Texto por Pedro Salgado, especial de Lisboa
Fotos por Vera Marmelo
Na segunda noite lisboeta da tour do álbum “Vias de Extinção” (entrevista ao Scream & Yell aqui), Benjamim correspondeu à alegria ruidosa do público, que lotava o Teatro Maria Matos, aligeirada, naturalmente, pelas distâncias de segurança regulamentares devido a pandemia da Covid-19 – em Portugal, os shows retornaram gradualmente a partir de junho. O músico e a sua banda entraram em palco 15 minutos após a hora marcada e imprimiram logo de seguida um pendor dançante ao show, por via de canções do novo álbum como “Urgência Central”, “Domingo” (uma ótima interpretação) e o pop “Ângulo Morto”, no qual Benjamim largou o sintetizador e posicionou-se no centro do palco tocando a sua guitarra acústica.
“Boa noite a todos! Tudo bem? Nós estamos muito felizes por estar aqui. Agora vamos tocar uma canção antiga”, anunciou o artista perante uma assistência entusiasmada. A música em questão, “Volkswagen”, retirada do álbum “Auto Rádio” (2015) gerou a primeira fase de calma no espetáculo, dando lugar a uma recordação do disco “1986”, de 2017 (“Dança Com Os Tubarões”), que compatibilizou o formato acústico e a pegada roqueira. A banda de Benjamim (composta por cinco músicos) revelou coesão sonora e contribuiu para o sucesso do concerto, proporcionando igualmente várias fases de animação, nomeadamente com o baixista Nuno Lucas aos saltos ou fazendo uma coreografia divertida com o tecladista António Vasconcelos Dias.
Após aproximar-se do disco sound e brilhar no falsete de “Segunda-feira”, Benjamim assinaria o primeiro grande momento da noite através do clássico “Terra Firme”, numa performance segura e emotiva, cantada em uníssono pela plateia e registando uma grande ovação. “A próxima música é sobre tempos difíceis e eles estão cada vez mais próximos”, afirmou antes de tocar a agridoce “Disparar”. A animação regressaria com a contagiante “Madrugada” (outro dos pontos altos do show) e com o disco funk “Incógnito”, numa excelente versão, que dedicou a dois amigos: um radialista e o responsável da discoteca que inspirou a canção.
Na parte final da atuação e após um instrumental, Benjamim comprovou o seu potencial criativo, que faz dele um dos músicos portugueses mais talentosos da nova geração. Primeiro, na comovente balada “Serviço de Despertar” e depois no único encore do espetáculo (“Vias de Extinção”). Em ambos os casos, o compositor lisboeta exibiu a sua vulnerabilidade e mostrou coragem na forma de apresentar as histórias pessoais. Durante uma hora e meia, Benjamim sobressaiu pela autenticidade e cativou o público do Teatro Maria Matos com um repertório abrangente e que assenta, maioritariamente, em boas emoções.
– Pedro Salgado (siga @woorman) é jornalista, reside em Lisboa e colabora com o Scream & Yell desde 2010 contando novidades da música de Portugal. Veja outras entrevistas de Pedro Salgado aqui.
– Vera Marmelo é fotografa. Confira seu trabalho em https://veramarmelo.pt/