por Marcelo Costa
Neste segundo passeio pela cervejaria responsável por alguns dos mais belos rótulos encontrados nas prateleiras, mais cinco cervejas. Ok, você está observando seis na foto, mas é que Rogue Red Fox Amber Ale é a versão de importação para o Oriente da Rogue American Amber Ale. Então, colocando ordem na casa, temos duas versões em garrafas de 600 ml (Rogue MoM Hefeweizen with Rose Petals e Rogue Dad’s Little Helper Black IPA, as duas numa faixa de preços entre R$ 36 e R$ 40) e três em garrafas de 355 ml: Saint Rogue Red Ale Dry Hopped, Rogue Juniper Pale Ale e Rogue Juniper Pale Ale. Juntando ao primeiro grupo somamos 10 Rogues neste espaço. Mas ainda falta muito… No entanto, nada de chorar pela cerveja que ainda não bebemos. Abaixo, mais Rogue.
No belo rótulo, uma matriarca levanta um brinde de cerveja com uma rosa vermelha nas mãos. Não é à toa. Com dois tipos de malte (Trigo e Great Western), apenas um de lúpulo (Sterling) mais água de rosas, pétalas de rosas (da cidade de Eugene, no Oregon) e mel, a Rogue MoM Hefeweizen with Rose Petals é uma surpresa. De cor dourada e cristalina, e boa espuma, a MoM Hefeweizen with Rose Petals traz no aroma notas florais tão intensas que a sensação é de que a garrafa foi aberta dentro de um jardim. Os maltes ainda trazem para o conjunto notas de trigo e biscoito. De corpo e textura leves, o paladar replica a sensação do aroma com as rosas dominando a atenção, mas aqui o lúpulo surge de forma perfeita colocando uma boa dose de amargor logo após a primeira sensação floral, embora o retrogosto volte a priorizar as rosas numa cerveja altamente refrescante e de alto drinkability.
Com três tipos de malte (Great Western, Carastan e Crystal) e outros três de lúpulo (Chinook, Perle e Centennial), a Saint Rogue Red Ale Dry Hopped, medalha de ouro no World Beer 2011, é mais uma American Amber Ale do pessoal de Oregon, e, ouso dizer, a melhor. Boa parte do mérito deve-se ao fabuloso dry hopped, que deixa o aroma dessa santinha espetacular. A cor é cobre avermelhada, e a espuma, belíssima. No aroma, divino, traz notas frutadas e cítricas (um pouco de maracujá aqui, um pouco tangerina ali) surgidas do dry hopped. O malte tostado preenche a cota restante do olfato com doses generosas de caramelo. No paladar, os lúpulos fazem uma festa cítrica distribuindo notas de cascas de limão e maracujá enquanto o malte, querido de todas as Amber, aparece em segundo plano apenas balanceando o conjunto. O retrogosto, adivinhe, é… amargo. E cítrico. E levemente maltado. Uma delicia.
Na sequencia, com quatro tipos de malte (Maier Munich, Crystal, Triumph, C-15 e Great Western), três de lúpulo (Styrian Golding, Amarillo e Perle) mais adição de zimbro, planta comumente utilizada no preparo do gim, surge a Rogue Juniper Pale Ale. Na taça, o liquido de cor âmbar, totalmente turvo, exibe uma bela espuma de ótima permanência – padrão de qualidade Rogue. No aroma, a união de lúpulos com o zimbro cria notas que valorizam o herbal (pinheiros) e o cítrico (limão e casca de laranja) com uma leve sensação metálica e condimentada. No paladar, o amargor e a acidez dominam o conjunto causando certa adstringência, e também proporcionando refrescância. O zimbro reina sobre as papilas, amarrando o céu da boca enquanto é cortejado pelos lúpulos, que fazem um belo trabalho. O final é seco, e o retrogosto reforça o uso do fruto pouco habitual. Interessante.
No caso da Rogue Buckwheat Ale, o rótulo em japonês já chama a atenção (há ainda uma versão norte-americana do rótulo). O motivo principal é a inclusão de trigo-sarraceno, um tipo muito utilizado na cozinha japonesa, em sua fórmula, que ainda traz três tipos de malte (Pale Ale, Munich e Carastan) mais lúpulo Crystal. No taça, uma cerveja dourada e quase cristalina exibe uma bela formação de espuma. No aroma, a força do trigo-sarraceno é marcante e remete inicialmente a arroz e cereais, mas logo se desdobra em notas frutadas (abobora), herbais (grama), florais e adocicadas (mel). O paladar, levíssimo, é novamente tomado pelo trigo-sarraceno, que aplica doçura no primeiro ataque, mas, na sequencia, há percepção de abóbora, mel e um amargor interessante balanceando o conjunto. O retrogosto distribui bem as notas de amargor, doçura e acidez em uma cerveja levíssima (apenas 2,9%) e interessante.
Para fechar este segundo passeio pelo cardápio da Rogue, já que começamos o post com uma mãe, nada mais correto do que fechar com um pai: eis a Rogue Dad’s Little Helper Black IPA, uma cerveja especial para… o Dia dos Pais. Isso mesmo. São quarto tipos de malte (Great Western, Malteries Franco-Belges Carawheat, Weyermann Melanoidin, Wyermann Carafe Special II) e três de lúpulo (Newport, Chinook e Cascade) resultando em uma cerveja escura, apesar de exibir feixes claros no fundo da taça. O creme formou bonito e manteve a persistência. No aroma, apesar da intensidade de tons do malte torrado, é a alta carga de lúpulo que chama a atenção com uma sensação forte de notas cítricas, que se juntam aos tradicionais aromas de chocolate e café. No paladar, uma porrada de amargor com um leve acidez e sensação de salgado. Doçura passou longe da taça. O final é seco, mas o retrogosto não deixará você esquecer o malte torrado e os lúpulos: haja amargor. Para apaixonados.
Rogue Mom Hefeweizen with Rose Petals
– Produto: American Wheat
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,95/5
Saint Rogue Red Ale Dry Hopped
– Produto: American Amber Ale
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 5,3%
– Nota: 3,81/5
Rogue Juniper Pale Ale
– Produto: American Pale Ale
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 5,9%
– Nota: 3,03/5
Rogue Buckwheat Ale
– Produto: Spice / Herb/ Vegetable Beer
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 2,9%
– Nota: 3,04/5
Rogue Dad’s Little Helper Black IPA
– Produto: Black IPA
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 7%
– Nota: 3,65/5
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