por Renan Guerra
Maria Beraldo tem currículo extenso: já trabalhou ao lado de gente como Arrigo Barnabé, Romulo Fróes, Negro Leo e Iara Rennó; é clarinetista, claronista, cantora e compositora; mestre em Música e Bacharel em Música Popular pela Unicamp; e este ano foi indicada como uma das revelações do Superjúri do Prêmio Multishow de Música Brasileira.
E a indicação é justíssima, já que 2018 é seu ano: Maria lançou sua estreia solo, o excelente “Cavala”; lançou a estreia do seu grupo Trio Bolerinho, ao lado de Luisa Toller e Marina Beraldo Bastos; e lançou o segundo disco do grupo Quartabê, o também excelente “Lição #2: Dorival”, baseado na obra de Dorival Caymmi.
Cheia de projetos e em plena ebulição, Maria tirou um tempo para conversar com o Scream & Yell sobre diferentes temas que a movem: sua música, sua arte e sua expressão. Falamos sobre sua sexualidade – Maria é lésbica e esse é um dos cernes de seu disco “Cavala” –, sobre feminilidade, sobre suas composições e sobre suas influências.
De fala mansa e tranquila, Maria Beraldo é do tipo que te envolve no papo e fala sobre temas complexos e duros de forma coerente e instigante, por isso mesmo vale muito a pena conferir o nosso papo:
Esse ano você está com vários trabalhos, então vamos separar um momento para cada um. Vamos começar falando do seu disco solo, o “Cavala”: em que momento você sentiu a necessidade de ter um trabalho assinado com o seu nome?
Foi uma coisa que eu não tinha planos de fazer. Acho que tem muita gente de grupo que pensa “ah, quando eu tiver meu trabalho solo”. Eu não tinha essa vontade. Só que aí comecei a compor canção quando cheguei em São Paulo, há uns três anos atrás, acho que em 2014. Com essas composições eu comecei a ter vontade de ter um trabalho meu, por que são composições muito íntimas, acho que me identifiquei muito com esse lugar de compositora. É um lugar onde me realizo muito, onde estou bem aterrada. E comecei a compor quando comecei a cantar, na verdade. Comecei a tocar com o Arrigo [Barnabé] e tudo isso tem a ver com a minha chegada em São Paulo. Comecei a tocar com o Arrigo, ele me colocou para cantar, já é uma música super que me instigou, me transformou, só pela música mesmo, e aí ele me colocou para cantar e o Arrigo tem uma relação muito singular com a música, com a palavra, com a performance. Ele no palco é um artista muito completo, então isso me moveu muito e aí ele estava cantando aquelas coisas super agudas, que as grandes cantoras cantaram, tipo Suzana Salles, Vânia Bastos, o [disco] “Clara” [Crocodilo]. Daí comecei a cantar isso e fui fazer aula de canto para resolver coisas técnicas, com a Regina Machado. A gente estava tentando encontrar o repertório que fazia sentido pra eu cantar e comecei a estudar o “Jóia”, do Caetano [Veloso], tirei esse disco inteiro, fiquei bem mergulhada nele, durante uns seis meses eu só ouvia o “Jóia”, tirei tudo, todos os violões, todas os arranjos e esse disco tem essa característica de serem estruturas bem concisas, meio minimalista, ele é um disco pequeno, não é um disco de banda. E mesmo as composições, elas são meio com essa estrutura mesmo, mas concisa, minimal. E estudando esse disco eu fiz a minha primeira música, que é a “Da Menor Importância”, que foi mergulhada nesse universo do Caetano.
Nesse sentido, as suas canções também têm alguma coisa desse mínimo lá do Caetano, não?
