por Adriano Mello Costa
Extraterrestres chegam ao nosso mundo. Espalham-se com várias naves ao longo do globo e deixam a população alarmada e os governos mais ainda. O clima de tensão e pavor está no ar, mas também certa ideia de se aproveitar da tecnologia dos aliens para benefícios próprios. Militares de vários países ficam a postos para se defender do provável inimigo enquanto algumas pessoas conseguem ir além e se colocam no papel de salvadores de toda a humanidade.
Em filmes com esse tipo de enredo é normal se deparar com um improvável herói que surge para dar fim na invasão e deixar novamente o planeta em paz. Diversas vezes esse herói dá a volta por cima quando menos se espera ou faz um sacrifício danado mostrando uma nobreza suprema, além daquilo que a maioria seria capaz. Geralmente essas invasões são recheadas por explosões, naves voando para lá e para cá e tiros sendo dados de todos os lados.
Esse não é bem o ponto de “A Chegada” (“Arrival”, 2016), novo filme do diretor Denis Villeneuve (de “Incêndios” e “Sicario”). O longa tem várias das situações citadas acima, todavia consegue trilhar um caminho totalmente diferente na execução, graças a condução afiada de um diretor em plena ascensão, um roteiro repleto de acertos e a edição perfeita de Joe Walker (de “12 Anos de Escravidão”).
O livro é baseado em um conto do norte-americano Ted Chiang (“Story Of Your Life”), publicado no Brasil em 2016 pela editora Intrínseca junto a outros textos do autor reunidos no ótimo livro “História da Sua Vida e Outros Contos”. O conto original, que já era bom, conseguiu ser repaginado de maneira exuberante por Eric Heisserer, roteirista até então de filmes ruins como “Premonição 5” e “Quando as Luzes Se Apagam”. Eis algo difícil de ver: um filme ser melhor do que o texto que lhe serviu de base.
Na trama meio que já contada no primeiro parágrafo, aliens estão na terra. Mas não se mexem. Não se comunicam. Ninguém sabe quais as motivações. O exército norte-americano representado pelo Coronel Weber (Forest Whitaker, na única atuação mediana do filme) monta uma equipe de especialistas de várias áreas para interagir com os visitantes. Nesse ponto entram em cena a professora e linguista Louise Banks (Amy Adams, deslumbrante) e o físico Ian Donnelly (Jeremy Renner), que trabalham em conjunto com a CIA e os militares.
Ao mesmo tempo em que esse time trabalha para entender o que está acontecendo, outras equipes são montadas pelo mundo, como na China e Rússia. Um painel de comunicação e de pretensa cooperação é montado e com desconfiança e temor isso vai ocorrendo. Em paralelo, vemos na tela um pouco da história pessoal de Louise Banks e isso vai se relacionando devagarinho com os fatos principais, em um controle absurdo de Villeneuve no comando das cenas.
“A Chegada” é ficção científica das boas, digna de figurar entre as melhores do gênero nesse século. Com atuações exuberantes em sua maioria e um ritmo que vai conduzindo o espectador a um ápice até as revelações finais, versa em segundo plano sobre a necessidade de cooperação, a urgência da humanidade em andar de mãos dadas, o poder da linguagem e da escrita em tempos tão fúteis e, principalmente, no peso das nossas escolhas, em saber desfrutar as alegrias e aguentar as dores nessa vida tão passageira. Um filme excelente!
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
Estou ansioso par ver esse filme, uma pergunta Amy Adams com esse filme e Animais Noturnos e a Melhor atriz de 2016?, também acho ela deslumbrante!!!!