatro canções inéditas, que foram deixadas de lado do tracklist de “Sueño Stereo” – destaque para as excelentes “Planeador” e “Coral”.

Também é importante citar “El Ultimo Concierto”, disco duplo (e lançado separadamente em duas partes) que registra a turnê de despedida do Soda por países como o Chile, Venezuela, EUA e México ao longo de 1997, e que finaliza com uma demolidora versão de “De Música Ligera”, acompanhada de um emocionado “gracias totales” de Cerati, finalizando o último show, no estádio do River Plate. E é claro que a já citada turnê de reunião não deixaria de ter sua própria gravação: gravado ao longo de 2007 e lançado no ano seguinte, “Gira Me Verás Volver” inova por trazer de volta, em versões reenergizadas, muitas das canções deixadas de lado pela banda em sua última viagem, além de apresentar os músicos ainda em excelente forma, no que seria o último registro da formação junta.

Falando em reunião, a ocasião também marcou o único momento em que uma compilação foi trabalhada pelos próprios membros do grupo. “Me Verás Volver: Hits & Más” é mais do que recomendada para aqueles que nunca tiveram contato com a discografia do Soda, enfileirando todos os principais singles e algumas curiosidades. Também vale citar a coletânea de remixes “Zona de Promesas: 84-93”, que foi lançada durante o hiato que antecedeu as gravações de “Sueño Stereo”. Entre versões boas e outras nem tanto, vale escutar a faixa-título, única gravação inédita na compilação. Esta, aliás, foi uma tradição que o trio manteve em todos seus lançamentos em outros formatos: seu primeiro EP, “Languis” (1989) se destacava por conter uma nova versão da música homônima (lançada primeiro em “Doble Vida” no ano anterior) assim como uma faixa nova, a animada “Mundo de Quimeras”. O mesmo ocorreu com “Rex Mix” (1991), lançado para marcar a série de 14 shows esgotados da banda no teatro Gran Rex, e que também introduziu a faceta mais eletrônica do grupo por meio da doce “No Necessito Verte (Para Saberlo)”.

Por fim, é possível encontrar material em vídeo das mais variadas épocas da carreira do Soda Stereo, em geral com boa qualidade de áudio e vídeo. Os mais recomendáveis seriam o show feito para a MTV em 1996 (ainda que a gravação completa tenha sido lançada somente na década seguinte), bem como o show final, no River Plate, em 1997, e diversos registros da turnê de reunião, em 2007, gravados em diferentes partes da América Latina (a abertura do show de Buenos Aires, com “Juegos de Seducción”, é impressionante). Toda a discografia do Soda Stereo foi remasterizada em 2007, e se encontra disponível nas plataformas de streaming – assim como a curiosidade “Soda Stereo: Sép7imo Dia”, mais uma coletânea de remixes lançados na esteira do espetáculo tributo elaborado pelo Cirque Du Soleil, que se utilizou das canções como trilha sonora. Para os mais curiosos, também é interessante mencionar que a turnê comemorativa organizada por Bosio, Alberti e convidados recebeu registro em vídeo, lançado na plataforma Star+ como “Gracias Totales – Soda Stereo”, mas ainda não disponível para o Brasil. Fica a torcida para que novos fãs possam ter a oportunidade de conhecer mais sobre esta que talvez seja uma das mais fascinantes jornadas musicais da história recente, e que a barreira da linguagem não se imponha à frente de um catálogo vasto, plural e incrível.

Conheça outras discografias comentadas no Scream & Yell

– Davi Caro é professor, tradutor, músico, escritor e estudante de Jornalismo

2 thoughts on “Discografia Comentada: Todos os discos do Soda Stereo

  1. Só fui descobrir Soda esse ano é estou assustado do quanto que a banda é boa…

    Tava ha tempos procurando rock em inglês que não conhecia, sem saber que o verdadeiro tesouro estava aqui do lado

    Uma das melhores bandas de rock que já existiram

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