Sim, acho estudar isso, essas canções do Caetano, me instigaram a compor e aí minha linguagem tem muito a ver com isso, acho que também se relaciona com a música do Rodrigo Campos, que são músicas simples, de um certo ponto de vista, complexo de outros, são poucos elementos mesmo, melodias; muita repetição, às vezes curtas durações e muito conteúdo na letra, mesmo que as letras sejam curtas. Por exemplo, a música “Jóia”, do Caetano, são dois versos, uma melodia super simples e mântrica, pra mim aquilo é antropologia em dois versos. Fala de muita coisa, sabe? E acho que a minha composição tem um pouco disso, por causa desse mergulho. Acho que me encontrei nisso.
Como você falou, as suas composições são bastante íntimas, e como foi expor isso para todo mundo na hora de lançar o disco? Deu algum frio na barriga?
Pensar em lançar isso não me deu nenhum frio na barriga porque pra mim só fez sentido por causa dessa característica, então só senti vontade de dizer, de me colocar publicamente, como indivíduo, por causa dessa característica, porque a minha música é assim. Ao mesmo tempo, no dia que o disco foi pro ar, deu uma emoçãozinha. E acho que tem a questão da exposição, que é uma coisa bem forte pra mim, porque realmente é uma abertura muito grande. Mesmo as redes sociais e as minhas canções, eu acho que é realmente muito íntimo e aí tem o lado difícil de expor a minha vida, mas acho que isso se justifica pelo fato de que, para mim, é uma escolha política isso tudo, então só faz sentido eu me expor tanto e eu só topo me expor tanto porque eu sei que as mulheres lésbicas são totalmente oprimidas e invisibilizadas, então tem que fazer uma força grande para que as pessoas vejam que eu existo enquanto mulher lésbica, então é isso que me faz topar esse nível de exposição. E me fez muita falta na minha adolescência ter representatividade. Quando descobri que era lésbica eu não tinha nenhuma mulher como exemplo, nenhuma referência, então sei como isso é necessário, então vale a pena. E aí também isso mudou muito, o público e o privado, essa é uma coisa que eu tenho de fato refletido muito, quero estudar um pouco sobre isso também; mas é isso, minha vida é um livro aberto total. E eu acho também que fazer música sempre é se expor, mesmo que você não fale objetivamente, acho que você fica totalmente fragilizado. Você tem que se fragilizar para poder encostar nas pessoas, para poder tirar as cascas e acontecer o contato.
Agora, antes de eu vir, eu estava pensando que marcamos e hoje (a entrevista foi realizada em 29 de agosto) é o Dia da Visibilidade Lésbica. Desde que você lançou o disco, você sentiu algum tipo de retorno negativo? Eu vi que você postou esses dias uma mensagem negativa que você recebeu depois de participar do Cultura Livre. Como você tem lidado com esse tipo de retorno?
Eu recebi, não é a maior parte, mas recebo volta e meia. Tanto de haters ou pessoas, como no caso dessa mensagem, um cara que é totalmente desinformado, ele acha que está mandando uma mensagem para me ajudar. E tem amigos que também falam comigo, geralmente pessoas mais velhas, mas já rolou. Na época em que eu estava com o meu Catarse aberto, teve uns amigos que vieram falar “então, se você se expor menos, não precisa ficar falando isso”, “isso”, a pessoa nem fala a palavra. Eu recebo e a maneira que lido na verdade é: não fico irritada, nem nada disso, não tenho muita raiva das pessoas, acho que a minha raiva é com o todo, não é uma coisa individual, não é aquele indivíduo que está fazendo aquilo, é uma coisa de conjunto. O que tento fazer é informar, acho que isso tudo está baseado na desinformação. Eu acho que quando uma pessoa é homofóbica ela é desinformada, porque isso envolve muitas questões políticas, já que a informação é uma coisa política. Se você tem uma população, uma comunidade que é informada, você terá uma população mais crítica e aí todas as questões políticas relacionadas a isso, vários governos, várias… enfim, a informação é o mais valioso que a gente tem. Então trato essas pessoas como pessoas desinformadas e explico. Pra esse cara “eu só fico dizendo que eu sou lésbica, e que muitas mulheres lésbicas são assassinadas por serem lésbicas, então se pra você não importa”, e é claro que pra ele importa, porque ele ficou incomodado. Mas tento informar e todo meu trabalho é em prol da informação, na verdade. Acho que é tudo questão de informação. Porém, recebo muito mais mensagens de pessoas que se identificam, que se sentem mais livres a partir das músicas que eu faço, que se sentem incentivadas a exercer as suas liberdades e lutar por elas, então tenho até certa dó dessas pessoas homofóbicas. Claro que quando vejo notícia de assassinatos e violência com as outras pessoas, fico muito irritada, mas quando é essa violência verbal comigo, eu em geral fico muito mal, mas tento explicar para pessoa.
