SETEMBRO 2022
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URUGUAI
por Kristel Latecki do site PiiiLA
Setembro começou com uma grande perda para a música uruguaia: o guitarrista Toto Méndez, considerado um dos melhores instrumentistas do país, morreu aos 71 anos. Reconhecido pelo talento desde criança, destacou-se como líder dos violonistas que acompanharam Alfredo Zitarrosa, gravando quatro de seus discos. Após a morte do lendário cantor, formou o Quarteto Zitarrosa e mais tarde o grupo Toto Méndez y sus Compadres. Com eles lançou o álbum “Y No Entendieron Nada” (2017) e foi na companhia deles que teve sua última apresentação ao vivo em agosto. Em março deste ano foi declarado Cidadão Ilustre da Cidade de Montevidéu.
E o final deste mês de setembro teve a Marcha pela Diversidade, a comemoração anual que culmina em 30 dias de atividades que visam reivindicar a diversidade e promover os direitos da comunidade LGBTIA+. Também comemorando o 30º aniversário da primeira marcha, este ano estima-se que cerca de 150 mil pessoas se reuniram no centro de Montevidéu. Continuando com a celebração da música, estes foram cinco dos lançamentos do mês.
DESTAQUE PRINCIPAL
“NO” – ANA PRADA: Ao falar sobre seu quinto álbum solo, Ana Prada diz que em cinco das oito músicas escolhidas, “não” foi a primeira palavra que soou. “Não sei como começar / não sei como continuar”, ela canta em “Todo Es Poco”. “Não quero mais soluções” continua em “Podría Ser”. “Não vejo palavras de amor no poema” canta com Jorge Drexler em “Palabras de Amor” e “Não há verdades” sentencia Natalia Oreiro nas canção de mesmo nome.
Mas longe de ser um álbum negativo, através do “não” surgem oportunidades e decisões. “É um não constitutivo”, afirma o artista. Para “No”, o primeiro disco composto com músicas inéditas desde “Soy Outra” (2013), Ana trabalhou em conjunto com o músico e produtor Pedro Alemany (Camila Sapin, Pekeño 77), com quem manteve sua essência sonora que combina folclore uruguaio música popular (por exemplo a milonga de “Podría Ser”) com elementos e formatos pop (a balada de inspiração vintage “No Hay Verdades”).
Além dos icônicos Drexler e Oreiro, o disco ainda tem outro convidado de destaque, o maestro Julio Cobelli, que, junto com o saudoso Toto Méndez, foi um dos violonistas de Alfredo Zitarrosa, integrante do Quarteto Zitarrosa e referência no violão de tango. Juntamente com Méndez, Alfredo foi declarado também Cidadão Ilustre da Cidade de Montevidéu.
OUTROS DESTAQUES
“POP CHAMPAGNE” – AGUSTÍN CASULO: Combinando o melhor da música urbana e pop depois de ter colaborado com artistas de ambos os lados (Zeballos, Santi Mostaffa, Gavo, LU, BONI, Max Tejera), Agustín Casulo criou as músicas que compõem seu quarto álbum, “Pop Champagne”. Com a co-produção de Santi Marrero e as vozes convidadas de Eros White, Luis Angelero e Zeballos, Agustín refina sua personalidade sonora, dedicando cada faixa a uma faceta particular. “Adrenalina”, a abertura, é dedicada ao pop e acena para um de seus primeiros sucessos: “Autotune, Vinito e Fiesta”. “Boogity” é um synthpop infeccioso seguido por “El Plan”, uma balada com guitarras elétricas sobre escuridão e dúvidas. E enquanto “Luna en Acuario” é uma cúmbia pop com uma sonoridade que remete ao que chamamos de “cúmbia interior” graças ao acordeão, sua contraparte, o intervalo intitulado “Sol en Capricornio” é uma batida densa e trapper que marca o meio do álbum. “Meu primeiro disco poderia ter sido perfeitamente este”, disse Agustín a Piiiila. E é, sem dúvida, um ponto de partida perfeito para conhecê-lo.
“KOREA” – EMI: Emiliano Brancchiari, líder histórico do No Te Va Gustar com quase 30 anos de experiência, lançou seu primeiro single solo em 2022. Assinado como a EMI, Emiliano constrói ao longo dos 5 minutos de “Korea” um caminho de crescente intensidade e distorção. “Já faz algum tempo que me dou prazeres na vida”, canta. “Korea” antecipa o que será “Cada Segundo Dura Una Eternidad”, álbum que será lançado no dia 16 de dezembro. Foi gravado em Long Island, Estados Unidos, por uma equipe de produção liderada por Héctor Castillo, e acompanhado por uma banda de músicos renomados. “Após o lançamento do álbum ‘Luz’, do NTVG, em maio de 2021, a pandemia continuou por mais alguns meses, e com ela a impossibilidade de tocar ao vivo”, diz Emiliano. “Foi com esse impulso criativo que continuei compondo e gravando demos em casa que nasceram de um lugar ainda mais intimista, e sem pretensões de terminar em um álbum de banda. Logo depois, decidi, com o apoio dos meus colegas, dar vida a essas músicas e gravá-las com outros músicos. “Korea” é o primeiro single deste álbum que contém 12 faixas, que, embora também tenham sido escritas por mim, estão um pouco longe do estilo NTVG, se é que existe um.
“PIELES” – CAMILA FERRARI: Em 2021, Camila Ferrari lançou um EP com três músicas que começaram a revelar qual seria seu trabalho solo fora do Coralinas, grupo vocal liderado por Carmen Pi que é um verdadeiro pool de talentos e que inclui ainda Belén Cuturi, Papina de Palma, Inés Errandonea. Agora ela adianta o primeiro single do que será seu álbum de estreia. Liderado pela guitarra elétrica e por uma voz espaçosa, “Pieles” é uma música que capta tensão e dor. “Assim foi que então, o que antes era amor agora é mal”, ela canta no final. A música também é acompanhada por um excelente vídeo criado em conjunto com duas colegas Coralinas, Eugenia Mosca e Magui Mieres. Beleza pura com um toque de humor.
“CHAMPIONES RICOS” – SEÑOR FARAON: Depois de lançar “Noctambul” em 2018, um álbum que pesava com o calor úmido e soava como o zumbido de mosquitos, Señor Faraón retorna com a inspiração de verão em “Championes Ricos”. Neste primeiro single do que será seu próximo álbum, ele reativa o som elétrico com o qual se aventurou em “Noctambul”, e ainda incorpora a voz de Olivia Arocena com quem conta essa história de uma noitada e, parafraseando a letra, a harmoniza lindamente. Há também violinos, trompas e trombetas que conferem à canção uma qualidade quase alucinógena. Este novo verão do Señor Faraón promete ser pegajoso novamente, sim, e bastante agradável.