por Marcelo Costa
15 anos atrás, dois grandes amigos meus, Danilo Corci e Ricardo Giassetti, decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, primeiro com e-books sobre discos, depois uma série especial sobre Singles, estendendo-se para Comix, Specials e Mojo+, cada categoria com uma proposta especial (que se desdobrou depois no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural).
Dentro da série Mojo Books foram mais de 130 publicações e 200 singles lançados nesse período, com uma característica particular: os livros eram liberados via download gratuito, mas cada volume tinha uma tiragem que, assim que alcançada, fazia com que o e-book “esgotasse” e se tornasse um livro raro. Com isso, muitos leitores não tiveram acesso a alguns dos títulos da Mojo, o que, nos 15 anos da editora, completados em dezembro, nos trouxe a ideia: vamos republicar tudo novamente e tentar manter o acervo online.
Assim, toda segunda no Scream & Yell teremos um Mojo Book novo (os apressadinhos podem ir ao site da Mojo atrás dos primeiros 10 volumes). O segundo volume traz um dos fundadores da Mojo, Ricardo Giasseti, com um livro inspirado no quinto álbum do New Order, “Technique” (1989). Na época do lançamento da Mojo, fiz algumas perguntinhas aos primeiros autores da série, e Ricardo falou o seguinte sobre esse lançamento:
– Por que você escolheu esse disco?
Ricardo Giassetti: “Technique” foi o primeiro trabalho do New Order após o advento de “Substance”, o único disco perfeito conhecido pela raça humana. “Technique” também foi o primeiro lançamento do New Order depois que comecei a ouvir a banda. A experiência de comprar pela primeira vez um disco inédito da banda preferida é gratificante. Ouvi cada uma das faixas no meu próprio aparelho de som, longe do mundo exterior. E aprendi sozinho a gostar delas. É até provável que a visão do New Order como banda moldou algumas das minhas qualidades pessoais. Sua simpatia com o anonimato e sua generosidade para com a gravadora, são exemplos a serem seguidos. Além das drogas, claro.
– Como foi o processo de transformar música em literatura?
Ricardo Giassetti: Não foi difícil. A estrutura que usei no livro coloca paralelamente o dia de um cara e o setlist do disco. Da hora em que ele acorda até quando vai… ele não vai dormir, exatamente. A idéia de criar ficção tendo música como base já era uma velha companheira, que agora a Mojo ressuscitou.
– Com qual canção do álbum você falaria para o leitor iniciar seu conto?
Ricardo Giassetti: Com a “Fine Time”, a primeira do disco. E seguir em frente, capítulo a capítulo, com” All the Way”, depois “Love Less”, “Round & Round” até “Dream Attack”. O livro tem o mesmo tempo de leitura que o “Technique” (39 minutos).
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Sobre a superfície do planeta que seus habitantes chamam de Terra, vive Johnny. Às nove e meia da manhã, nesse país que ele escolheu como lar, a estrela do sistema brilha forte sobre a camada atmosférica azulada. Aproximadamente cinco milhões de toneladas de hidrogênio e hélio são consumidas por segundo em reações nucleares para que a exata quantidade de calor viaje oito minutos no vácuo, aqueça a janela do seu quarto, e o incomode o suficiente para despertá-lo antes que complete duas horas inteiras de sono.