Mas também o retorno que você teve positivo foi bem grande em um tempo bem curto. As pessoas falando do disco, comentando.
É, acho que isso me faz ser mais forte para conseguir lidar com a parte ruim. Teve um retorno muito bom do disco, bem maior do que eu esperava. Foi tudo meio de supetão, eu comecei a compor, aí eu falei “ah, vou fazer um disco”, decidi fazer o disco ano passado, entrei no estúdio em fevereiro e saí com o disco mixado no final de março, assim. Foi tudo muito rápido, então não tinha nenhuma expectativa específica. Mas ao mesmo tempo trabalhei direito para que ele fosse uma coisa boa, me dediquei muito, foi tudo minucioso, então rolou.
E também, agora pouco, vocês lançaram um disco do Trio Bolerinho, depois de muitos anos de trabalho. Como foi chegar enfim a esse disco, como foi o processo de produção dele?
O Bolerinho tem um processo totalmente diferente do meu. A gente tem o grupo há 11 anos e ele começou como um encontro, lá na Unicamp ainda, um grupo de estudos mesmo. A gente nem tinha uma vontade mercadológica, não éramos profissionais da música ainda, e a medida que a gente foi se profissionalizando, isso veio junto com o amadurecimento pessoal e com transformações pessoais de nós três. A minha irmã [Marina Beraldo Bastos] teve duas filhas. Desde que a gente decidiu gravar o disco, ela ficou grávida da Cecília, depois ficou grávida da Helena; a Luisa [Toller] também se envolveu muito com o feminismo; eu tive a minha virada de saída do armário e comecei a compor; então nós três viramos compositoras e o disco veio nesse momento em que ele precisava vir. São 11 anos de maturação mesmo, mas o processo é bem mais lento. É isso: nasceram duas crianças durante o disco! As crianças trazem um outro tempo pra gente, é uma coisa muito terrena você ter um filho/uma filha, muda o relógio mesmo, então acho que tem isso de muito lindo no disco do Bolerinho, que é um tempo interno mesmo, não tem o tempo de mercado. Ele é um disco que surgiu no tempo da nossa transformação, do nosso amadurecimento. E é muito lindo perceber os tempos diferentes, como o meu foi uma coisa de explosão e o do Bolerinho foi uma coisa de maturação. E o meu disco também foi maturado por todo esse tempo, no fundo eu fiz ele agora, mas tudo que eu sempre fui está nele.
E ainda tem o disco da Quartabê (“Lição #2: Dorival” foi lançado dia 30 de agosto), que é o disco em que vocês trabalham sobre a obra de Dorival Caymmi.
