15 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.
O Scream & Yell tem a honra de republicar os livros da Mojo em seu aniversário de 15 anos buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). Toda segunda, um livro da Mojo novo sobre um disco! O décimo-nono volume da série (os anteriores estão aqui) tem como inspiração “Cartola”, disco de estreia de Angenor de Oliveira, o Cartola, recontado por Igor Capelatto.
Lançado em agosto de 1974, quando Cartola já tinha 66 anos, “Cartola” teve produção de João Carlos Botezelli (conhecido como Pelão), direção artística de Aluizio Falcão e arranjos de Dino 7 Cordas. Foi lançado pelo selo Marcus Pereira e contém alguns dos seus maiores clássicos, como “Tive Sim”, “Alvorada” e “O Sol Nascerá”. Em 2007, a revista Rolling Stone o colocou na 52ª posição na lista dos 100 maiores discos da música brasileira! Baixe o PDF ou leia online!
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Igor Capelatto, porque você escolheu esse disco?
Primeiro, porque foi minha namorada que me apresentou o disco. Achei genial e cativante as canções do Cartola que além de eternas nos revelam parte da verdadeira música brasileira. Segundo, porque analisando as canções vemos uma história sendo contada, a do próprio Cartola.
Como foi o processo de transformar música em literatura?
Muito interessante. Pois sempre senti que as músicas trazem muitas histórias, não só nas letras como nas melodias. O ritmo da trama de Cartola foi desenvolvido com base no ritmo das canções. Eu procurei dar a velocidade da leitura e das ações das personagens com base nas batidas e melodias das canções do álbum.
Com qual canção do álbum vc diria para o leitor iniciar seu conto?
A vida é como um uma pintura, linda, maravilhosa, mas que às vezes não sabemos que uma daquelas pinceladas foi feita com sangue sofrido. Assim, “Alvorada” deve abrir a leitura, pois nosso prólogo sugere mesmo que lá no morro “ninguém chora, não há tristeza”, mas que na verdade todo mundo sofre, seja pela miséria, seja pela perda de um grande amor. Depois é só voltar ao início do álbum e seguir a ordem das canções que elas se encaixam perfeitamente na seqüência da trama, mesmo que tenha aberto a leitura, a “Alvorada” vai voltar a aparecer e você vai ver no meio de tanto sofrimento que “o sol colorindo é tão lindo”.