Faixa-a-faixa, por Lê Almeida:
Criador prolífico, Lê Almeida lança em pleno dia 25 de dezembro seu 6° álbum, “Aulas”. O registro pessoal e experimental leva as melodias de rock alternativo e lo-fi por caminhos novos em uma de suas obras mais íntimas. O disco, um registro sobre perdas, teve seu dia de lançamento – o Natal – escolhido por uma razão especial.
“Esse disco sai no Natal por uma simbologia nossa de data – meu pai, que faleceu em 2018 e faria aniversário. Minha mãe morreu esse ano, em março. Hoje, morando só eu e minha irmã, ter a meta de criar um disco no meio de uma dor e com o coração partido me motivou muito a seguir em frente. Deu força e luz. Esse disco dá início a uma fase mais experimental, em termos de sonoridades, instrumentos e melodias”, conta Lê Almeida.
“Aulas” (2020) foi concebido após duas longas turnês com o Oruã por EUA e Europa e fazendo parte da lendária banda americana Built to Spill. E depois de tantas jornadas, ele se viu preso em casa pela pandemia. Ali, buscou aprofundar no conhecimento interno e de criação musical. É de onde vem o nome do trabalho, “Aulas”, em uma referência à gíria carioca.
“Eu não tinha planejado tanto, mas em meio à quarentena e dentro de casa em um bairro que eu gosto e me sinto confortável, o disco só veio numa onda”, conta ele, que buscou trabalhar em novas sonoridades e experimentações como forma de lidar com o luto.
“Aulas”, como em grande parte de sua discografia, conta com Lê em quase todos os instrumentos. O álbum ainda traz Bigú Medine no baixo e João Casaes no synth e masterização. Além deles, uma série de artistas fazem participações especiais como o americano Rumi Kizmic (Distant Family), Laura Lavieri, Daniele Vallejo (Blastfemme) e Dinho Almeida (Boogarins). “Aulas” é um lançamento da Transfusão Noise Records. Conheça o álbum faixa a faixa, por Lê Almeida.
Faixa-a-faixa, por Lê Almeida:
01 – Constelação de Virgem – Eu curto faixas que simbolizam aberturas e essa era só uma frase de guitarra que dizia algo, mesmo sem voz. Minha irmã Leticia toca metalofone e Bigú Medine, baixo.
02 – Luar Bençoar – Nosso começo na onda de dois baixos em um rock pesado. Esse era um riff antigo meu que acho que sempre praticava na guitarra até que rendeu uma faixa. Tem um baixo do Bigú e outro do João Casaes.
03 – Interior de Qualquer Desordem – Queria soasse calmo e pesada, é um som de bateria que gosto muito. Tem violino da Rumi Kuzmic, baixo do Bigú e synth do João Casaes.
04 – Apreço Antigo – Essa era uma base antiga, já tinha tudo pronto e ficava meses testando diferentes melodias de voz. Fez eu assimilar novas formas de entortar a voz
05 – Insight Fim – Inicialmente era pra ser uma faixa de guitarra e voz, bem delicada. Testei uma bateria uma vez e deslanchou outra onda. Tem baixo de João Casaes.
06 – Coroação – Fiz pra minha mãe. Tinha essa introdução há anos, sempre me soava triste e melancólica. Gosto de todo o crescente que ela faz, tudo acontece. Tem baixo do Bigú e backing vocals da Laura Lavieri.
07 – Fatal Falta – Gravei essa no Tascam em cassete, inicialmente não era pro disco, mas depois fez algum sentido pra mim. Julio Santa Cecília participa com drones, synths e reverberações.
08 – Imaculada – Talvez seja essa o rock mais pesado do disco. Tinha as baterias gravadas de alguns anos atrás, estava esperando o momento certo de gravar. Acabei fazendo umas guitarras como experiência pra depois regravar, acabou que tudo ficou dessa primeira forma, até a voz. Tem baixo do João Casaes e guitarra e backing por André Medeiros.
09 – Amarração – Essa começamos a gravar em 2016 em cassete. Foi a partir dela que o disco surgiu. Dedicada com muito amor aos meus pais. Além da banda base com Joab Régis na bateria, tem Felipe Oliveira (Gaax) no trompete e backings, Daniele Vallejo (Blastfemme) também backings, Dinho Almeida (Boogarins) nos backings e Barbara Guanaes (Mos) no metalofone.
10 – Castelo de Asas – Eu queria por mais faixas com violão, talvez só mais faixas sem bateria. Essa foi algo que fiz pra poder tocar no violão com facilidade, no flow. Eu fiz pra minha irmã Letícia, dedicado a esse castelo enorme de asas que essa liberdade desse momento tem nos dado.