por Marcelo Costa
Em 2012, Stela Campos fez uma varredura em seu baú de fitas K7 atrás de canções que ficaram abandonadas durante os anos e, junto com algumas músicas novas, selecionou 33 canções que foram apresentadas aos músicos que estavam trabalhando com ela naquele momento. Desse grupo, 11 foram retrabalhadas e ganharam lançamento no álbum “Dumbo”, que ganhou versão em vinil, e outras seis apareceram no EP “Monday Morning” (2014).
Das 17 músicas lançadas em “Dumbo” e “Monday Morning”, 9 ganham nova vida agora no álbum “Dumbo Reloaded” (2015), que conta com 11 remixes assinados por DJs e produtores como Adriano Cintra, Aldo The Band, Dada Attack, XRS Land e Pedro Angeli, entre outros. “O resultado foi surpreendente para mim. Não eram remixes simples. Algumas intervenções foram bastante autorais”, conta Stela em conversa com o Scream & Yell.
Para marcar o lançamento do álbum, já disponível em versão digital nos principais players do mercado, Stela Campos aceitou uma sugestão de Adriano Cintra e mandou fazer uma versão em fita cassete no Canadá. “O resultado ficou ótimo. Meu primeiro trabalho em uma fita cassete original, cor de rosa, linda! Muita emoção!”. Para saber um pouco sobre o processo de “Dumbo Reloaded”, enviamos três perguntas para Stela Campos.
Vou ser sincero, Stela: eu nunca esperaria um disco de remixes de você (risos)! Como surgiu a ideia? E o que você acho do resultado, afinal, é o seu trabalho revisto, né?
A ideia surgiu do Érico Theolbaldo (DJ Periférico). Ele fazia parte da minha banda em 2002, na época do show do disco “Fim de Semana”, que tinha também o Fernando Catatau na guitarra, o Rian Batista no baixo e o Maurício Takara na bateria! Perdemos o contato por muitos anos, cada um tocando seus projetos, até que o Érico ouviu o álbum “Dumbo” (2013) e decidiu fazer o remix da música que dá título ao disco. Ele me mostrou, eu adorei, daí ele me pediu para organizar um disco de remix com outros DJs. Eu dei a ele as pistas abertas do álbum e ele fez os convites. O bacana é que foi tudo muito rápido, alguns produtores nem conheciam o meu trabalho, mas gostaram e toparam fazer na hora. O resultado foi surpreendente para mim. Não eram remixes simples. Algumas intervenções foram bastante autorais e incluíram a gravação de instrumentos e até a mudança de registro vocal ou a criação de novos refrões, mas tudo com um refinamento impressionante. Todas são bastante respeitosas em relação à versão orginial. Fiquei bem contente com o que ouvi, embora estranhasse um pouco no começo. Foi uma honra reunir tantos artistas legais em um projeto coletivo. Estão no álbum o Adriano Cintra, o pessoal do Aldo The Band, Eat Beat Repeat, XRS Land, Marco Blasquez & Holocaos, Dada Attack, Marcel Dadalto e o Stereoleo. Nunca imaginei que “Dumbo”, um disco mais associado ao folk psicodélico, pudesse ganhar versões eletrônicas, mas acho que no fim essa improbabilidade é que faz com que “Dumbo Reloaded” soe tão original.
Se o “Dumbo” realizava o sonho de ter um disco em vinil, essa versão “Reloaded” faz o mesmo pelo K7. Por que a opção pelo formato? Pra variar, a arte é um capricho…
A ideia da arte era que ela fosse também um remix da capa original, o que acabou sendo feito pela própria artista do “Dumbo”, a Juliana Pontual. O formato fita cassete foi uma ideia que tivemos como alternativa ao vinil que em tempos de crise custa muito caro e também porque achamos que o formato CD está bastante desvalorizado. A fitinha vem com um código para download das músicas e, além disso, serve como um objeto de colecionador. Para onde mais poderíamos regredir? rs! O Adriano Cintra sugeriu que fizéssemos o cassete em uma fábrica do Canadá. O Érico ia fazer um show por lá e ficou encarregado de trazê-las para o Brasil. Foi uma aventura. O resultado ficou ótimo. Meu primeiro trabalho em uma fita cassete original, cor de rosa, linda! Muita emoção!
Como trabalhar a divulgação de um disco de remixes? Vai rolar show? Vai rolar set? Quais os planos para trabalhar o “Dumbo Reloaded”?
A ideia é espalhar pelo mundo! Essa capilaridade de termos vários artistas reunidos em um mesmo projeto vai fazer com que esse trabalho chegue a circuitos aonde meu trabalho sozinho não chegaria. Com cada produtor ajudando a divulgar, vamos ganhar outros públicos. É uma somatória onde todos podem sair ganhando. Eu, Érico e Pedro Angeli do Eat Beat Repeat e Léo Monstro já fizemos algumas músicas do “Dumbo Reloaded” no programa Showlivre. Estamos organizando uma apresentação, logo mais dizemos como e quando faremos isso. Estamos bem animados para ver como ficará todo mundo junto ao vivo.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne
Leia também:
– Entrevistão (2010): Stela Campos e Lulina conversam com o Scream & Yell (leia aqui)
– Três perguntas (2013): “Sou uma colecionadora de discos à moda antiga”, diz Stela (leia aqui)