por Adriano Mello Costa
“Viúva Negra – A Mais Delicada Trama”, de Nathan Edmondson e Phil Noto
Natasha Romanova sempre deixou o passado coberto com os véus mais pesados. Sua primeira aparição nos quadrinhos foi em 1964. Espiã russa, craque em dissimulação, armamentos e combate corpo-a-corpo, utilizava também da beleza para conseguir alcançar seus objetivos. Começando como vilã, acabou por se tornar heroína (com vários senões, é verdade) e entrou para Os Vingadores. No cinema, representada pela bela Scarlett Johansson, essa aura de mistério e as características citadas acima permaneceram elevando a personagem a um patamar maior de sucesso. A Marvel, então, decidiu dar nova atenção para a perigosa ruiva (em mais uma das suas repaginadas). A Panini Comics lançou por aqui o início dessa fase no começo de 2016 com o encadernado “Viúva Negra – A Mais Delicada Trama”, reunindo as edições “Black Widow”, de 1 a 6 mais o especial “All New Marvel Now! Point One 1”, publicados entre março e junho de 2014 nos EUA. Com roteiro de Nathan Edmondson (The Activity), as 148 páginas apresentam uma protagonista em busca de redenção, por mais complicado que isso seja. Se redimir dos pecados do passado nem sempre é tarefa fácil e a Viúva Negra aprende isso. Em conjunto se vê também, no meio de uma complexa trama, trabalhando com a S.H.I.E.L.D, na qual suas habilidades, mesmo bem interessantes, podem não ser suficientes. Os desenhos de Phil Noto (Star Wars) são funcionais e o uso que ele dá as linhas rabiscadas e ao uso das cores faz com que essa nova fase também tenha méritos visuais. Ao colocar a Viúva Negra fazendo o trabalho de espionagem que está acostumada a fazer, sem esquecer-se de explorar um pouco a sensualidade e, principalmente, não inventando fatos absurdos para o passado dela, deixando o mesmo ainda repleto de questões a serem levantadas, Nathan Edmondson acerta a mão e apresenta uma boa fase para a antiga espiã russa.
Nota: 7
“Deadpool: Meus Queridos Presidentes”, Gerry Duggan, Brian Posehn, Tony Moore, Val Staples
Tudo pode acontecer com o Deadpool né? Já deu para perceber isso no decorrer dos anos, então nada mais normal (para ele) do que ter que enfrentar uma horda de zumbis poderosos composta por todos os ex-presidentes dos EUA já falecidos. “Deadpool – Meus Queridos Presidentes” é uma publicação nacional do início de 2016, lançamento da Panini Comics, com capa dura e 140 páginas que fazem um compêndio das edições do mascarado maluco de 1 a 6 lançadas nos EUA entre janeiro e maio de 2013. Com roteiro de Gerry Duggan e Brian Posehn, tem ilustrações de Tony Moore e cores de Val Staples. No divertido absurdo da história, os ex-presidentes são convocados do além por um maluco ex-agente da S.H.I.E.L.D que mexe com magia para que estes salvem a América, que anda uma desgraça. Bom, as coisas não saem bem como o planejado e a agência com vergonha (entre outras coisas) do ocorrido acaba convocando o Deadpool para salvar o dia. Claro que as coisas não fluem da maneira que todos pensavam e o mercenário tagarela vai arremessando corpos na mesma proporção que distribui suas piadas ácidas e comentários cruéis. Esse primeiro arco de histórias apresentou a nova fase do personagem que continua em alta voltagem até hoje. “Deadpool – Meus Queridos Presidentes” é diversão do início ao fim, com uma ou outra crítica espalhada ali pelo meio do caminho, e uma “repaginada” peculiar de personagens históricos e tão importantes. Inclusive pode tranquilamente figurar entre as histórias clássicas do protagonista daqui alguns anos, mesmo que seja um mais do mesmo do que já se viu antes. Sem se atentar a isso, no entanto, cumpre o papel de divertir o leitor. E cumpre muito bem.
Nota: 8
“Homem-Aranha: Negócios de Família”, Mark Waid, James Robinson, Gabrielle Dell’Otto e Werther Dell’Edera
Um dos pontos fracos mais latentes do Homem-Aranha sempre foi a família. Desde o início, lá atrás, quando o tio é assassinado, o herói ficou obcecado pela segurança de todos aqueles ao seu lado. Usando essa “fraqueza”, os escritores Mark Waid (“Demolidor”) e James Robinson (Batman) criaram uma graphic novel com trama fechada que apresenta o aracnídeo tendo que lidar de maneira bem interessante com isso. Publicada originalmente nos EUA em 2014, a história ganha edição nacional em 2016 pela Panini Books com capa dura, tratamento cuidadoso e 116 páginas. A arte da HQ é um caso à parte. Com desenhos de Werther Dell’Edera e arte pintada do magistral italiano Gabrielle Dell’Otto (de “Guerra Secreta”), a trama, que já é boa, se amplifica. Falando em trama, tudo começa com Peter Parker sendo salvo por uma misteriosa mulher, que mais a frente se verá ter relações familiares diretas com ele. Por trás de tudo está um zeloso plano do Rei do Crime (como a capa denuncia), que ambiciona voltar para o reinado que deixou para trás. É bacana se deparar com uma boa história do Aranha, tão maltratado ultimamente nos quadrinhos, com um roteiro que se sustenta e traz o leitor para o jogo. Com direito a vários extras, a edição brazuca de “Homem-Aranha – Negócios de Família” é daquelas para se guardar na estante, ainda mais pelo deslumbrante trabalho visual apresentado. Se ainda hoje o escalador de paredes é um dos maiores nomes da Marvel, causando rebuliço até em outras mídias, dá para imaginar o quão grande ele seria se recebesse sempre o mesmo tratamento aqui dispensado pela dupla Mark Waid e James Robinson.
Nota: 9
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop