resenhas por Adriano Mello Costa
“Novo Super-Man – Volume 1”, de Gene Luen Yang e Viktor Bogdanovic (Panini Comics)
Com o bonito e sutil “O Chinês Americano” (2006), Gene Luen Yang ganhou prêmios (como o Eisner) e elogios onde a obra foi publicada. Coube a ele elaborar o roteiro do Superman chinês, projeto da DC voltado diretamente para o desejado mercado do país. O resultado disso pode ser conferido em “Novo Super-Man – Volume 1” com 140 páginas que reúnem as seis primeiras edições lançadas originalmente entre setembro de 2016 e fevereiro de 2017. Com a arte de Viktor Bogdanovic (“Batman: Arkham Knight”), “Novo Super-Man – Volume 1” trata-se de uma história de origem, onde o jovem arruaceiro Kong Kenan entra em um projeto secreto no qual ganha os poderes do homem de aço, como também passa a fazer parte de uma versão chinesa da Liga da Justiça. O roteiro construído por Luen Yang apresenta bom humor e pelo tom jovial conquistou o público adolescente, além, é lógico, do mercado que a DC visava desde o início. Contudo, em termos gerais, a trama não apresenta nenhum elemento de destaque ou qualquer outra qualidade. É leitura rápida, sem muita inspiração, que serve somente para passar o tempo em dias com poucas opções. Caberá ao tempo mostrar se esse novo Superman será algo mais que isso.
Nota: 3
“A Realeza – Mestres da Guerra”, Rob Williams, de J.D. Mettler e Simon Coleby (Panini Comics)
Pessoas com superpoderes já tiveram abordagens diversas dentro dos quadrinhos. Centenas de facetas já foram exploradas em todos esses anos, contudo a dupla Rob Williams (roteiro) e Simon Coleby (arte) criou algo dentro desse cenário com uma leve diferença em “A Realeza – Mestres da Guerra”, que a Panini publica agora no Brasil em um encadernado de 148 páginas, compilando as edições de 1 a 6 da minissérie do selo Vertigo da DC. Ambientada na Segunda Guerra Mundial e usando esta como pano de fundo histórico, “A Realeza – Mestres da Guerra” mostra as conversas entre as grandes nações e como elas se envolveram no conflito partindo da ação de um príncipe britânico. Na história, todas as famílias reais do mundo dispõem em suas fileiras de membros com os mais diversos poderes, o que justifica o domínio dessas casas em seus países. Quando o pacto de não envolvimento dos poderes na guerra é interrompido pela já citada ação do príncipe, a guerra se torna muito mais sangrenta do que poderia ser e envereda por caminhos inesperados. Com tons escuros ressaltados pelas cores fortes de J.D Mettler, temos aqui uma história de heroísmo, traição, conspiração e nobreza, que agrada em cheio a quem gosta de fatos históricos.
Nota: 7
“Condado de Essex – Completo”, de Jeff Lemire (Editora Mino)
Jeff Lemire é dos nomes mais representativos dos quadrinhos atuais. Além de obras pessoais poderosas como “Sweet Tooth” (2009) e “O Soldador Subaquático” (2012), Lemire é responsável por títulos da Marvel como “O Velho Logan” (2015) e “X-Men” (2015), que mesmo oscilando vez ou outra carregam seu toque. Porém, seu melhor trabalho remonta a estreia entre 2008 e 2009 quando os três capítulos que formam “Condado de Essex” foram lançados. É essa obra que podemos conhecer agora em edição caprichada da editora Mino com 512 páginas e vários extras. Em preto e branco, Jeff constrói um pequeno épico sobre uma determinada região do Canadá e usa de lembranças para construir personagens fascinantes que logo caem no gosto do leitor. Com lirismo e boa dose de drama, ele elabora uma trama que atravessa gerações para versar sobre dor, arrependimentos e algumas alegrias, sem nunca esquecer a finitude da vida. “Condado de Essex – Completo” é daquelas obras que tornam os quadrinhos algo sublime.
Nota: 10
– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop: http://coisapop.blogspot.com.br