Isso. A Quartabê tem essa característica de que nós somos arranjadoras, a princípio, mas esse disco do Dorival, não sei, é muito diferente do disco do Moacir [Santos], a gente não fez arranjos de música, a gente compôs uma faixa única a partir do estudo da obra do Dorival, então a gente transcreveu muitas coisas, a gente tirou todas as músicas. Ouvimos tudo, escolhemos algumas, tiramos arranjos; a gente dilatou, fez seções de improvisação com esses fragmentos de música que conhecemos, enfim, a gente tirou os arranjos dele, os originais, selecionamos pedaços de música (cada um selecionou tipo 15, 16, às vezes até mais) e fizemos seções de improvisação, os quatro juntos, cada um tocando um pedaço de uma música; sempre trabalhando com elementos como dilatação, repetição, expansão, enfim, várias maneiras de transformar aqueles pedaços. E aí é isso, a gente na verdade virou compositora nesse disco, é um disco em que a gente faz arranjos. Esse é um disco de composição mesmo, mas totalmente mergulhados na obra do Dorival.
Vocês estão lançando esse disco ao vivo e você ainda está com uma turnê do “Cavala”, mais outras coisas que você faz.
É uma loucura! Tem esses outros trabalhos: eu toco na banda de alguns amigos, eu toco com a Iara [Rennó], toco com o Romulo [Fróes], com o Rodrigo Campos, mas também agora é o momento de eu ver até aonde vai cada coisa. Acho que tem um foco meu na “Cavala”, principalmente, por que sou só eu, e tem um foco também na Quartabê e no Bolerinho, que são os meus projetos, e agora, enfim, está começando a surgir muita demanda para a “Cavala”, de show e tal, estou ainda entendendo como que vai ser essa nova fase.
Eu fui naquele show do Itaú Cultural, mas não consegui entrar, assim como muita gente que ficou pra fora devido a lotação esgotada…
Ai, que triste! Lotou e eles não vendem antes, então as pessoas tem que ir e dar de cara na porta.
Mas é aquela coisa: fiquei triste de não ter entrado, mas achei “nossa, legal, primeiro show e tem gente aqui fora”.
E é, muita gente ficou pra fora. Mas está rolando uma coisa massa! Acho que tem a ver com o tamanho do meu envolvimento com esse disco e acho que ele esteticamente tem uma relevância grande, porque a gente falou só do conteúdo político e das letras e tal, mas a sonoridade da “Cavala”, acho que é uma sonoridade que tem uma sofisticação mesmo e se conecta um pouco com a música eletrônica, um pouco com rap. Ele tem, ao mesmo tempo, uma conexão grande com o cancioneiro brasileiro, tipo Caetano, Chico [Buarque]. Não sei se você leu a crítica do Rômulo [Froés], ele fala bastante sobre isso, acho que tem esse contraste de eu estar muito ligada a essa composição do Caetano e tal e a sonoridade do meu disco não é a sonoridade desse tipo MPB.
Percebo que a sua sonoridade é muito pop, no sentido de se comunicar com o público de diferentes formas. De as pessoas entenderem de forma simples e se identificarem com aquilo de uma forma rápida.
Total. E isso tem a ver com o meu encantamento com a música pop, também, porque venho de uma família de músicos: minha mãe é compositora e saxofonista, toca jazz, flauta; meu pai era violonista erudito, ele toca coisas tipo Dorival Caymmi em casa, e dai conheci a música pop recentemente. Fiquei muito maravilhada! Teve uma época que eu só conseguia ouvir a Rihanna, mergulhei um pouco nisso e me identifiquei muito. Então esse disco eu já tinha a ideia de fazer um disco pop mesmo. Ele é um pop meio esquisito, mas ele é pop.
Talvez ele tenha essas coisas meio da Björk e de outras pessoas que pegam o pop e brincam em cima daquilo, para criar essas outras coisas.
É, a Björk é uma referência também. Amo a Björk!
Além da produção do disco “Cavala”, você também tem uma preocupação visual, você fez o clipe com a Laura Diaz e você tem outros clipes também. Era uma vontade sua de ter uma estética, digamos assim?
