texto por Renan Guerra
fotos por Fernando Yokota
Em março de 2020, os Backstreet Boys se apresentaram em cidades brasileiras como Uberlândia e Rio de Janeiro, porém, em meio as restrições causadas pela então recente pandemia de Coronavírus, o show de São Paulo foi cancelado em cima da hora. Os integrantes da boy band norte-americana até foram vistos pelo aeroporto da cidade, mas os fãs tiveram que aguardar. As novas datas foram reagendadas para janeiro de 2023 e adicionou-se aí um dia extra – ambas as datas com ingressos esgotados.
Completando 30 anos de carreira, o Backstreet Boys foi um fenômeno na virada do século e, se você viveu época, com certeza foi impactado pelo fenômeno pop – eles inclusive fizeram passagens icônicas pelo Brasil em 2000 e 2001, no pico de sua fama global, com adolescentes chorando nas ruas e nas portas de hotéis e a presença da banda se tornando pauta de programas populares como o Domingo Legal, de Gugu. Um acontecimento geracional, como foram os Menudos ou posteriormente o One Direction, o retorno do Backstreet Boys ao Brasil em 2023 pode estar relacionado a um consumo nostálgico, que tem movimentado e muito o mercado musical nos últimos anos – é só vermos o caos que tem se formado nos últimos dias em função do comeback do fenômeno latino Rebeldes.
No palco do Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo, o Backstreet Boys apresentou a sua “DNA World Tour”, focada nas canções de seu mais recente disco de inéditas,“DNA”, de 2019. E se engana quem pensa que o público presente no estádio queria apenas os hits mais clássicos, pois elas – usamos aqui o feminino, pois o público geral era dominado por mulheres – sabiam cantar a maioria das novas canções e se emocionavam com a experiência de ver seus ídolos juvenis ali tão próximos. Além disso, os músicos fizeram questão de inserir de forma coesa no roteiro do show as novas canções, apresentando-as e muitas vezes fazendo medleys e versões mais curtas das faixas. O setlist do show contava com 33 canções, mesmo assim tudo funcionou de forma fluida e bem ritmada.
O fato é que esse tipo de show que mexe com uma nostalgia do público rende questões bastante complexas, pois há uma parcela de gente que olha torto para esse filão do mercado: “qual o sentido de um monte de gente adulta indo para um show de um artista velho que elas gostavam quando eram adolescentes?”. E para isso temos várias respostas: 1) essas pessoas continuam gostando genuinamente desses artistas. 2) essas pessoas estão se conectando com um sonho juvenil que não puderam realizar por n questões, desde dinheiro até o fato de serem jovens demais para irem nesses shows antigamentes. 3) o fato mais essencial de que elas estão se divertindo muito entre amigas em uma experiência única. Talvez um show de música seja essencialmente sobre isso, né? Pois vamos lá, musicalmente, os Backstreet Boys não são grandes artistas virtuoses e suas músicas também não são lá uma coisa inovadora e super criativa, porém, no palco, eles criam uma experiência grandiosa e pop, ao estilo que brilha ao olhos do público.
Em meio aos gritos poderosos da plateia, o que os cinco artistas fazem em cena é um show que tem seu ar de nostalgia, mas que ainda entende que eles também envelheceram e que soaria um pouco exagerado cinco caras de meia-idade fazendo coreografias no palco. Mas há um bom humor nesse passar do tempo e isso é criado com um diálogo direto com o público, que vai desde conversas e brincadeiras até a insinuação de uma troca de looks no palco e uma cueca jogada em direção à plateia. É, no final das contas, um show bem resolvido em sua proposta, que entende a paixão que move aqueles fãs e que entrega isso com uma embalagem bem amarradinha. A mescla de canções novas com hits clássicos consegue dosar bem a energia pulsante da plateia e criar equilíbrios seguros entre os momentos mais românticos e aqueles mais para dançar e pular.
A experiência de um show com um artista caracterizado como algo nostálgico é interessante para se entender o que move esse público, pois, querendo ou não, há uma relação muito genuína de amor desses ouvintes com artistas que fizeram parte de uma fase fundamental de formação deles. Você pode desgostar o quanto for de Backstreet Boys, mas você não pode negar o impacto pop desses artistas sobre uma geração inteira. E, no final das contas, é muito bonito ver esse público se reencontrando com aquilo que os faz feliz e que tira lágrimas dos olhos de quem ainda consegue se encantar com aquilo que lhe fazia feliz na adolescência.
– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Faz parte do Podcast Vamos Falar Sobre Música e colabora com o Monkeybuzz e a Revista Balaclava.
– Fernando Yokota é fotógrafo de shows e de rua. Conheça seu trabalho: http://fernandoyokota.com.br/
Muito bom artigo, diferente do outro do jornal famoso que somente diminuiu as fãs qualificando elas somente pela idade! Adorei!!
Lá se vão 30 anos,e o amor pelos backstreet boys só aumentou,só quem é fã de verdade sabe.tomara que eles voltem,já nasci pronta.we love backstreet boys.❤️
Em comparação com que se escuta hoje em dia sertanejo sofredor ao funk de Anita prefiro o brega do backstreet boys sem arrependimento de ouvir meus meninos homens❤️