introdução por Diego Albuquerque
Faixa a faixa por Jean Medeiros
Jean Medeiros é guitarrista, arranjador, compositor e educador musical. Atuante na esferas acadêmica e artística há pouco mais de uma década, Jean coleciona assinaturas em vários trabalhos fonográficos e audiovisuais de artistas piauienses dos mais diversos nichos e, após lançar um EP de estreia com o Monduá Quarteto em 2020 (“Floresta”), chega enfim ao seu primeiro trabalho solo, “Contos de Terra e Sol” (2022).
Seu debute instrumental solo conta com oito músicas autorais marcadas pelo jazz brasileiro, pela música nordestina, o baião, o samba e o folclore. “Contos de Terra e Sol” fala sobre momentos marcantes vividos em sua terra natal, conhecida pelo calor do seu sol e de seu povo. “O que de fato fez com que minha viagem ao Piauí se tornasse apenas de ida foi, no fim das contas, a música piauiense. O Piauí vai bem demais e sempre foi”, afirma o artista.
Para se aprofundar um pouco mais no álbum pedimos para Jean falar um pouco de cada uma das faixas, que além dele nas guitarras e algumas vozes conta com Frederico Heliodoro (baixo), Thiago Ueda (teclado) e Ajurinã Zwarg (bateria). Dê o play no álbum no seu streaming preferido clicando aqui e leia o faixa a faixa feito pelo Jean logo abaixo:
01) “Contos de Terra e Sol”: A primeira faixa, homônima do álbum, veio por meio de um banho de terra (literalmente) do avô materno e é fruto de uma reflexão sobre a condição do ser humano, suas necessidades e construções. Através de seus compassos compostos, harmonia inquieta e melodia cantante procura falar sobre a vida por meios que a palavra não percorre.
02) “Resolução”: Esse som fala sobre o momento em que houve, de fato, a constatação de que o caminho seria a música; recado recebido pelos ouvidos e pela alma de um adolescente através do violão de Josué Costa no coreto da praça Pedro Segundo. Afrosamba com pitadas de música latina, conta com as participações de Rafael Fortes (RJ) e Lucas Rolim (PI).
03) “Um Som Pra Nós”: Com grande influência da salsa e da música brasileira, essa balada leva consigo gratidão pelas experiências e sinergias que os relacionamentos interpessoais podem oferecer e é dedicada à Ágatha Larissa. A faixa conta com a participação de Sorane Costa (PI).
04) “Pau de Chuva”: A quarta faixa do disco conta com um prelúdio em dueto de guitarra e percussão em sua introdução e contém forte influência do bumba meu boi e da música regional em fusão com um andamento calmo e uma melodia suave. Síntese de uma tarde chuvosa, uma varanda, um violão e uma primeira partitura, resultaram em um momento gravado no peito.
05) “Só de Ida”: É, de fato, uma viagem que planejava ser visita e acabou se transformando em morada através da beleza das pessoas, lugares e eventos para os quais a vida abre as portas sem pedir. Seu ritmo dançante e compasso ternário carregam no DNA o nordeste e o folclore e contam com a participação de João Filho (PI).
06) “Meia Noite e Vinte e Quatro”: À meia-noite e vinte e quatro de um domingo, a chegada de um amor ainda desconhecido e avassalador transformou as batidas do coração em música e as deu ambas, pulso e som, de presentes para minha filha. Com andamento tranquilo e influências do jazz e da música brasileira, conta com a participação de Rafael Fortes e com as risadas da Anaya numa tarde chuvosa.
07) “FogoPagô”: Essa veio de uma tentativa boba de harmonizar a melodia que um fogopagô insistia em cantar sobre um pé de caju de um dos lugares favoritos do compositor. O canto desse pássaro serviu como célula rítmica e espiritual desse baião com toque moderno e livre que conta com a participação do acordeon de Cris Lima (PB).
08) “Zênite”: A última faixa representa o sentimento de gratidão pelo processo de concepção do álbum e das linhas da vida que guiaram até as experiências do sentir e transformar. Unindo a harmonia jazzy com melodias simples e synths expressivos temos uma atmosfera calma e ao mesmo tempo movimentada como o vento que circula sob os pontos mais altos. Conta também com vozes de Sorane Costa.