Discos do Ano #01
Yo La Tengo e a benção do tempo
por Cristiano Castilho
Artista – Yo La Tengo
Álbum – “Fade”
Lançamento – 15/01/2013
Selo – Matador Records
Prestes a se tornar uma banda jurássica, com 30 anos nas costas – anos indies pesam mais -, o Yo La Tengo se recria com elegância em “Fade”, ao promover pitadas orquestrais em seu noise pop de primeira. Mesmo reduzidos diante de uma gigantesca e exuberante árvore que aparece na capa de seu 13º disco, o álbum do trio de Nova Jersey parece dar um alô com autoridade para (boas) bandas que seguem por essa trilha, tortuosa e delicada, caso de Real State e Beach House.
Ira Kaplan, Georgia Hubley (são um casal) e James McNew seguem com a manha de subverter melodias pop em delicados minimalismos psicodélicos. Equilibrado e de tiro curto (o disco tem 46 minutos) este é o trabalho mais consistente desde “Summer Sun” (2003). Destaque para “Ohm”, um quase mantra com letra de quem já sabe o que quer e revela os perigos incontornáveis da passagem do tempo (“Sometimes the good days fade/ But the rain today hurts the head to dream”). Não há segredos no melhor álbum de 2013 até agora: são 10 lindas e refinadas canções, com uma esquisitice instrumental aqui e um ruído ali. Porque a vida é assim também, o tempo nos mostra.
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Cristiano Castilho (@criscastilho) é um jornalista curitibano nascido no mesmo dia em que George Harrison, e gosta tanto de Arrigo Barnabé quanto de Smiths. Responsável pela coluna Pista 1, no jornal Gazeta do Povo
Semanalmente teremos um convidado no Scream & Yell escrevendo sobre o disco do ano
Especial Melhores de 2013:
– Disco do Ano #2: “Random Access Memories”, do Daft Punk, por Rodrigo Levino (aqui)
– Disco do Ano #3: “…Like Clockwork”, do QOTSA, por Mariana Tramontina (aqui)
– Disco do Ano #4: “Shaking the Habitual”, do The Knife, por Tiago Ferreira (aqui)
– Disco do Ano #5: “The Next Day”, de David Bowie, por Carol Nogueira (aqui)
– Disco do Ano #6: “Nocturama”, de Nick Cave & The Bad Seeds, por Gabriel Innocentini (aqui)
– Disco do Ano #7: “Dream River”, de Bill Callahan, por João Vitor Medeiros (aqui)
– Disco do Ano #8: “Foi No Mês Que Vem”, de Vitor Ramil, por Thiago Pereira (aqui)
– Disco do Ano #9: “Tooth & Nail”, de Billy Bragg, por Giancarlo Rufatto (aqui)
– Disco do Ano #10: “13?, do Black Sabbath, por Marcos Bragatto (aqui)
– Disco do Ano #11: “Estado de Nuvem”, de Bruno Souto, por José Flávio Júnior (aqui)
Mal posso esperar para ouvir esse disco com calma e atenção. O texto me fez lembrar da apresentação da banda no SWU de 2010, em Itu. Fiquei muito triste com o comportamento das pessoas que vaiaram o Yo La Tengo. O que esperar de fãs de Avenged Sevenfold e Linkin Park, gente que mal sabe o que é música de verdade? O melhor é deixá-los quebrar a cara com o passar do tempo; tempo que talvez traga alguma sabedoria para essa gente.
Verdade, foi triste mesmo. O show foi interrompido e eles saíram putos do palco. Mas acho que a cagada foi da organização, ao colocar o YLT antes de Linkin Park. Coerência, né.
Já comprei inúmeros discos por causa de suas capas, geralmente o conteúdo musical de capas bacanas não me decepciona. Aconteceu isso com esse disco do Yo La Tengo, banda que sempre me foi recomendada por vários amigos, mas que até janeiro desse ano eu nunca tinha ouvido um disco inteiro.