Boteco: Três novas cervejas da Solerun

por Marcelo Costa

Autodenominada “única cervejaria artesanal” de Nova Prata, no Nordeste Rio-grandense, a Cervejaria Solerun (que já havia marcado presença com uma ótima IPA) surge com a Helles da casa, Medalha Bronze no Concurso Nacional de Cervejas 2016 (categoria Kellerbier), em Blumenau, uma cerveja de coloração âmbar caramelada com creme branco de boa formação e permanência. No nariz, doçura caramelada em destaque com presença de cereais, pão doce e leve traço herbal. Na boca, corpo leve. O primeiro toque traz caramelo suave seguindo de herbal um pouco mais acentuado. O amargor é baixo, mas eficiente, abrindo as portas para um conjunto bem equilibrado e saboroso, que mantém o padrão do estilo alemão Kellerbier com elegância. O final é maltado e amarguinho. No retrogosto, caramelo e toffee suave.

Também medalha de Bronze no Festival Brasileiro de Cervejas 2016, a Solerun Penélope é uma Belgian Ale feita para homenagear a contribuição das mulheres no mundo cervejeiro e traz tampinha rosa e um belo rótulo assinado pelo ilustrador Asdrubal Fabris, responsável pelas artes da casa. De coloração amarela com bastante turbidez e creme branco de boa formação e retenção, a Penélope apresenta um aroma com doçura frutada (caramelo e banana) envolvida em condimentação (cravo). Na boca, a textura é picante. O primeiro toque traz doçura frutada suave seguida de leve toque cítrico e interessante condimentação, que envolve o amargor (baixo: 10 IBUs) e abre caminho para um conjunto que sugere o encontro das escolas alemã (Weiss) e belga (Blond). O final é frutado e levemente amarguinho. No retrogosto, banana e cravo.

Fechando o trio com uma German Weizen que segue a tradição alemã e não recebeu medalha no Festival Brasileiro de Cervejas 2016, mas foi minha favorita da série por recriar com classe o estilo bávaro. De coloração dourada levemente translucida com creme branco de excelente formação (marca clássica do estilo) e ótima retenção, a Solerun Weiss exibe com respeito o aroma tradicional que traz notas frutadas (banana, banana e banana) acompanhadas de leve condimentação (semente de cravo). Na boca, textura levemente cremosa e picante. O primeiro toque reforça as premissas do estilo oferecendo banana e cravo enquanto o amargor, baixo (12 IBUs), abre as portas para um conjunto que recria com perfeição a tradição de German Weizen. No final e no retrogosto, banana e cravo, como tem que ser. Parabéns, galera!

Balanço
Abrindo o passeio pelas ótimas e equilibradas cervejas da Solerun com a Helles da casa, uma Keller agradável que cumpre a risca os desígnios do estilo. A Solerun Penélope, por sua vez, me soou o meio do caminho entre a escola alemã e a escola belga, um tiquinho de Weiss aqui, um pouco de Blond Ale ali e cá está uma cerveja interessante e refrescante. Minha impressão é que muita gente acredita q ue é fácil fazer uma German Weizen, e tropeça lindamente. Isso unido ao fato de cervejas Weiss alemãs estarem disponíveis a bons preços no Brasil me faz que acreditar que, na dúvida, já no original bávaro e esqueça os exemplares nacionais, a grande maioria deficiente. Porém, a Solerun acerta no território em que muita gente era e consegue entregar uma das melhores German Weizen nacionais, merecendo respeito. Gostei!

Solerun Helles
– Estilo: German Helles
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,19/5

Solerun Penélope
– Estilo: Belgian Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,4%
– Nota: 3,30/5

Solerun Weiss
– Estilo:  German Weizen
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 4,8%
– Nota: 3,41/5

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