roteiro, apresentação, edição e entrevista por Sarah Quines

Gabriel Abudraham tinha uma ideia de que poderia ser como Elvis Presley para Israel e, um dia, deixar de fazer música e seguir adiante com a vida. Foi por isso que adotou Charlie Megira como nome de palco. O músico israelense teria completado 50 anos no dia 10 de outubro, mas teve uma vida encurtada e morreu em 2016 aos 44 anos, pouco depois de ter aposentado a persona artística.

No álbum de estreia, que saiu em 2001, Da Abtomatic Meisterzinger Mambo Chic, é nítida a influência da música norte-americana dos anos 50, como o rockabilly e o surf rock. Só que, apesar do topete e do som da guitarra lembrar Elvis, Megira cantava num timbre sorumbático – tanto em inglês, quanto em hebraico.

No trabalho de 2009, Love Police, o músico envereda pela sonoridade pós-punk, em faixas como Fear and Joy, que poderia estar num disco do The Cure. Já Valley of Tears se parece bastante com Just like honey de The Jesus and Mary Chain. Em Elvis is not dead, Charlie abandona o som etéreo pela fúria da guitarra grunge em letras gritadas.

A idiossincrasia de Charlie Megira não cabe num único gênero musical: do surf rock ao rockabilly, do shoegaze ao garage rock, da música experimental ao pós-punk. Como um sol brilhando ao contrário, Megira buscou reviver um passado que nunca existiu. Assista ao episódio:

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– Sarah Quines (@sarahquines) é jornalista e criadora do canal Garimpo Sonoro