Quadrinhos: “Surfista Prateado: Novo Alvorecer”, “Dinâmica de Bruto II”, “Blacksad – Vol. 4: O Inferno, O Silêncio” e “Silas”

Resenhas por Adriano Mello Costa

“Surfista Prateado: Novo Alvorecer”, de Dan Slott e Michael Allred (Panini Comics)
O Surfista Prateado foi criado em 1966 por Stan Lee e Jack Kirby e desde então, mesmo sendo um dos mais poderosos do universo Marvel, teve altos e baixos com poucos momentos debaixo de holofotes maiores. Além de sagas espaciais onde costumeiramente tem destaque também esteve em algumas histórias magistrais levantando questões filosóficas, existenciais e pacifistas. O ex-arauto de Galactus entrou em uma dessas fases quando passou para as mãos de Dan Slott e Michael Allred, que a partir de 2014 inseriram novo frescor nas tramas. A primeira parte disso está em “Surfista Prateado: Novo Alvorecer”, encadernado de 2019 da Panini Comics, com 128 páginas e tradução de Érico Assis. As histórias já haviam saído antes nas mensais da editora, mas agora ganham uma caprichada edição onde o Surfista conhece a terráquea Dawn Greenwood e embarca em aventuras psicodélicas, surreais e com muito humor, como um verdadeiro gibi deve ser.

P.S: A história após esse tomo fica ainda melhor. É torcer para a Panini botar esse produto no mercado também nesse formato.

Nota: 7

“Dinâmica de Bruto II”, de Bruno Maron (Editora Maria Nanquim)
Bruno Maron é carioca e nutria a vontade de ser quadrinista, o que concretizou quando fez nascer em 2008 o blog Dinâmica de Bruto. A decisão foi um acerto já que hoje foi publicado em diversos veículos importantes do país, como Folha de São Paulo e O Globo, entre outros. Em 2018 lançou “Dinâmica de Bruto II”, que nasceu do financiamento coletivo e teve posterior publicação pela editora Maria Nanquim (assim como o primeiro volume de 2014), com 168 páginas. Se na edição anterior se abrangia o período de 2010 a 2012, agora temos um apanhado de 2013 a 2017 e mais coisas inéditas. O trabalho de Maron incomoda, achaca, zomba constantemente e carrega um pessimismo com humor próprio. Ataca com grande categoria a estupidez humana, a mesquinharia, as relações modernas, a futilidade das coisas que nos cercam, os filósofos de araque da esquina e mais um bocado de coisas.

Nota: 7 (Site: https://www.facebook.com/dinamicadebruto)

“Blacksad – Vol. 4: O Inferno, O Silêncio”, de Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido (Sesi-SP)
John Blacksad é uma criação dos espanhóis Juan Díaz Canales (roteiro) e Juanjo Guarnido que começou a ser publicado na França em 2010 pela editora Dargaud. Aqui no Brasil, a editora Sesi-SP vem lançando o título com frequência (depois de uma rápida passagem pela Panini) desde 2017. Em “Blacksad – Vol. 4: O Inferno, O Silêncio” vemos o protagonista atuando como detetive particular depois de ter saído da polícia nas edições anteriores. Mesmo com uma sequência existente de fatos, são álbuns que podem ser lidos isoladamente sem problema. A trama dessa vez se passa em New Orleans, com todas as peculiaridades e cores da cidade espelhadas belamente na arte, que como de costume é detalhada com ênfase nos cenários de fundo. Com 64 páginas, tradução da escritora Carol Bensimon e lançamento em 2018 temos outro trabalho da dupla que mantêm o nível bem lá em cima. Corra atrás, é classe pura.

Nota: 7,5

“Silas”, de Rapha Pinheiro (AVEC Editora)
Em 2017 o carioca Rapha Pinheiro publicou “Salto”, uma história fantástica inserida dentro de um universo com várias nuances e inúmeras correlações com os nossos dias. Em 2018, esse universo se expande mais com “Silas”, que é um dos habitantes de uma cidade escondida debaixo da terra, ambientada na trama, que por conta de um problema sério de saúde quando criança acaba sendo moldado pelos poderosos da cidade para ser o capitão de uma polícia que serve somente aos interesses da elite. Embrutecido e com bastante dificuldade de se expressar aos poucos conhece coisas novas e mais sobre seu passado e como as coisas realmente funcionam na cidade. Novamente via financiamento coletivo e com publicação pela AVEC Editora as 96 páginas mantêm o climaço steampunk anterior e apresentam metáforas e analogias mais vigorosas em um mundo criado com esmero e habilidade pelo autor, onde a vida sempre pode ser bem mais.

Nota: 8 (Site: https://www.raphapinheiro.com)

– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop: http://coisapop.blogspot.com.br

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