introdução por Marcelo Costa
faixa a faixa por eliminadorzinho
Após dois EPs (“nada mais restará”, 2016 e “Aniquiladorzinho”, 2017), um split ao lado da banda Quasar (“Peleja”, 2018) e um EP como banda de apoio do mineiro Fernando Motta (“Lapso”, 2019), o jovem quarteto paulistano eliminadorzinho chega enfim ao seu primeiro disco cheio, “Rock Jr.” (2021), um álbum de nove músicas e 33 minutos que conta com a produção de Luden Viana (E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante) e lançamento em parceria com o selo e produtora Cavaca Records.
Formada por Gabriel Eliott (voz e guitarra), João Pedro Haddad (baixo) e Tiago Souto Schützer (bateria), a eliminadorzinho busca condensar cinco anos de banda (e vivências, aprendizados e histórias) em “Rock Jr.” que, tematicamente, fala “sobre a bagunça do começo da vida adulta”, refletindo “sobre romances, amizades, convivência, tempo e rotina”, tudo isso embalado por uma sonoridade guitarreia que combina elementos (emo, slowcore, noise) que só jovens de coração aberto poderiam abraçar sem peso na consciência.
“É um disco sobre uma série de coisinhas, um disco desmontável e remontável. Cada música é um episódio do nosso cotidiano, que se passa na cidade (ou em várias cidades). Fizemos tudo isso com o máximo de sinceridade”, comentam em texto presente no Bandcamp da banda, que ainda lista como influências bandas (Yo La Tengo, Title Fight, Polara e Raça), games (Super Smash Bros, Fifa e Tony Hawk Pro Skater) e filmes (“Escola de Rock”). Abaixo, o trio aprofunda o olhar sobre as nove faixas de “Rock Jr.”.
01 – “Eu Só Preciso De Um Tempo”
Bastante inspirada nos riffs pegados do Yo La Tengo. A música é bem potente, mas não tem transições bruscas. A gente se especializou nos últimos tempos a fazer uma atmosfera de som bem densa, presente no nosso primeiro EP “Nada Mais Restará” (2016), e trouxemos essa experiência pro álbum também, mas de um jeito mais seco do que antes.
02 – “Verde”
A letra veio como um grito entalado sobre se encarar com seus próprios fantasmas. Uma das poucas músicas que a letra veio antes do riff de guitarra, mas também sem muita pretensão de ser um hino. Bastante inspirada no Polara, uma influência em comum entre os três.
03 – “Pompeia”
Veio como um desabafo sobre nossos primeiros empregos e namoros, com algumas imagens abstratas e outras bastante diretas. Trabalhávamos e frequentávamos muito a região da Pompeia, em São Paulo, então além de tudo é uma homenagem ao Sesc Pompeia e à saudosa Breve.
04 – “Baixo Astral”
Uma das músicas que surgiu com a ideia de fazer o disco, e que lançamos como single em 2019. Na época gravamos às pressas pra divulgar nosso show com o Cloud Nothings, o que acabou fazendo com que ela ficasse bastante distante do que a gente queria, então achamos justo regravar pra caber com o resto das músicas. Encapsula bem o tema geral do disco, as ansiedades da passagem do tempo e a questão do envelhecer.
05 – “Eu Já Sei”
Sobre relacionamentos, sejam românticos, familiares ou de amizade, e sobre perdas. Quando começamos a criar essa música nos deparamos com um novo jeito de compor, dando mais atenção às vozes e também criando uma narrativa com diferentes sensações. Deixar a música nos trinques foi um desafio, talvez seja o nosso arranjo mais ambicioso até agora.
06 – “Temporais”
Um dos primeiros riffs que foi se tornando música em um processo bastante consciente de composição, de sentar e escrever. É por isso uma das nossas letras mais diferentes. Destaque pra produção do Luden, que nos incentivou a trabalhar as melodias – o que é visível no disco inteiro.
07 – “Trânsito (Ilusão)”
Requinte de melancolia na noite paulistana, e talvez nossa única música explicitamente sobre términos. Ecos das nossas primeiras influências de slowcore, shoegaze e post-rock, ainda mais pela guitarra do Luden, que foi uma grande referência pra nós quanto a esses gêneros.
08 – “Em Seu Lugar”
A música mais antiga do disco, de 2018. Grande inspiração na banda Raça, nossos colegas com quem já tocamos algumas vezes. A ideia foi fazer um punk brabo hardcore, que não era uma grande influência no começo da banda, mas foi transparecendo. Resolvemos regravar porque ela praticamente liderou essas novas composições, esse novo espírito da banda que é retratado no disco. É uma das nossas favoritas ao vivo.
09 – “Canção Pro Tony Andar de Skate”
Um dos processos criativos mais divertidos do disco, a música nasceu de uma gravação amadora, em que começamos a cantar frases soltas e tocar despretensiosamente. Quando ouvimos a gravação adoramos o resultado, e a estrutura final foi bem baseada nessa primeira gravação (com mudanças bruscas, uma letra bem humorada etc).
– Marcelo Costa (@screamyell) edita o Scream & Yell desde 2000 e assina a Calmantes com Champagne. A foto que abre o texto é de Yasmin Kalaf / Divulgação