por Marcelo Costa
Soraya Sebghati, Jacob Butler e Cris Arteaga são de Los Angeles e se conheceram na School of Rock, o programa de educação musical fundado na Filadélfia, em 1998, que se tornou uma rede internacional que já opera mais de 170 unidades no mundo (três delas no Brasil e mais de 140 nos EUA). Ainda na adolescência montaram a primeira banda, e com o irmão de Cris assumindo o baixo chegaram à formação oficial do Night Talks, um grupo que respira o ar ensolarado da Califórnia sem negar certo drama noturno em suas canções dançantes.
A primeira coisa que vem a memória quando se dá o play em “In Dreams” (ouça no Bandcamp), debute do quarteto lançado em fevereiro deste ano, é The Killers, aquela batida dançante e apaixonada e dramática que virou a marca do grupo de Brandon Flowers. Com mais atenção, porém, é possível pescar outras delicadezas no som do Night Talks, resquícios de Blondie aqui, algumas linhas que remetem a Strokes acolá, a batida seca de Cris, o vocal marcante de Soraya à frente, que cita Bjork, Fiona Apple e Nancy Sinatra como influências.
“I’ll make sure I’m leaving holes in his heart”, canta a vocalista em “Green”, primeiro single do Night Talks. “Jungle” versa sobre mentiras enquanto “Black and Blue” rememora a dor do final de um relacionamento. “É uma história de coração partido que aconteceu comigo alguns anos atrás”, conta Soraya ao Scream & Yell. “A dor torna-se tão profunda que você constrói toda uma vida em torno dela”, explica a vocalista, que se diz fã de Rodrigo Amarante e pede: “Se alguém no Brasil gostar do nosso som, passe pra frente”. Confira o papo:
Quer dizer que vocês se conheceram na School of Rock? Como a banda nasceu?
Nós nos conhecemos na Escola do Rock! Basicamente, Jacob (guitarra) ligou para mim e para o Cris (bateria) um dia com a ideia de que montassemos uma banda juntos ainda quando éramos adolescentes. Depois de uma mudança de nome, de som e de formação finalmente chegamos ao que o Night Talks é hoje, com o irmão do Cris, Josh, no baixo.
“In Dreams”, o primeiro disco de vocês recém-lançado, é um álbum bem dançante, um alternative rock bem ensolarado. Como rolou a produção do disco e de que forma vocês apresentariam “In Dreams” para o público brasileiro?
Passamos muito tempo trabalhando no álbum. Acho que todo o processo, desde a pré-produção até a arte do álbum, levou cerca de um ano. Começamos com um monte de músicas, escolhemos as mais fortes, e tratamos de deixa-las ainda mais fortes antes de gravá-las. Como apresenta-las ao público brasileiro… bem, acho que a música realmente fala por si mesma. Eu espero que se alguém ai no Brasil cruzar com o nosso som, goste e passe para frente!
Se vocês tivessem montado a banda em Nova York ou Chicago, o som de vocês seria completamente diferente? O que ser de Los Angeles influencia no som de vocês?
Não tenho muita certeza de que nosso som seria diferente se estivéssemos em outra cidade grande. Em Los Angeles somos influenciados pelas diferentes bandas com as quais podemos tocar, com certeza. Todos nós aprendemos muito uns com os outros aqui. Se nós estivéssemos vivendo em uma pequena cidade, acho que, sim, teríamos um som muito diferente e abordariamos as coisas de uma maneira diferente. A cena musical em Los Angeles é muito competitiva, mas já desenvolvemos uma casca grossa para lidar com ela.
O Night Talks já lançou três clipes do álbum “In Dreams”, o que mostra que vocês tem um apreço pela união de som e imagem, certo? Como surgiram as ideias para os clipes de “Green”, “Mr Bloom” e “Jungle”?
Os vídeos musicais de “Green” e “Jungle” foram esforços colaborativos entre a banda e o diretor, Michael Greene. Nós conversamos sobre os vídeos com ele extensivamente antes de começarmos a filmá-los. Para “Mr. Bloom” também trabalhamos com Michael, mas foi muito mais fácil pensar no conceito. Queríamos um vídeo que nos mostrasse tocando e que fosse cool, e, por acaso, o irmão do Michael desenvolveu a arte que usamos para os efeitos visuais.
Soraya, sobre “Black and Blue”, você diz que é uma canção sobre dor da ruptura. O que você pode falar mais dessa música? Ela foi inspirada em uma situação real?
Sim, “Black and Blue” é uma história de coração partido muito real que aconteceu comigo alguns anos atrás. É sobre a dor de alguém que você ama terminar com você e, você depois vê-la por ai, existindo feliz sem você. A dor torna-se tão profunda que você constrói toda uma vida em torno dessa dor chegando a ficar obcecado com ela.
Você sabe algo sobre a música brasileira? É possível vermos o Night Talks por aqui?
Não sei muita coisa sobre música brasileira, mas sou um grande fã de Rodrigo Amarante! Eu definitivamente gosto de viajar, e espero que o Night Talks possa tocar no Brasil.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.