por Paulo Pontes
“Oblivion”, Crematory (Steamhammer)
Em seu mais recente disco — o primeiro em estúdio com o novo baixista, Jason Mathias, guitarrista da banda Palace —, os alemães do Crematory entregam para os fãs um trabalho honesto, muito bem executado e com melodias excelentes. Os excessos influenciados pela música eletrônica/industrial de outrora diminuíram, e muito. Estão mais presentes na faixa “Immortal”, e, ainda assim, não comprometem a audição. De forma geral, “Oblivion” é um álbum de Gothic Metal – um ótimo álbum de Gothic Metal. Os vocais de Felix Stass continuam em forma, com seu gutural característico, e os trechos mais limpos — que desde o disco anterior, “Monument” (2016), são executados pelo guitarrista Tosse Basler —, soam muito bem e são colocados nos momentos certos. As melhores músicas são “Salvation”, “Until The Dawn”, “Wrong Side”, a belíssima balada “Stay With Me”, “For All of Us” e “Cemetary Stillness”. Destaque também para os teclados de Katrin Jüllich, que preenchem as músicas com timbres e arranjos de primeira. É um disco bem coeso, inspirado e tem tudo para agradar os fãs. Vai ficar um tempo aqui no repeat. Ponto positivo para a banda.
Nota: 8
“Fury”, Ektomorf (AFM Records)
No final de 2017, a banda húngara Ektomorf divulgou que seu novo álbum seria lançado em fevereiro de 2018. Menos de um mês depois, o vocalista, guitarrista — e líder — Zoltán Farkas anunciou a substituição de 3/4 do grupo. Ou seja, apenas ele permaneceria. Entraram Szebasztián Simon (guitarra), Attila Asztalos (baixo) e Dániel Szabó (bateria). E “Fury” foi realmente lançado, mais precisamente no dia 16 de fevereiro do ano passado. E sim, as influências de Sepultura e Soulfly continuam. Mas isso seria um problema apenas se as músicas fossem ruins, e, definitivamente, não são. O disco abre com a pedrada “The Prophet of Doom”, música que já ganhou um videoclipe (assista mais abaixo). Os novos integrantes estão entrosados, tocando de maneira pesada e repleta de “groove”, como já era de se esperar em se tratando de Ektomorf. A faixa-título é um dos destaques, com um refrão grudento e que fica na cabeça do ouvinte mesmo horas após a audição completa do play. As mudanças de andamento presentes em algumas músicas são muito bem encaixadas, certeiras. Valem menção também “Bullet in Your Head”, “Tears of Christ”, a cadenciada “If You’re Willing to Die”, que possui um riff pesadíssimo; e o encerramento com a acelerada “Skin Than Alive”. As gravações de “Fury” foram realizadas no Antfarm Studios e a produção — por sinal, excelente — ficou mais uma vez a cargo do dinamarquês Tue Madsen. Um disco que vai agradar em cheio os fãs da banda e os apreciadores do chamado Groove Metal.
Nota: 8
“Ritual”, Soulfly (Nuclear Blast/Shinigami)
Muito peso, muito groove e doses cavalares de um metal moderno de primeira. “Ritual” é, sem sombra de dúvidas, um excelente álbum na extensa discografia do Soulfly (já são 11 discos de estúdio)! Após dois trabalhos regulares, “Savages” (2013) e “Archangel” (2015), eis que o quarteto liderado por Max Cavalera nos brinda com um dos grande disco. Sem exageros. Este é o álbum de estreia do baixista Mike Leon — que entrou em 2015. Completam a “tribo” o guitarrista Marc Rizzo, já velho companheiro de Max, e o baterista Zyon Cavalera, um dos filhos do ex-frontman do Sepultura. E como tem tocado bem esse garoto, que evoluiu muito no instrumento. Além desse time, “Ritual” tem as participações especiais de Randy Blythe, vocalista do Lamb of God, em “Dead Behind the Eyes”, e Ross Dolan, vocalista do Immolation, em “Under Rapture”. Ambas excelentes faixas. O álbum é pesado ao extremo, em alguns casos flertando com o death metal, como, por exemplo, em “The Summoning” e “Evil Empowered”, faixas que mostram que a intenção de Max foi fugir um pouco dos experimentalismos que vira e mexe estão presentes nos trabalhos da banda. Essa foi a primeira vez do Soulfly com o produtor Josh Wilbur e o cara fez uma produção de primeira, deixando todos os instrumentos pesadíssimos e nítidos. A sonoridade mais crua dos dois álbuns anteriores foi deixada de lado e aqui a pegada é outra. Graves na cara. Talvez a única faixa que remete à sonoridade dos primeiros anos de banda seja justamente a faixa-título, que é excelente. Com um refrão forte, grudento e riffs muito bem executados. Lançado pela Nuclear Blast, no Brasil o disco ganhou uma versão da Shinigami Records. Puta disco foda!
Nota: 9
– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash, assina a Kontratak Kultural e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell. É autor do livro “A Arte de Narrar Vidas: histórias além dos biografados“.