por Adriano Costa
Exibida com sucesso entre os anos de 1999 a 2007, a série “The Sopranos” (“Família Soprano” no Brasil) deixou saudades. Com uma qualidade até então nunca vista na televisão (e, ainda hoje, difícil de ser igualada), as seis temporadas mostravam o mafioso Tony Soprano entre o amor e a fúria enquanto cuidava dos seus negócios escusos. O braço direito e conselheiro de Anthony “Tony” Soprano, personagem interpretado magnificamente por James Gandolfini, era Silvio Dante, marcante com suas caretas, gestos e frases.
Silvio Dante era responsabilidade do ator Steven Van Zandt, que, entre outras coisas, é o hábil guitarrista da E Street Band, grupo que acompanha Bruce Springsteen durante anos e anos por gravações e turnês mundo afora. Passado algum tempo após o fim de “The Sopranos”, Steven Van Zandt retornou para a vida de ator com personagem central de “Lilyhammer”, primeira série original do Netflix, aqui em parceria com um canal de tevê da Noruega. A primeira temporada estreou em 2012, e vieram na sequencia a segunda (2013) e a terceira (2014).
Criada por Anne Bjornstad e Eilif Skodvin e produzida pelo próprio Steven Van Zandt, “Lilyhammer” conta a história de Frank Tagliano (Van Zandt), um mafioso de Nova York que, depois de depor contra a máfia, entra no programa de proteção a testemunhas do governo. Com tantas cidades e lugares para escolher, ele resolve se esconder e recomeçar a vida na pacata cidade que empresta nome à série, devido ao fato de ter acompanhado pela televisão os jogos olímpicos de inverno que aconteceram lá em 1994.
Nesta serena cidade, Frank Tagliano vira Giovanni Henriksen, um imigrante em busca de um novo começo. O choque de cultura e de pensamento fica logo evidente nos primeiros episódios, o que irá proporcionar grandes momentos nas três temporadas. “Lilyhammer” é, em sua essência, uma comédia com fortes tons de escracho, politicamente incorreta, humor corrosivo e sem muitas concessões. Quando ela abraça definitivamente os jeitos e trejeitos de mafioso do personagem principal se torna ainda mais engraçada e cáustica.
E isso se dá mais no segundo ano, onde até brincadeiras e referências com “Família Soprano” passam a ser permitidas, como o ingresso de Tony Sirico (o “Paulie”) como um irmão padre de Tagliano. Na terceira temporada, em que até o Brasil (mais especificamente o Rio de Janeiro) atua como coadjuvante, “Lilyhammer” se perde um pouco e baixa o nível de qualidade, devido principalmente a inclusão de novos personagens sem tanto carisma quanto os anteriores – como o Torgeir Lien (Trond Fansa).
Ainda assim, a história de Frank Tagliano é uma boa pedida para quem gosta de mafiosos, comédia e humor fora do convencional. Com todas as temporadas disponíveis no Netflix (que, na sequencia, estrearia outras séries de sucesso: “House of Cards”, “Orange Is the New Black” e “BoJack Horseman” à frente), “Lilyhammer” é indicada para aqueles dias ou noites em que pensar muito não está nos planos e apenas uma boa sequencia de risadas serve de alento. E, de bônus, tem até Bruce Springsteen aparece fazendo um pequeno papel na terceira temporada.
– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop
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