Acho que, como é um coisa muito íntima assim, que tem muito a ver com a minha vida pessoal, é meio tudo. Acho que a música nunca é só música, então, por exemplo, uma das coisas que contribuiu para minha saída do armário é a minha imagem, essas foi uma das coisas que até tratei na terapia, muitos anos atrás, como a imagem é uma coisa importante, é uma maneira de se comunicar. Eu tinha um cabelo de anjinho, enroladinho, grande. E cortei o cabelo e a minha vida mudou. Acho que tudo é comunicação, então a minha imagem comunica tanto quanto a minha música, coisas diferentes, mas é tudo muito integrado, acho que nesse trabalho é tudo muito integrado mesmo. Penso muito num fractal: a composição, a produção musical, como me visto no palco e fora do palco, os meus clipes, acho que é tudo uma mesma coisa, está tudo dizendo uma mesma coisa, tudo no mesmo ímpeto, então é super importante pra mim a parte visual. Ainda mais como mulher, pois sinto que a imagem da mulher é um dos lugares onde a gente pode envolver mais política, sabe? É tudo muito estigmatizado para a mulher e também para o homem; a gente é reduzido a uma imagem criada e eu sinto andando na rua que a minha imagem move. Tem a música “Sussussussu” pro sovaco cabeludo: uma mulher que levanta o braço no ônibus com o sovaco cabeludo, ela vai fazer as pessoas refletirem muitas coisas, vários vão sentir nojo, vários sei lá.
As pessoas vão olhar.
É, e aquilo move. A pessoa reflete, mesmo que ela fale “nossa, que horror”, se você começa a mexer nisso, se muitas mulheres começam a mexer nessa imagem que se tem da mulher, a gente desloca. Acho que isso é uma maneira de transformar, não só na hora de votar no presidente, isso é uma coisa que a gente está aprendendo muito na política do Brasil, que não adianta pensar só no presidente, tem que pensar em todas as esferas e todos os outros cargos políticos, que talvez sejam mais importantes do que o presidente. Isso igualmente em todas as relações, então a minha imagem não é uma preocupação, mas na verdade é um dos lugares importantes para me sentir bem, encontrar a minha paz, para me identificar.
No caso, você falou de ter outras referências de mulheres lésbicas e, na nossa música, a gente sempre teve diversas cantoras e compositoras que são lésbicas, mas era sempre uma coisa deixada meio de lado: algumas nunca falam e outras falam meio sem falar. São raras as que falam, como Angela Ro Ro ou Marina Lima, mas as outras estão sempre numa linha meio “não vamos falar disso”. E agora a gente tem uma nova geração de artistas que falam que são lésbicas, compõem sobre isso, criam em torno disso, e isso tem um impacto. Como você se vê no meio dessas outras artistas que temos agora, como a Aíla, a Juliana Perdigão, o Musa Híbrida, entre outras?
É de suma importância a gente falar. Entendo também a geração passada não ter falado e acho que a gente vai construindo juntas: elas construíram uma coisa e a gente tá colhendo isso. Elas abriram espaço para a gente falar, mas me sinto muito no dever de falar. Acho que é isso: a gente precisa ser vista e acho que a omissão é uma coisa muito violenta. Senti na pele, pois sabia que algumas pessoas eram lésbicas, e lembro que quando eu era criança fui entendendo e quando ninguém te fala aquilo, você entende que não é para ser dito. Então você é conduzida a omitir uma parte da sua vida que é fundamental. E o que você omite? Coisas que não devem ser ditas. E você automaticamente entende que não deve sentir aquilo. Porque as mulheres não andam de mãos dadas? Mulheres que eu sei que são um casal! Isso é muito sério. Acho a omissão uma coisa muita violenta, para mim foi muito violenta. E preciso falar sobre isso. É fundamental. Acho que é isso: tem muitas minas fazendo isso agora, acho que a gente se apoia, acho que a gente não pode ficar sozinha. Se você se sente sozinha, fica difícil. Acho que uma ajuda a outra, é uma construção coletiva mesmo.
– Renan Guerra é jornalista e colabora com o site A Escotilha. Escreve para o Scream & Yell desde 2014.