Ao vivo: Graciosa, Avril Lavigne faz show morno e curto, mas recheado de hits em SP

texto por Renan Guerra
fotos por Fernando Yokota

Avril Lavigne é uma espécie de fenômeno geracional da virada dos anos 2000. “Let Go”, seu disco de estreia, completou 20 anos em 2022 e ganhou status cult de um público que retornou ao álbum depois de tanto tempo. Fato é que o público da cantora e compositora canadense foi se modificando com a passagem dos anos e ganhando novas gerações. Em São Paulo, no Espaço Unimed, trazendo a sua turnê “Love Suxx”, Avril conseguiu reunir um público grande que passava desde os trintões que cresceram ao som da cantora quanto um amplo público jovem que ocupava o espaço trajado tal qual as diferentes fases da artista.

Não deixa de ser bastante curioso ver menininhas jovens com os mesmos looks que Avril usava há 20 anos atrás, quando muitas delas ainda não eram nascidas. Todos esses fãs esperaram em uma longa fila que encheu as ruas no entorno do espaço e fez com que algumas pessoas ainda estivessem fazendo a sua entrada no local quando a cantora Day Limns (foto acima) subiu ao palco para o show de abertura da noite, pontualmente às 20h30. Participante do The Voice Brasil de 2017, Day apresentou seu pop punk para um público animado e se mostrou segura ao comandar a audiência. Mesclando canções de seu disco “Bem-vinda ao clube” (2021) com alguns outros singles, Day se disse emocionada ao realizar um sonho, já que também é uma fã de Avril.

Se o show de abertura foi pontualíssimo, o show de Avril demorou um pouquinho mais. Marcado para às 21h30, Avril subiu ao palco praticamente às 22h – um show mais tarde é sempre uma questão para uma parcela do público que depende do metrô para o seu retorno, mas isso acabaria não se mostrando um problema, já que o show de Avril foi bastante diminuto. Avril se apresenta em um palco todo decorado com balões pretos, os mesmos que ela segura na capa de “Love Sux”, disco lançado em fevereiro desse ano. É desse álbum que vem a espinha dorsal do show – ela canta cinco faixas de “Love Sux” em 14 canções do set.

O show foi aberto com “Cannonball” e “Bite Me”, logo na sequência voltamos para a canção “What the Hell”, do disco “GoodBye Lullaby” (2011), e na sequência o clássico “Complicated”, direto do “Let Go” (2002). Aí temos o primeiro interlúdio, Avril sai do palco e a banda toca de forma instrumental. Então ela retorna para mais um combo de quatro canções: “My Happy Ending”, “Smile”, “Losing Grip” e “Love It When You Hate Me”. O que vem na sequência? Mais um interlúdio. Avril sai novamente do palco, a sua banda toca a faixa “Hello Kitty” de forma instrumental, até que Avril retorne para o terceiro e derradeiro ato.

O trecho final é composto basicamente pelas canções “Girlfriend”, lá do “The Best Damn Thing” (2007), seguida de “Bois Lie”, do novo disco, e fechando com mais um clássico de seu disco de estreia, “Sk8er Boi”. Agradecimentos finais e 22h50 a cantora se retira do palco. Seu público chama novamente, grita alguns nomes de canções e ela retorna. O bis é aberto com “Head Above Water”, seguida de “Avalanche”, faixa que não é usual em seu setlist recente e que foi adicionada a pedido dos fãs, depois que ela questionou o que eles gostariam de ouvir através de seu Twitter. Para fechar, mais um hit do disco “Let Go”, a icônica “I’m With You”. 23h10 da noite e já estávamos saindo do Espaço Unimed.

O show em si é bastante divertido para o público, estão ali os hits, há momentos para cantar junto e há a presença luminosa de Avril, porém a sensação é de algo curto demais, veloz demais, pois se somarmos as saídas dela do palco, entre idas e vindas, o tempo de show é bem pequeno. Sem falar que a sensação no geral é um tanto quanto morna, há momentos em que a cantora parece meio distante, meio protocolar, o que é uma pena, já que os fãs brasileiros explodem energia. Tirando essas questões, seu show tem essa roupa rock’n’roll, porém é um showzão pop – o que deve ser lido como um elogio –, com toda uma cenografia e objetos que remetem a um tipo de espetáculo bastante comum no universo pop, e que provavelmente funcionará muito bem no palco grandioso do Rock In Rio, onde ela se apresenta na sexta-feira (09), no palco Sunset.

O saldo final da noite é agridoce: Avril é uma gracinha no palco, tem um charme que conquista e tem na sacola uma boa leva de hits, mas fica a sensação de que, depois de 8 anos sem vir ao Brasil, seu setlist poderia ter mais canções e poderia surpreender mais.

– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Faz parte do Podcast Vamos Falar Sobre Música e colabora com o Monkeybuzz e a Revista Balaclava
– Fernando Yokota é fotógrafo de shows e de rua. Conheça seu trabalho: http://fernandoyokota.com.br/

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