Não sei o que escrever. Talvez nunca soube, o que deixa no ar uma sensação de que caminho todo o tempo no escuro tateando o próximo passo, pisando em buracos, e, como o personagem de Bill Murray no genial “Feitiço do Tempo”, aprendendo aos poucos – e muito devagar – com os próprios erros.
Não posso reclamar. Nem da dor de estomago. Sei que colho o que plantei, mas as coisas poderiam ser mais fáceis, não? No fundo, mesmo sendo bom (ou, ao menos, tentanto), há sempre a expectativa da recompensa, e isso é intrínseco ao ser-humano. Não que você espere um bilhete premiado, mas, catzo, qual a vantagem de ser bom se tantos canalhas se dão melhor?
Talvez, dormir sossegadamente quanto recostar a cabeça no travesseiro, algo que, definitivamente, não conseguirei fazer hoje. Melindres, medos e receios. Bata tudo no liquificador junto com duas taças de vodka, duas cerejas e uma azeitona sem caroço. Deve ficar bom. Deve.
Talvez o grande problema de estar vivo resulte exatamente da busca no sentido disso. Existe sentido? A vontade de fugir é imensa. A vontade de se esconder, também. A vontade de descansar cansa. É tudo ao mesmo tempo agora e, na verdade, é tudo algema. Quem pensamos que somos. Quem penso que sou? Somos todos ninguém. Todos.