entrevista por Homero Pivotto Jr.
Poucos são os ídolos do heavy metal que conseguem envelhecer bem. Os excessos da vida na estrada cobram seu preço. Mas essa conta parece não ter chegado ainda para Biff Byford, vocalista do Saxon. Aos 67 anos — mais de 40 deles dedicados à banda que ajudou a fundar em South Yorkshire, Inglaterra, 1977 —, o inglês mantém a disposição para fazer música e a voz irretocável.
Ele mesmo afirma que o grupo é “100% ao vivo”, ou seja: mostra o que sabe no palco, postura que demanda energia. A longa cabeleira, que hoje oscila entre tons de louro e de grisalho, esconde algumas rugas, e revela que ainda há muita vida naquele que é um dos grandes frontmans do rock até os dias de hoje. Junto a ele, da formação original, apenas Paul Quinn segue na guitarra, mas o batera Nigel Glockler entrou em 1981 (saiu, voltou, saiu de novo e voltou em 2005) e o baixista Nibbs Carter, 1988. O segundo guitarrista, Doug Scarratt, é o “novato”, com 22 anos de banda (1996)…
Com uma discografia que inclui mais de 20 álbuns de estúdio – o mais recente, “Thunderbolt” , é de 2018 –, aproveitamos a oportunidade da recente passagem da banda pelo Brasil para conversar com o pioneiro da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Na entrevista, Lord Biff fala do novo trabalho “Thunderbolt” (2018), dá sua definição de heavy metal e lembra o finado parceiro Lemmy.
O Saxon tem mais de 40 anos em atividade. Olhando para trás, quais você apontaria como as grandes conquistas da banda?
Ainda estar por aí fazendo som e gravando bons discos.
Vocês são um dos nomes que despontaram com a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Como era a cena à época? Que outras bandas eram parceiras do Saxon?
Era um período bastante excitante. A gente esteve muito tempo ao lado do Motorhead nessa fase, conhecemos muitas bandas. Entre elas, Judas Priest, Iron Maiden, Whitesnake, Nazareth e por aí vai.
Falando em NWOBHM: a banda sente-se confortável com esse rótulo? Afinal, há quem afirma que o Saxon é rock’n’roll, o que não se pode dizer que é errado.
Somos os dois ao mesmo tempo. Por exemplo: ‘Wheels of Steel’ é mais rock’n’roll, enquanto ‘20,000 Ft’ é definitivamente heavy metal.
O que era ser heavy metal há quatro décadas e o que define essa alcunha hoje em dia?
Para mim, heavy metal é a mentalidade, o jeito que a música é tocada e escrita para soar 100% de seu potencial.
O Saxon está celebrando o aniversário de 40 anos com shows grandiosos na Inglaterra, previstos para outubro. Quais diferenças dessas apresentações para as que serão executadas no Brasil?
O repertório vai ser o mesmo, mas a produção diferente. Você sabe, o Saxon é uma banda 100% ao vivo. Então, eu posso alterar as coisas se o público deseja um som específico.
Quais seus trabalhos preferidos do Saxon?
“Thunderbolt” (2018), Wheels of Steel (1980) e Denim & Leather (1981) – respectivamente o 22º álbum da banda, o segundo e o terceiro.
O álbum mais recente, “Thunderbolt” (2018), é tão bom quanto qualquer outra na discografia da banda. Como seguir lançando discos interessantes atualmente?
Sou totalmente dedicado e focado em escrever e produzir boas composições.
Você era bem próximo do Lemmy, um ícone não apenas para o metal, mas também para o rock. Como a passagem dele o afetou?
Fiquei triste ao saber da morte dele, pois era um grande cara e amigo próximo.
A faixa “They Played Rock n Roll”, do Thunderbolt (2018), é uma homenagem ao líder do Motörhead. Foi uma necessidade fazer algo assim para homenagear o velho amigo?
Na verdade, é a história de nosso primeiro encontro e turnê juntos com o Motörhead, uma excelente banda e grande influência.
Digamos que você não é mais tão jovem. A morte do próprio Lemmy e de outros rockeiros o fez refletir sobre partir desse mundo?
É algo que está sempre lá. Quando é a hora, não há o que fazer.
O que você diria a bandas novas de heavy metal que pretendem viver da música?
Tente, mostre algo diferente. E nunca desista.
O que uma banda precisa fazer para impressionar o velho Biff?
Se entregar 100%.
– Homero Pivotto Jr. é jornalista e responsável pelo videocast O Ben Para Todo Mal. Entrevista cedida pela Abstratti Produtora.