por Marcos Paulino
Projeto nascido como página de rede social, em 2014, O Amor Existe virou livro e, naturalmente, caminhou para música. Concebida por Leandro Neko, também baterista da banda gaúcha Tópaz, a empreitada lítero-musical chega ao terceiro CD, “Transbordar”, carregando sua ideia original: discutir o amor em todas as suas diferenças. E de maneiras diferentes.
Neste novo combo livro + disco, Leandro conta com a parceria de Anna Sofya nos vocais e nas composições. A missão da dupla é manter a boa performance de seus antecessores, “Escrevendo pra ninguém”, que esgotou a tiragem em três meses, e “Aqui Não tem nada que tu já não tenha ouvido por aí”, que levou O Amor Existe até o festival South by Southwest, nos EUA. Nesta entrevista, Neko fala mais sobre o projeto.
Pra quem nunca ouviu falar n’O Amor Existe, como você explicaria o projeto?
O Amor Existe é um projeto que escreve crônicas sobre amor e depois faz músicas sobre elas. Um livro que virou música, formado por Leandro Neko e Anna Sofya. Estamos no nosso terceiro lançamento, todos eles sendo um livro que vem com um álbum.
Está faltando quem fale de amor hoje?
Acho que não falta gente falando e nem gente querendo ouvir, sabe? É tudo uma questão de onde você se comunica com seu público. Quando comecei o projeto, eu dialogava pra pouquíssimas pessoas, mas por causa delas o projeto foi ganhando forma e tamanho. Elas foram espalhando os textos e músicas e fazendo O Amor Existe chegar a cada vez mais leitores.
Por que lançar sempre disco e livro simultaneamente?
A ideia inicial do Amor Existe era fazer algo que não se faz no Brasil. Queria que fosse algo inédito, mas que fosse bem a minha cara. Sempre escrevi e sempre tive bandas, então não tinha como não querer mesclar as duas coisas num projeto meu.
As músicas e as crônicas se completam. Mas qual delas vem antes?
Depende muito. No “Transbordar”, teve crônicas que vieram antes da música e teve o contrário também. É um processo criativo bem livre, não me prendo muito na forma como ele é feito, fico mais detalhista em como vou finalizar mesmo. Em como vai soar e como a mensagem está sendo passada.
Of Monsters and Men, Death Cab For Cutie e The Staves são algumas das referências que você costuma citar. De onde mais vem sua inspiração?
Vem muito de seriados e filmes que assisto. Normalmente, vejo uma cena que se enquadre comigo e começo a falar sobre num texto, meio que sem objetivo mesmo. Daí, a partir disso, começo a separar o que acho mais legal e tentar musicar pra ver no que vai dar. Falando musicalmente, acho que essas três bandas são as que mais definem meus gostos musicais e por onde eu gosto de passar com as levadas e batidas das músicas.
Em que momento você sentiu que havia necessidade de um parceiro, no caso, uma parceira, para enriquecer a ideia inicial?
Nos dois primeiros trabalhos, tive parceria com vocais femininos. No primeiro, foi com a Uyara Torrente, da Banda Mais Bonita da Cidade, e no segundo foi com a Roberta Campos. Sempre adorei esse tipo de contraste que dá e achei que era necessário ter isso no disco todo pro “Transbordar”. Daí, como eu já conhecia a Anna e sabia que ela escrevia, foi natural fazer o convite e ter ela comigo no trabalho todo.
Os dois primeiros “capítulos” do projeto tiveram boa aceitação junto ao público gaúcho. Você acredita que já está conseguindo ultrapassar as fronteiras do Estado?
Com certeza. Como o projeto nasceu na internet, a coisa já anda pelo país todo sem muita regra, né? O segundo show do projeto foi em São Paulo, então eu já sabia que estava rolando bem pra todo Brasil. Em três meses após ter lançado o primeiro livro, esgotei a prensagem só em vendas pelo meu site. E o mais estranho é que o lugar que mais vendeu foi o Rio de Janeiro, e não Porto Alegre. [Risos]
Como foi a experiência de se apresentar no South by Southwest?
Foi surreal. O show foi ótimo, num lugar lindo, e havia pessoas lá que foram pra ver o show d’O Amor Existe. Não tem dinheiro no mundo que pague chegar em um país desconhecido e encontrar pessoas que conhecem a tua música e teus textos. Foi algo que me acrescentou muito como músico e pessoa. Com certeza, voltarei pra lá.
O videoclipe do single de “Transbordar”, “O Amor Existe”, causou polêmica ao mostrar cenas fortes de um casal, interpretado por você e pela Anna Sofya, sendo torturado. A ideia foi realmente chocar?
Sim. Queríamos fazer algo totalmente inesperado pelo nosso público, ainda mais sabendo que teríamos uma exposição nacional. A ideia era ir até o extremo da metáfora do “passamos por muitas dificuldades, mas quando o amor é de verdade ele supera”. Já ouvi isso de muitas pessoas, então quis que fosse algo totalmente explícito e impactante pras pessoas.
Você e a Anna pretendem rodar o Brasil apresentando o novo trabalho?
Com certeza. Seguimos pra São Paulo, no dia 30, Taquara (RS), no dia 13, e Porto Alegre, no dia 15. E ainda tem um tour no Nordeste se desenhando para junho. O “Transbordar” vai rodar bonito neste ano!
– Marcos Paulino é editor do caderno Plug (www.mundoplug.com), da Gazeta de Limeira.