Boteco: Três cervejas da Urbana (parte 3)

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por Marcelo Costa

Lançada em março de 2015, a irreverente Urbana Fio Terra é uma Single Hop Orange IPA com um toque (ui) de laranja, que entra (ui) na receita em forma de farinha feita com a casca da fruta e adicionada tanto na brasagem como na maturação. O único lúpulo da receita é o norte-americano Amarillo e a cerveja foi produzida na fábrica da Blondine, em Itupeva, São Paulo. De coloração âmbar alaranjada com creme levemente alaranjado de boa formação e média baixa permanência, a Urbana Fio Terra apresenta um aroma que equilibra notas cítricas (laranja em destaque) com uma suave presença resinosa enquanto o malte faz a base e alguma especiaria (pimenta) chama a atenção. Na boca, textura picante. O primeiro toque traz cítrico e resina, que reforçam o amargor (70 de IBU não exagerados) e abrem o caminho para um conjunto agradável, com bastante sugestão cítrica, resina sem excesso e leve doçura maltada. O final é condimentado e levemente amargo. No retrogosto, cítrico e amargor. Boa American IPA.

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Parceria da Urbana com a Blondine produzida e elaborada especialmente para o Delirium Café São Paulo, a Trimiliqui é uma Belgian Strong Brown Ale de 8.3% de álcool e 40 de IBU. A receita choca maltes ingleses e com levedura trapista belga. De coloração marrom com creme bege de ótima formação e longa permanência, a Trimiliqui apresenta um aroma bastante maltado sugerindo frutas escuras (ameixa, nozes), doçura (caramelo, açúcar mascavo, baunilha) e leve toffee. Há percepção de álcool e condimentação. Na boca, textura é picante. O primeiro toque traz doçura de açúcar queimado com (se tiver sendo servida na temperatura correta) calor de álcool, que turbina o amargor abrindo o caminho para um conjunto bastante frutado (ameixa, uva passa e nozes), doçura caprichada (sem enjoar) e álcool presente, sem assustar. Os 40 de IBU são imperceptíveis numa cerveja que termina (longamente) frutada e doce enquanto o retrogosto reafirma frutas escuras e doçura. Bela cerveja.

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Fechando o trio, uma colaborativa da Urbana com a Serra de Três Pontas (a melhor cervejaria artesanal da cidade de São Paulo), Bad Ass, uma receita que começou com a ideia de ser uma Double IPA, mas recebeu malte defumado na hora da brasagem, tornando-a mais intensa. De coloração âmbar alaranjada com creme branco alaranjado de boa formação e permanência, a Bad Ass Smoked IPA apresenta uma aroma intensamente lupulado e bem pouco defumado. Há muito frutado cítrico e tropical (maracujá, laranja e mamão) sob uma base suave de doçura caramelada. O defumado é tímido, mas pode ser percebido, acrescentando ao aroma menos do que se espera. Na boca, textura picante. O primeiro toque traz rápida doçura atropelada no segundo seguinte por uma porrada intensa de amargor cítrico honrando os 80 de IBU. O defumado se faz mais presente, mas, ainda assim, fica em segundo plano, soterrado por amargor e resina. O final é amargo, bem amargo. No retrogosto, cítrico, leve resina e mais amargor. Muito boa.

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Balanço
A irreverente Urbana (de cervejas como Prima Pode e Gordelícia) retorna com Fio Terra, uma boa American IPA paulistana, mas o toque frutado podia ser mais intenso. Já a Trimiliquii, uma Belgian Dark Strong Ale que saiu com uma Medalha de Ouro no 3º Concurso Brasileiro de Cervejas em Blumenau, 2015, é uma cerveja caprichada, ainda que o mercado brasileiro esteja bem abastecido de boas cervejas belgas do estilo. Fechando o trio, a boa parceria da Urbana com a Serra de Três Pontas, Bad Ass, que não tem quase nada de Smoked IPA (quem for atrás disso irá se decepcionar), mas é uma baida Double IPA, de responsa. Para colocar sorriso no rosto de lupulomaniacos.

Urbana Fio Terra
– Estilo: American IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 6%
– Nota: 3,30/5
Preço pago em São Paulo: R$ 16 por 300 ml

Urbana Trimiliqui
– Estilo: Belgian Golden Strong Ale
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,3%
– Nota: 3,34/5
Preço pago em São Paulo: R$ 16 por 300 ml

Urbana Bad Ass
– Estilo: Double IPA
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 8,5%
– Nota: 3,89/5
Preço pago em São Paulo: R$ 19 por 300 ml

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Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
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