Boteco: da Antuérpia, duas cervejas da De Koninck

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por Marcelo Costa

A Brouwerij De Koninck é uma cervejaria fundada em 1833 na Antuérpia, Bélgica, e foi conduzida pela família até 2010, quando foi adquirida pela Duvel Moortgat Brewery – embora faça parte do conglomerado, a De Koninck mantém uma diretoria autônoma dentro do grupo. O rótulo mais famoso da casa (que produz mais de 20 cervejas) é a De Koninck 5%, uma Belgian Ale de coloração âmbar e creme bege de excelente formação e permanência. No ótimo aroma, malte e levedura se destacam em notas adocicadas que remetem a caramelo, frutas escuras e um suave condimentado, e quase não se percebe o lúpulo Saaz presente na receita (no site oficial, a cervejaria faz questão de salientar que não há nem milho nem açúcar na fórmula). No paladar, a doçura do malte novamente se destaca (caramelo, frutas escuras e um toque resinoso que remete a amadeirado) com uma leve sugestão herbal e um toque quase imperceptível de acidez proveniente da levedura. O final começa com um amargor muito leve, que é atropelado pelo dulçor – ainda que comportado – e retorna no retrogosto, um pouco mais melado. Uma bela cerveja de excelente drinkability.

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A De Koninck Triple d’Anvers, por sua vez, é uma homenagem da cervejaria a cidade que a abriga. A receita traz lúpulo Saaz, combinação de malte Pale Ale e Caramalt, e nenhuma adição de especiarias. De coloração que fica entre o dourada e o âmbar claro, a De Koninck Triple d’Anvers exibe uma espuma branca de ótima formação e permanência. No aroma, a força da levedura belga chega a fazer cócegas no nariz (como champagne), distribuindo acidez e uma leve sugestão de condimentado que combina com o caramelado caprichado do malte. Aqui, o lúpulo Saaz parece mais presente do que na versão De Koninck 5% resultando em notas frutadas puxando para o cítrico (maçã verde e abacaxi mais banana) e para o herbal (erva-doce e grama). No paladar, o corpo é médio e a textura, frisante. A levedura domina o perfil e, reforçada pelo amargor do lúpulo Saaz, sugere condimentação (semente de cravo), mas não esconde o malte, cuja bela presença remete a cereais e cevada. O final junta isso (cereais, condimentação, amargor e acidez) e premia o bebedor enquanto o retrogosto traz calor, frutado e leve amargor. Bela surpresa.

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Balanço
Na contramão da escola alcoólica que fez a fama de seu país, a De Koninck 5% lembra uma Dubbel sem a força do álcool, o que facilita o drinkability e a sugestiona como companhia para diversos pratos em que o bebedor não quer sair da mesa vendo elefantes rosas. Nesse ponto, a De Koninck 5% é uma excelente session beer belga, que perde em sabor se comparada às cervejas de abadia clássicas, mas ganha em manter o bebedor em pé por mais tempo. Uma boa alternativa para quem quer beber uma boa cerveja belga, mas não ficar bêbado com duas garrafinhas. Já a De Koninck Triple d’Anvers é uma surpresa, pois parece um (delicioso) choque entre Weiss e/ou witbier com a tradição das triple belgas. É frutado, condimentado e alcoólico que deixam o freguês sorrindo. Uma bela cerveja vinda da Antuérpia.

De Koninck 5%
– Produto: Belgian Ale
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 3,06/5

De Koninck Triple d’Anvers
– Produto: Belgian Triple
– Nacionalidade: Bélgica
– Graduação alcoólica: 8%

– Nota: 3,60/5koni3.jpg

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