por Marcelo Costa
Uma das melhores noticias do sofrido cenário musical brasileiro nesta década foi a volta do DeFalla, cultuada banda gaúcha que enlouqueceu meio mundo no final dos anos 80 com uma mistura esquizofrênica de rock, funk, hard rock, glam, rap, hardcore, Miami Bass e barulho, não necessariamente nessa ordem, e seguiu os anos seguintes aumentando o repertório de maluquices. Os dois primeiros discos – “Papaparty”, de 1987, e “It’s Fuckin’ Borin’ to Death”, de 1988 – são obras-primas do rock nacional que conquistaram quem arriscou ouvi-los. Também são os únicos dois discos com a formação clássica: Biba Meira, Castor Daudt, Edu K e Flu.
A baterista Biba Meira saiu logo depois destes dois primeiros álbuns e o trio restante gravou um ao vivo independente pornográfico e hard rock (“Screw You!”, 1989), um disco de trash metal (“We Give a Shit! (Kickin’ Ass for Fun)”, 1992) um sensacional álbum de crossover (“Kingzobullshitbackinfulleffect92”, 92), um disco sem o maluco de carteirinha Edu K (“D.Fhala Top Hits”, de 1995) e um flerte com o Miami Bass (nessa altura só com Edu K da formação original) que rendeu o maior hit da história da banda, a faixa “Popozuda Rock’n Roll” (e trazia versões de “Freak Le Boom Boom”, da Gretchen, “Feiticeira”, de Carlos Alexandre, e “Ilarie”, de você sabe quem).
Os primeiros shows de retorno com a formação clássica foram em 2011, e o DeFalla não decepcionou. Em Belém, no Festival Se Rasgum 2011, o quarteto tocou um repertório com boa parte das canções dos dois primeiros álbuns – “Sodomia”, “Não Me Mande Flores”, “Papaparty”, “Melô do Rust James”, “Jo Jo”, “Sobre Amanhã”, “Repelente”, “It’s Fuckin’ Borin’ to Death” – além da fodaça “Caminha (Que Aqui é de Osasco)”. Alguns meses depois, numa manhã de Virada Cultural em São Paulo, o repertório foi mais funk com versões hip hop chapadas de “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Help”, “Whole Lotta Love” (mixada com “Como Vovó Já Dizia”, de Raul Seixas) e “Sossego”. A química desta volta deu tão certo que o grupo decidiu gravar um novo álbum, afinal, o mundo precisa de um novo disco do DeFalla.
Como se deu esse reencontro da formação original?
O Leandro “Lelê” Bortholacci, dono da Olelemusic, teve a ideia de convidar a formação clássica do DeFalla (Biba, Castor, Edu e Flu) para tocar o nosso primeiro LP (“Papaparty”, de 1987) no projeto “Discografia do Rock Gaúcho”, em maio de 2011. Foi no Beco, em Porto Alegre. A procura de ingressos foi tanta que tivemos de fazer duas sessões na mesma noite! Daí em diante choveram convites para shows no Brasil todo: de Brasília a Belém, passando por São Paulo e POA, claro. Essa volta nos animou bastante e começamos a cogitar fazer umas músicas novas!
Como surgiu a ideia de fazer o disco por crowdfunding?
Tivemos algumas propostas de selos e gravadoras para fazer um novo disco, mas não conseguimos acertar alguns detalhes. Como o DeFalla sempre foi uma banda de vanguarda e independente, mesmo no inicio quando contratada pela BMG-Ariola, decidimos apostar neste formato de patrocínio direto do consumidor, que tem tudo a ver com a gente!
Como estão indo os ensaios e o que você espera desse novo álbum do DeFalla?
Fizemos alguns ensaios para experimentar e nos surpreendemos com a quantidade de músicas que conseguimos criar. Foi tudo muito rápido e instantâneo, as músicas começaram a sair praticamente prontas! Eu acredito que este disco será um dos melhores do DeFalla, pois a banda está afiada e a química está melhor que antes. E temos agora uma experiência muito grande em todos os aspectos de gravação, produção e finalização de um álbum. Acho que é a hora perfeita! E o mundo precisa de um novo álbum do DeFalla, não acha??
One thought on “Três perguntas: DeFalla”