por Herbert Moura
Juntos desde 2014, a big band paulistana Black Mantra chega ao segundo álbum de canções autorais. Após a estreia com “Black Mantra”, em 2017, o grupo lançou “VXNTX VXNTX” em março de 2020, aproximando-se ainda mais de BNegão: o rapper carioca participou da série de shows em que o Black Mantra celebrava o repertório composto por Tim Maia entre 1974 e 1975, na mística e mítica fase Racional, e coproduz o disco novo com o octeto.
Formada por Leonardo Marques (bateria), Caio Leite (baixo), Kiko Bonato (teclados), Igor Thomaz (saxofone barítono), Pedro Vithor (saxofone tenor), Doug Felicio (trombone) e Felippe Pipepta (trompete), o Black Mantra exibe como referencias os ícones James Brown, Maceo Parker, Fred Wesley e The JBs. Para somar, a potente nova geração que figura nomes como Anderson Paak, Marcos Valle e Gerson King Combo.
“VXNTX VXNTX” chega para reafirmar e expandir a identidade artística do grupo. “Neste trabalho queremos entrar nas pistas de dança. Esse é o lugar que gostamos de estar e tocar. A cultura do DJ e dos bailes é muito forte pra gente. Por isso, tivemos uma preocupação maior em dialogar com as discotecagens e com as nossas influências brasileiras. Trouxemos bateria e baixo funk, teclados hip hop, metaleira reggae e encontramos inspiração em outros ritmos como tecno-brega e carimbó, atualizando o nosso próprio repertório”, explicam.
Abaixo você conhece as 13 canções do disco comentadas faixa a faixa pelo baixista Caio Leite.
01) “MMXX” – Música que abre com o nome do disco (2020) em romano. A faixa foi feita a partir de um beat do Leonardo Marques (baterista) que foi levado para um de nossos retiros de composição e, lá, a banda fez a maioria dos arranjos. No final da música tem articulações feitas pela metaleira que nos impressiona até hoje (risos). Obra do Pedro Vithor (saxofonista e arranjador)
02) “SANDRA” – Faixa feita em parceria com o guitarrista Leo Pinotti. O nome é uma homenagem a Sandra de Sá, referência pesadíssima para nós.
03) “SAMBADELIC” – Nossa tentativa de cruzar pontos entre o groove, hip hop e samba. Nesta música, o Pedro Vithor (saxofone e arranjador) toca um clarinete, bem brasileiro. O beat foi feito com o Ivan Santarém.
04) “R0L3” – Feita em parceria com o guitarrista Ivan Santarém, essa é a música pra você fazer uma pista groovy onde quiser!
05) “FUNKY DRAMMA” – Beat também feito com o Ivan. O nome da faixa é uma homenagem ao James Brown e ao Clyde Stubblefield (baterista inventor desse groove chamado “funky drama”).
06) “zero2022020” – O nome da música é uma brincadeira com os “códigos binários” e é uma sequência palíndromo (de trás para frente é o mesmo número). Fizemos em parceria com o Pancho Trackman, que cedeu esse beat e levamos para o retiro de composição para fazermos as linhas de metais e outras partes. A banda sempre conversou com grooves mais afrobeats e essa música é a única do disco que traz essa matriz mais africana.
07) “BRASSS” – Som feito pelo Leonardo Marques, baterista, que traduz bem nossa influência hip hop. Acho que é a preferida do BNegao. Ela é uma das que gravamos Tuba/Sousafone com Doug (trombonista).
08) “DISCO” – O nome já diz tudo. Uma boa pista de dança precisa passar pela Disco Music.
09) “POWA” – Nosso primeiro reggae gravado. Ritmo que nos influencia demais. Kiko Bonato (tecladista) e Felippe Pipeta (trompetista) são músicos conhecidos por suas bandas de reggae e ska (OBMJ, Sapo Banjo, Ba-Boom, Buena Onda Reggae Club). São nossos embaixadores da ilha no Black Mantra.
10) “JAMES DA SILVA” – Essa música foi trazida pelo Leonardo Marques (baterista) como um estúdio de grooves novos e incentivo para testarmos caminhar para outros lugares. Ela tem um pouco de ragga e kuduro. Nos lembra também uma forte influência fora do funk, uma banda alemã chamada SEEED
11) “COLLECTIF” – Faixa feita em uma jam de madrugada, com cada um tocando o instrumento que não é seu de origem. Tem uma forte influência dos grooves e balanços brasileiros inspirados no Azymuth, Marcos Valle e cia.
12) “MALVIN” – Segunda música do Pancho Trackman, beatmaker parceiro que nos cedeu outro beat que vinha dessa linha de baixo e temas dos metais iniciais. Logo na audição, eu e o Le achamos que esse som podia dar certo com o Black Mantra tocando.
13) “COLINA” – Acho que é a música mais indefinida do disco. Tem um pouco de rock, groove, melodia, hip hop.
– Herbert Moura escreve no Scream & Yell desde 2013. A foto que abre o texto é de Marcos Bacon /Divulgação.